quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CHMP recomenda Betaferon nas etapas iniciais de esclerose múltipla

O Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA), recomendou a extensão da rotulagem do fármaco da Bayer AG, o Betaferon/Betaseron (Interferão beta-1b), para o tratamento da esclerose múltipla nas fases iniciais.

O CHMP apoia que a rotulagem da injecção de Betaferon indique que pode atrasar a progressão da incapacidade quando utilizado logo após o primeiro ataque da doença. O Betaferon demonstrou, num estudo, retardar o início de posteriores incapacidades quando é administrado aos primeiros sinais da doença debilitante, em comparação com situações quando o tratamento é adiado.

Especificamente, os resultados do estudo, denominado BENEFIT, demonstraram que o tratamento com o Betaferon pouco depois do primeiro evento clínico ou ataque de esclerose múltipla retarda o desenvolvimento da progressão contínua da incapacidade por mais de três anos em 40 por cento, quando comparado com tratamentos retardados. Nenhuma outra terapia para a esclerose múltipla demonstrou este efeito nesta população de pacientes iniciais. A Comissão Europeia normalmente aprova a decisão do comité num período de três meses.

O Betaferon, conhecido como Betaseron nos Estados Unidos e Canadá, foi o primeiro fármaco modificador de doença introduzido para a esclerose múltipla, e é um tratamento bem estabelecido em todo o mundo. Nos Estados Unidos, Europa e Japão, o Betaferon foi aprovado para todas as formas de reincidência da doença. 16 anos de seguimento de pessoas tratadas com Betaferon demonstraram que este é seguro e bem tolerado.

Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é uma doença crónica e progressiva que afecta o sistema nervoso central – o cérebro, medula espinal e nervos ópticos – e a probabilidade de incapacidade aumenta com o tempo que uma pessoa sofre da doença. O tecido gordo que envolve e protege as fibras nervosas perde-se, inibindo a sua capacidade de conduzir impulsos eléctricos. Contudo, a causa exacta da doença é desconhecida. Os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem ser imprevisíveis. Entre eles incluem-se: fadiga ou cansaço, visão turva, fraqueza numa ou mais extremidades, dormência, visão dupla, espasticidade, rigidez e sensação de membros pesados, dores, comichão, perturbações da bexiga e perturbações da fala.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Bloomberg, CNNMoney, PharmaLive, www.anem.org.pt

Pfizer e Adolor Corp desenvolvem dois novos analgésicos

A Pfizer Inc iniciou uma colaboração exclusiva a nível mundial com a Adolor Corporation para desenvolver e comercializar dois novos compostos analgésicos, para a artrite reumatóide e para o tratamento da dor aguda posterior a cirurgias dentárias.

Um dos fármacos da Adolor, que está mais avançado, o ADL5859, está em ensaios de Fase II para a dor associada à artrite reumatóide e à dor aguda após cirurgia dentária. Também estão planeados programas adicionais para o composto experimental em pacientes com neuropatia diabética periférica, e em pacientes com osteoartrite.

A Adolor espera começar os ensaios clínicos iniciais para testar o outro fármaco, o ADL5747, no primeiro trimestre de 2008. Contudo, a companhia não revelou para que condição será testado este fármaco candidato.

Ambos os produtos são conhecidos como agonistas do receptor opióide Delta, e têm o potencial de tratar um amplo leque de condições inflamatórias, neuropáticas e de dor aguda. Com base na avaliação pré-clínica em modelos animais, o agonista Delta pode demonstrar efeitos na dor inflamatória, entre outras condições dolorosas. Além disso, pensa-se que os agonistas Delta modulam outros processos biológicos que se podem manifestar em estados de doenças ou condições, tais como cardioprotecção, bexiga hiperactiva, e depressão.

Um dos três receptores opióides, o receptor Delta, tem utilidade potencial numa variedade de indicações, incluindo na modelação da dor. Através de uma plataforma de investigação registada, baseada em receptores opióides humanos clonados, a Adolor identificou uma série de novos agonistas Delta oralmente activos, ou seja, compostos que estimulam selectivamente o receptor opióide Delta. Os compostos Delta podem ter uma série de potenciais vantagens, incluindo um perfil de efeitos secundários melhorado, em comparação com os agonistas dos receptores de mu-opióides.

A Pfizer irá pagar inicialmente 32 milhões de dólares à Adolor, e até 233 milhões de dólares caso determinados objectivos sejam atingidos. Nos Estados Unidos, a Pfizer irá partilhar os lucros e as despesas com a Adolor numa proporção de 60/40. Fora dos Estados Unidos, a Pfizer irá financiar o desenvolvimento das actividades e a Adolor irá receber regalias sobre as vendas da Pfizer.

Isabel Marques

Fontes:
www.networkmedica.com, Reuters, Business Wire, www.bizjournals.com

Novartis planeia lançar quatro fármacos oncológicos até 2011

A Novartis AG espera lançar quatro novos fármacos oncológicos até 2011, podendo pelo menos um desses fármacos atingir vendas de mil milhões de dólares anualmente, segundo informa o "The Wall Street Journal".

A Novartis planeia relatar dados positivos do RAD001 relativamente à sua efectividade contra o linfoma, junto da Sociedade Americana de Hematologia, no final da semana, segundo o presidente da unidade de oncologia da Novartis, David Epstein. Este é o primeiro novo fármaco que a companhia pretende introduzir no mercado.

A companhia está também a testar o RAD001 contra diversos tipos de cancro, incluindo tumores endócrinos e carcinoma das células renais. A companhia também tenciona lançar o ASA404 para o cancro do pulmão de não-pequenas células, o SOM230 para um grupo raro de tumores neuroendócrinos e o LBH589 para o linfoma cutâneo de células T. Como estes fármacos são experimentais ainda poderão falhar nos testes humanos ou serem rejeitados pelos reguladores. Em Julho, o ASA404 supostamente falhou nos testes humanos contra o cancro do ovário.

Muitos dos novos fármacos para o tratamento do cancro, que a Novartis está a testar, são terapias direccionadas, o que significa que tentam bloquear as moléculas específicas que ajudam o cancro a espalhar-se.

Um antigo professor da Escola de Medicina de Harvard, William Sellers, que se juntou a Novartis como chefe da investigação oncológica em Novembro de 2005, tem posto particular ênfase no estudo das terapias direccionadas.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Reuters, The Wall Street Journal Online, www.rttnews.com

Trabalhadores nocturnos mais vulneráveis ao cancro

As alterações no relógio biológico dos trabalhadores nocturnos fazem com que a sua imunidade seja reduzida, deixando-os mais vulneráveis ao risco de vir a sofrer de cancro, revela um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com uma análise da Agência Internacional de Investigação sobre Cancro da OMS (IARC), “os turnos laborais que implicam uma alteração aos ritmos biológicos do sono podem ser cancerígenos para o ser humano”. O trabalho vai ser publicado na íntegra em Janeiro, na revista “Lancet Oncology”.

A melatonina, um antioxidante natural, é produzida no cérebro durante a noite depois de o organismo ter estado exposto à luz do dia. Quando se permanece acordado durante a noite origina-se uma alteração desse processo e os níveis desta hormona tornam-se insuficientes para proteger o ADN de danos que podem provocar cancro, explica o estudo da IARC.

Para além disto, o facto de estas pessoas não descansarem adequadamente durante o dia é outra das hipóteses avançadas pelos cientistas, uma vez que o sistema imunológico destes indivíduos fica debilitado, tornando-os mais vulneráveis ao ataque das células cancerígenas.

Apesar de o estudo admitir que são necessários mais trabalhos que confirmem esta ligação e eliminem outros factores de risco neste segmento da população a OMS pondera a hipótese de, no futuro, vir a classificar o trabalho nocturno como “provável ou possivelmente cancerígeno”.

Ao longo de vários anos, 24 investigadores analisaram todas as investigações publicadas acerca desta matéria tendo verificado que nalguns dos trabalhos a incidência de cancro da mama é superior entre as mulheres que trabalharam de noite durante longos períodos, como as enfermeiras. No caso dos homens cuja jornada laboral começava ao anoitecer evidenciou-se um maior risco de cancro da próstata.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital.