domingo, 15 de julho de 2007

Consumo de tabaco acelera declínio cognitivo

Um estudo holandês, publicado na revista científica Neurology, revela que o consumo de tabaco provoca um efeito acelerador no declínio das funções cerebrais, mostrando que a taxa de declínio cerebral dos idosos fumadores é cinco vezes mais elevada do que a daqueles que nunca fumaram.

O estudo, desenvolvido pelo Centro Médico Erasmus, em Roterdão, na Holanda, revelou também que este efeito é mais significativo nos fumadores do que nos antigos dependentes, já que no caso dos fumadores que deixaram o vício o declínio cognitivo abrandou bastante.

Os investigadores analisaram as funções cerebrais de 9209 dinamarqueses, franceses e holandeses, com 65 ou mais anos, através de um mini exame ao estado mental (MMSE), cujo resultado máximo são 30 pontos, sendo que um resultado inferior a 24 pode traduzir demência num estado inicial.

Os resultados do exame foram reveladores. Os idosos fumadores registaram um declínio cerebral de 0.16 pontos por ano, enquanto que a diminuição da função cognitiva dos idosos que nunca fumaram na vida ficou apenas pelos 0.03 pontos. De realçar foi também o resultados daqueles que já foram fumadores, mas que deixaram o vicio, que registaram um declínio cognitivo de 0.06 pontos, muito inferior ao resultado dos fumadores e ainda assim superior aqueles que nunca fumaram.

Facto assente é que o número de cigarros fumados e a longevidade do período de consumo, determina a progressão do declínio das funções cerebrais, pois quantos mais cigarros forem consumidos e o período de consumo prolongado, mais rapidamente se processa a perda destas funções.

O declínio cognitivo é apenas uma das muitas patologias associadas ao consumo de tabaco, como a aterosclerose e a hipertensão, aumentando o risco de ataque cardíaco e cancro do pulmão.

Inês de Matos

Fonte: Sol

“Colesterol bom” previne doença de Alzheimer

Fomentar os níveis de “colesterol bom” no organismo pode ajudar a prevenir o desenvolvimento da doença de Alzheimer, revela um estudo australiano apresentado no Congresso Mundial de Nurociência, em Melbourne.

A lipoproteína de alta densidade, ou HDL-colesterol, é vulgarmente denominada como "colesterol bom", por se acreditar que elimina o “colesterol mau” do sangue. Especialistas da Universidade Edith Cowan e da Fundação para a Investigação da Doença de Alzheimer observaram que as pessoas com uma presença elevada no organismo de HDL-colesterol têm tendência a possuir níveis mais reduzidos de uma proteína fortemente relacionada com a doença de Alzheimer.

A equipa de cientistas analisou, durante oito anos, as ligações entre o “colesterol bom” e esta forma de demência. O estudo examinou a memória e outras aptidões em 200 pessoas com funções cognitivas normais, com o objectivo de estabelecer uma relação entre o HDL-colesterol e as proteínas beta-amilóides, cujo excesso de libertação propicia o desenvolvimento de placas senis que, por sua vez, aumentam a probabilidade de desenvolver a doença.

Estudos anteriores já tinham demonstrado que este colesterol tinha capacidade para remover o LDL colesterol, ou “colesterol mau”, cujo excesso pode estar na origem de doenças cardíacas. Esta nova investigação sugere que aumentar os níveis de HDL-colesterol, o que pode ser feito através de exercício físico, da ingestão de vinho tinto e chocolate amargo, pode também ajudar na prevenção contra a demência senil.

A versão completa dos resultados desta investigação deverá ser publicada antes do final do ano, porém, Kristyn Bates, uma das responsáveis pelo estudo, afirmou que a pesquisa terá revelado que as pessoas com mais HDL colesterol, menos gordura corporal e melhor densidade óssea tinham melhores resultados nos testes cognitivos indicadores da doença. “O colesterol bom pode eliminar do corpo estas proteínas, por isso quanto mais elevado for o nível de HDL, menor é a probabilidade de ter beta-amilóides no sangue”, concluiu a investigadora.

Marta Bilro

Fonte: Herald Sun, The Australian, Pfizer, Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer.

Reportagem

Genéricos biotecnológicos mais perto do mercado norte-americano

Se é certo que os grandes laboratórios farmacêuticos, produtores de medicamentos de marca, há já algum tempo se defrontam com a introdução no mercado de semelhantes genéricos, as empresas de biotecnologia têm estado isentas dessa concorrência. Porém, a ausência de preocupações não deverá prolongar-se por muito mais tempo, uma vez que o Congresso norte-americano se prepara para autorizar a produção de versões genéricas de medicamentos biotecnológicos.

Os fármacos desenvolvidos pelas empresas biotecnológicas representam uma fracção do mercado farmacêutico em constante crescimento, o que significa que o valor que se poderia poupar com versões mais baratas é cada vez maior, alegam os produtores de genéricos. Algumas dessas empresas começaram por vender cópias de medicamentos biotecnológicos em países em vias de desenvolvimento, onde as patentes sobre as versões originais expiraram, ou nos quais a protecção das patentes é inexistente. No entanto, muitas das produtoras biotecnológicas que deverão ser mais afectadas pela medida encontram-se na Califórnia, entre as quais estão a Amgen e a Genentech, as duas maiores empresas biotecnológicas a nível mundial.

Alguns dos produtos de topo da indústria verão as patentes expirar dentro de sete ou oito anos, sublinham os analistas. Entre os principais exemplos estão o Aranesp (Darbepoetina alfa), da Amgen, utilizado no tratamento da anemia associada à insuficiência renal crónica, ou da anemia sintomática em doentes oncológicos, e o Rituxan (Rituximab), da Genentech, para tratar doentes com Linfoma não-Hodgkin.

Actualmente, os fabricantes de genéricos não podem comercializar cópias de produtos biotecnológicos nos Estados Unidos da América (EUA) por não existir qualquer processo de regulação específico da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drugs Administration - FDA) através do qual os genéricos possam ser aprovados. Para além disso, os medicamentos biotecnológicos são derivados de células vivas e normalmente dependem de um processo de produção com proteínas e moléculas biológicas complexas, cujas cópias representam um grande desafio tecnológico.

Esta é uma das armas utilizada pela indústria biotecnológica junto da FDA, afirmando que os pacientes poderão ser colocados em risco caso sejam autorizadas imitações imprecisas de medicamentos biotecnológicos que venham substituir os fármacos de marca. A indústria diz também que as empresas de biotecnologia precisam de garantir períodos de tempo livres de concorrência superiores aos cinco anos concedidos aos produtores de medicamentos convencionais, uma vez que o desenvolvimento de substâncias biotecnológicas envolve riscos mais elevados. Já para não falar do ritmo a que são feitas as novas descobertas, que poderia sofrer um grande abrandamento caso as empresas e os seus financiadores tivessem menos tempo para recuperar o investimento, considera a Organização da Indústria de Biotecnologia.

De acordo com dados da empresa de consultadoria IMS Health, as vendas de medicamentos biotecnológicos renderam, em 2006, mais de 29 mil milhões de euros, de um total de 199,45 mil milhões de euros gastos em medicamentos nos EUA.

A Genentech mostra-se disposta a apoiar os procedimentos da FDA caso sejam requisitados os testes necessários aos produtores de genéricos e fornecidos incentivos às empresas que desenvolvem novos fármacos, afirmou Walter Moore, vice-presidente do departamento de assuntos governamentais da empresa. Isto porque, por norma, não é exigido aos produtores de genéricos que repitam os ensaios clínicos realizados pelos produtores de medicamentos de marca, assumindo-se que estes vão funcionar com a mesma eficácia.

Neste momento, o debate está concentrado numa proposta de lei do Senado recentemente apresentada por um comité. A Competição do Preço de Biológicos e do Acto de Inovação 2007 é um compromisso bipartido entre os democratas Edward Kennedy do Massachusetts e Hillary Clinton de Nova Iorque, e os republicanos Orrin Hatch do Utah e Michael Enzi do Wyoming. A proposta de lei recebeu aplausos e críticas de ambos os lados. Se a lei que rege a produção de medicamentos convencionais garante a esses produtores direitos exclusivos de comercialização durante cinco anos, esta proposta de lei garantiria às empresas de biotecnologia 12 anos de exclusividade de mercado. Ainda assim, a indústria defende que o ideal seriam 14 anos.

Por sua vez, a Generic Pharmaceuticals Association, um grupo de vendas que trabalha para os produtores de genéricos, considera que a proposta de concessão de 12 anos de exclusividade é “arbitrária e excessiva”. Ao mesmo tempo, alguns dos defensores dos genéricos reconhecem que os medicamentos biológicos são mais difíceis de desenvolver do que os fármacos convencionais.

As empresas de biotecnologia mantêm a sua opinião salientando que as imitações de medicamentos biotecnológicos nunca poderão ser idênticas às substâncias de marca, que são produzidas através de bactérias ou células de mamíferos que foram geneticamente manipuladas para obter a molécula desejada. Algo a que os produtores de genéricos nunca terão acesso, referiu Rob Garnick, um executivo da Genentech responsável pelo controlo de qualidade de produção. Segundo o especialista, as empresas concorrentes poderão desenvolver as suas próprias linhas de células, mas a genética nunca será igual. É por isso que defendem que os produtores de genéricos deveriam ser obrigados a realizar ensaios clínicos para determinar a segurança e eficácia dos seus produtos para cada doença cuja indicação desejam que seja aprovada.

Esta é uma opção tida em conta na proposta de lei apresentada pelo Senado mas que, ao mesmo tempo, permite à FDA dispensar esse requisito. A administração Bush avisou o Congresso de que deveriam ser evitadas provisões que permitam que os biológicos genéricos sejam utilizados de forma a substituírem progressivamente os biotecnológicos de marca sem aconselhamento médico. Durante as próximas semanas, os membros de um comité de conferências do congresso deverão tentar elaborar uma nova proposta de lei no seguimento da anterior que tanto o senado, como a Casa Branca, possam aceitar.

Marta Bilro

Fonte: San Francisco Chronicle, The Wall Street Journal, Infarmed.

Família de Nogueira Prista doou espólio
Secção Regional do Porto inaugura biblioteca


A Secção do Porto da Ordem dos Farmacêuticos inaugura, na próxima quarta-feira, a sua biblioteca. A cerimónia oficial de abertura do novo equipamento, aberta aos profissionais do sector farmacêutico de todo o País, está agendada para cerca das 18 horas, nas instalações da secção regional.

A criação daquele espaço só foi possível graças ao generoso contributo da família de Luís Vasco Nogueira Prista, uma eminente figura da área farmacêutica, falecido em 2004, que doou todo o espólio que compõe a nova biblioteca. Nogueira Prista, nascido em 1925 no seio de uma família de Lisboa que deu origem a diferentes gerações de farmacêuticos, dedicou mais de 50 anos da sua vida à profissão. Após o bacharelato em Farmácia na antiga Escola Superior, na capital, rumou ao Porto, onde em 1948 se licenciou. Mais tarde concluiu o mestrado e ainda desempenhou as funções de presidente do Conselho Científico da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e da Comissão de Farmacopeia Portuguesa.

Carla Teixeira
Fonte: Ordem dos Farmacêuticos
Na sequência das eleições de 21 de Junho...
Colégios de Especialidade tomam posse na terça-feira


Os presidentes dos quatro Colégios de Especialidade da Ordem dos Farmacêuticos reeleitos na sequência do desejo expresso pela maioria dos farmacêuticos no voto depositado em urna no passado dia 21 de Junho tomam possa nesta terça-feira. A cerimónia está agendada para as 10 horas no Salão Nobre da sede da Ordem dos Farmacêuticos, em Lisboa.

As eleições do mês passado – que opuseram na corrida à liderança da Ordem dos Farmacêuticos Irene Silveira e Filomena Cabeça, acabando a primeira por se tornar a primeira bastonária –, ditaram, no que diz respeito aos colégios de especialidade, a manutenção dos mesmos rostos à frente das mesmas equipas: Franklim Marques continua assim na presidência do Colégio de Análises Clínicas, enquanto Manuela Machado prossegue na liderança do Colégio de Assuntos Regulamentares, Olga Freitas mantém-se à frente do Colégio de Farmácia Hospitalar, e Nuno Moreira garante continuidade no Colégio de Indústria Farmacêutica.

Carla Teixeira
Fonte: Ordem dos Farmacêuticos

Tinta ajuda cirurgiões a identificar células cancerígenas

Uma tinta de tumores desenvolvida por investigadores do Instituto de Pesquisa do Hospital de Crianças de Seattle e do Centro de Investigação de Cancro Fred Hutchinson promete ser uma ferramenta crucial para ajudar os cientistas a identificar, com precisão, o local onde começa e acaba cada tumor, iluminando as células cancerígenas.

A tinta, criada a partir da clorotoxina, uma propriedade presente no veneno de escorpião, pode melhorar o tratamento de muitos cancros, afirmam os especialistas. De acordo com o estudo publicado pelo “Cancer Research”, a tinta ajuda os cirurgiões a distinguirem as células cancerígenas e os tecidos saudáveis do cérebro, mesmo quando o número de células afectadas não ultrapassa as escassas centenas.

A clorotoxina Cy5.5 é um sinal molecular fluorescente que emite fótons num espectro de infra-vermelhos. Este método permitirá assegurar que os tecidos saudáveis não são danificados ou que algumas células cancerígenas não são deixadas no organismo durante a cirurgia, o que propicia a reincidência dos tumores. Esta descoberta é especialmente relevante no caso do cérebro, onde há 80 por cento de reincidência de tumores malignos.

No entanto, os especialistas advertem que são necessárias mais pesquisas para perceber porque é que a molécula apenas adere especificamente às células tumorais e para assegurar que não apresenta toxicidade para os seres humanos. A injecção da tinta em ratos permitiu aos investigadores identificar tumores no cérebro com apenas 1 milímetro de diâmetro sem que os tecidos cerebrais normais circundantes fossem iluminados pela substância. Este método é muito útil porque, actualmente, os cirurgiões têm que se concentrar na cor, na textura e no fornecimento de sangue para avaliar quais as células cancerígenas, e essas características podem ser muito subtis.

“Ao permitir que os cirurgiões identifiquem cancro que seria indetectável através de outros meios, podemos oferecer aos doentes melhores resultados”, salientou James Olsen, um dos autores da investigação. A maior ambição dos cientistas é tornar possível a utilização desta tinta num prazo de 18 meses. A tecnologia actualmente utilizada, como é o caso da ressonância magnética, permite distinguir os tumores dos tecidos saudáveis apenas na presença de mais de um milhão de células cancerígenas. Por sua vez, a Cy5.5 consegue identificar tumores com pouco menos de duas mil células cancerígenas, tornando-se 500 vezes mais eficaz que a ressonância magnética.

Marta Bilro

Fonte: BBC News, Channel4, PR Newswire.

Utilização simultânea do diafragma e preservativo não beneficia prevenção do HIV

Uma equipa de investigadores concluiu que a utilização do diafragma não provoca uma diminuição do risco da mulher poder contrair HIV, comparativamente aos casos em que apenas é utilizado o preservativo por parte do seu parceiro. Esta é mais uma desilusão numa longa lista de testes de prevenção do vírus que não têm sido bem sucedidos.

Um ensaio clínico aleatório, realizado em três locais de África, revelou que a taxa de infecção por HIV era a mesma quer a mulher usasse o diafragma e um gel ao mesmo tempo que o seu parceiro utilizava preservativo, ou quando a prevenção era feita só com o preservativo, refere o estudo orientado por Nancy Padian, da Universidade da Califórnia, em São Francisco.

Este ensaio, que procura métodos para melhorar a saúde reprodutiva em África, surge como uma tentativa de encontrar formas de prevenir a transmissão do HIV que, para além do preservativo, possam ser controladas pelas mulheres. Os investigadores acreditavam que os diafragmas poderiam ser uma mais-valia, uma vez que podem ser inseridos discretamente e também porque há alguns indícios de que eles impedem que o HIV atinja os tecidos especialmente vulneráveis do cervix.

O estudo analisou 4.928 mulheres HIV-negativas e sexualmente activas, às quais foi fornecido aconselhamento, antes e depois do ensaio clínico, acerca do HIV e das doenças sexualmente transmissíveis, sobre os testes de HIV, o tratamento das DST e aconselhamento intensivo sobre redução de riscos. Foi ensinado a todas as voluntárias o método de utilização do diafragma e do gel e distribuídos preservativos por ambos os grupos. Porém, 21 meses depois, da taxa de incidência de HIV era de 4,1 por cento no grupo de mulheres que tinham utilizado o diafragma, comparativamente aos 3,9 por cento do grupo que apenas utilizava preservativos.

Os cientistas salientam que o insucesso dos testes não deve desencorajar outras análises que permitam descobrir novos métodos de prevenção. “Os métodos femininos de controlo do HVI são urgentemente necessários”, destacam os especialistas, porque os únicos actualmente conhecidos e eficazes, a utilização do preservativo e a circuncisão, estão sob o controlo masculino. A investigação foi publicada na edição online do “The Lancet”.

Marta Bilro

Fonte: Med Page Today

Para garantir os direitos dos utentes
Médicos americanos fiscalizam farmácias online

A Associação Médica Americana (NMA na sigla em inglês, para National Medical Association) está a proceder a um acompanhamento rigoroso da actividade das farmácias online existentes nos Estados Unidos, publicando uma lista semanal de estabelecimentos virtuais cuja prática comercial e ética levanta dúvidas.

À luz das informações constantes num comunicado enviado ao farmacia.com.pt, a NMA disponibiliza semanalmente no seu site, em http://www.us-nma.com/, os resultados da ronda efectuada pelos seus especialistas, denunciando os causos de fraude e recomendando aos utentes que, antes de efectuarem qualquer compra através da internet, consultem o referido endereço electrónico, a fim de terem a noção exacta do tipo de farmácias virtuais que não devem visitar.
Na mesma nota a associação médica esclarece ainda que as formas mais comuns de fraude na venda de medicamentos online passam pela entrega de quantidades menores do fármaco ou de medicamentos contrafeitos, por atrasos consideráveis na satisfação das encomendas (de acordo com a NMA, há atrasos que chegam aos dois ou três meses), pela obtenção dos números e informações relativas a cartões de crédito sem qualquer envio posterior de medicamentos, pela venda de produtos não autorizados pelas entidades reguladoras e sobre os quais se sabe ainda muito pouco, ou pela ausência de licença de actividade.

Carla Teixeira
Fonte: Associação Médica Americana
Substâncias ototóxicas responsáveis por graves lesões
Automedicação pode causar surdez


A utilização indiscriminada de medicamentos e o recurso à automedicação, tão vulgarizados nas modernas sociedades, podem afinal encerrar riscos graves para a saúde dos doentes. O alerta parte de uma comissão de especialistas da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e dá conta da presença de substâncias ototóxicas em cerca de 60 fármacos, entre analgésicos, antibióticos e diuréticos, capazes de provocar tonturas, zumbidos e, nos casos mais graves, surdez total e permanente.

De acordo com Andréa Pires de Mello, perita do Comité de Doenças Ocupacionais daquela entidade, a administração prolongada de determinados medicamentos, em altas doses e sem prescrição e acompanhamento médicos, poderá provocar graves lesões, na maior parte das vezes irreversíveis, à cóclea e ao vestíbulo, as partes do ouvido humano que asseguram, respectivamente, a audição e o equilíbrio. A maior recomendação dos especialistas vai no sentido de evitar uma das práticas que está mais disseminada nas sociedades actuais: a automedicação.
Em grande parte dos países civilizados, os cidadãos tendem a tomar determinados medicamentos sem aconselhamento do seu médico ou de um farmacêutico, o que faz com que muitas vezes tomem comprimidos de embalagens antigas que tinham em casa, ou sigam os conselhos de familiares ou amigos que, numa dada altura, terão sofrido da mesma sintomatologia. Andréa Pires de Mello salienta que “o uso de antibióticos, por exemplo, deve ser restrito às infecções mais graves”. Apesar de a otoxicidade obedecer normalmente a uma predisposição genética, e de muitas vezes também não ser possível alterar a medicação de um doente na sequência do conjunto de sintomas que apresenta, a médica aconselha os cidadãos a evitar o recurso à automedicação.
O ácido acetilsalicílico, provavelmente o analgésico mais difundido a nível mundial, é um dos fármacos ototóxicos. O seu uso difundido e indiscriminado pode, por isso, suscitar o surgimento de surdez, embora neste caso o risco de perda auditiva seja quase sempre reversível e os efeitos colaterais se extingam nas 72 horas seguintes à sua toma. O mesmo não acontece, porém, com os antibióticos aminoglicosídeos, usados na prevenção e tratamento de infecções pós-operatórias, que podem trazer danos irreversíveis.

Carla Teixeira
Fonte: Terra.es