sábado, 14 de julho de 2007

Médicos mais simpáticos no contacto com doentes

Administração Regional de Saúde do Norte relembra regras de bom atendimento

Preocupada com o bom atendimento e cortesia dos médicos e profissionais de saúde, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN), emitiu uma circular interna sobre informática e humanização, onde estabelece algumas regras e recomendações que os profissionais de saúde deverão seguir no contacto com os doentes.

A questão surgiu quando se percebeu que "uma boa parte das queixas no livro de reclamações dos centros de saúde e hospitais é precisamente sobre aspectos de relacionamento". Mas o principal causador das queixas é o computador.

Há quem se queixe que a informatização das consultas colocou uma barreira no contacto directo com o doente e desviou os olhos do médico. O computador terá causado a desumanização e despersonalização das consultas, o que levou a ARSN a lembrar os médicos que o computador é um auxiliar precioso, mas não tanto quanto o doente.

De acordo com a ARSN "todo o atendimento começa por uma saudação e uma postura de atenção personalizada", sendo que os adultos deverão ser tratados “pelo nome da sua preferência precedido de senhor ou dona", ou pelo titulo que possuam, como os engenheiros e doutores. "O tratamento por tu está limitado a crianças ou jovens de acordo com as regras gerais da etiqueta".

Todos os doentes devem ser atendidos com um sorriso, porque este, "longe de ser obrigatório, é um elemento crucial para prevenir ou atenuar desacordos", tudo em nome da cortesia, que a ARSN classifica como “a arte de lidar com o outro". Mas nem oito nem oitenta, a circular recomenda também que os médicos devem evitar "tratamentos pretensamente carinhosos como avozinho, querida ou minha filha".

Depois de tanta regra, é então altura de perguntar, será que era mesmo necessário pôr por escrito algo que passa principalmente pelo bom senso e boa educação dos indivíduos?

Rosalvo de Almeida, do Gabinete do Utente da ARSN acredita que sim, que a circular é justificada pelo número de queixas de frieza no atendimento informatizado que foram chegando ao serviço, explicando que a ideia foi lembrar que o pc "não pode estar no meio, mas um bocadinho ao lado".

Rosalvo Almeida contou cerca de quatro mil reclamações no Norte num semestre, que correspondem a menos de 1% dos milhões de contactos nas instituições, sendo que a maioria se prende com questões de relacionamento, principalmente reclama-se da "arrogância” do médico, dai que nunca seja demais recordar regras de atendimentos, para prevenir futuras queixas.

Posição contrária manifesta Rui Nogueira, da Associação de Médicos de Clínica Geral, que considera “ridículo” e “deselegante” o comportamento da ARSN, apesar de admitir que a actual informatização é um processo difícil, em que o próprio computador, pela dificuldade inerente à utilização de aplicações novas, pode atrapalhar.

Contudo, o clínico considera que "os médicos sabem comportar-se", mas com "mais de 30 milhões de consultas por ano nos centros de saúde, é natural que haja alguns episódios que não correm da melhor maneira".


Inês de Matos

Fonte: Jornal de Noticias

Dieta ocidental aumenta risco de cancro da mama

Um novo estudo publicado na revista Cancer Epidemiology revelou que a dieta ocidental, rica em gorduras, açucar e carne, pode aumentar até 60 por cento o risco de cancro da mama em mulheres na menopausa.

O estudo comparou a dieta ocidental com a oriental e confirmou uma relação que estudos posteriores já tinham estabelecido entre o consumo de carne e de refeições com alto teor de gordura e o risco de cancro, doenças cardíacas e diabetes.

A incidência de cancro da mama em mulheres asiáticas que mudaram a sua dieta alimentar e passaram a seguir o estilo ocidental, alertou os investigadores do Centro Oncológico Fox Chase de Filadélfia, nos EUA, que decidiram seguir de perto o fenómeno.

Durante o estudo foram observados os hábitos alimentares de 3 mil mulheres de Xangai, das quais 1500 sofriam de cancro da mama. Os resultados foram esclarecedores, como realça Marilyn Tseng, do Fox Chase, existe “um efeito evidente quando observamos mulheres após a menopausa e com excesso de peso. Parece que existe uma interacção entre a dieta de carne e açúcar e o sobrepeso”.

O professor de saúde e nutrição na Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, Lawrence Cheskin, sublinha a importância da alimentação, essencialmente no período da menopausa, considerando que o estudo agora publicado, “é mais uma prova de que a dieta praticada pelas mulheres está relacionada com o aparecimento de cancro”.

Inês de Matos

Fonte: Jornal Universitário de Coimbra
Estudo de enzima pode aclarar origem de várias doenças
Brasil vai exportar anticorpos para os Estados Unidos


O estudo da enzima Eopa – descoberta há mais de quatro décadas no Brasil e que tem papel fundamental na formação do cérebro e de todo o sistema nervoso central – permitirá aferir da sua eventual ligação a uma série de disturbios neurológicos, de entre os quais se destacam a esquizofrenia ou a menos conhecida lissencefalia, a “doença do cérebro liso”.

Dois pequenos frascos contendo 10ml de anticorpos vão nos próximos dias deixar os laboratórios do Instituto Butantã, no Brasil, em direcção à empresa Millipore, nos Estados Unidos, titular dos direitos de comercialização do produto naquele país. O acordo foi firmado entre aquela companhia e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou os estudos no Centro de Toxinologia Aplicada do Butantã. Os anticorpos foram desenvolvidos laboratorialmente para se ligarem à Eopa, com vista a aferir da implicação da enzima no desenvolvimento de algumas doenças do cérebro. A Eopa foi descoberta acidentalmente no âmbito de pesquisas relacionadas com veneno de cobra que levariam ao desenvolvimento do captoril, um dos medicamentos de maior sucesso a nível mundial no tratamento da hipertensão. O cientista António Carlos Martins de Camargo, autor da descoberta, investigava enzimas capazes de degradar a bradicina, um neurotransmissor com efeito anti-hipertensivo accionado por veneno de cobra.

Carla Teixeira
Fonte: «O Estado de São Paulo»

Descoberto processo de reparação do ADN celular

Uma equipa de investigadores suecos do Instituto Karolinska desvendou o mecanismo através do qual é possível explicar a forma como é reparado o ADN danificado nas células do organismo. A descoberta, divulgada pela revista Science, pode ser uma ajuda vital para solucionar muitos dos enigmas relacionados com o cancro.

As conclusões do estudo referem que o processo envolve um fenómeno denominado “aderência”, segundo o qual duas cópias de um cromossoma no núcleo da célula são mantidas em agregação de uma forma muito forte, por um complexo de proteína denominado coesina. “Ao perceber o funcionamento de uma célula saudável torna-se também mais fácil compreender o que está errado numa célula cancerígena”, frisou Camilla Sjögren, a principal responsável pela investigação.

A coesina representa uma função muito importante durante o processo de divisão celular, altura em que os cromossomas recém-copiados, as cromátides, têm que se manter juntas até ao momento correcto de separação. Se as cromátides se separam demasiado cedo, há o risco das células copiadas receberem o número errado de cromossomas, algo que ocorre com frequência nas células tumorais.

Os investigadores suecos demonstraram que a coesina é também importante na reparação das cadeias de ADN danificadas, contradizendo o processo de compreensão anteriormente avançado pelos cientistas. Para além disso, a coesina é utilizada para reparar lesões em cromátides-irmãs. O conhecimento do processo de reparação das próprias células pode ser um passo importante no desenvolvimento de medicamentos anticancerígenos. De acordo com os cientistas, esta análise demonstra que tanto as funções da segregação de cromossomas, como a regeneração do ADN, dependem do mesmo fenómeno. “Agora sabemos que a coesina é importante para restaurar o ADN danificado, o próximo passo é pesquisar mais detalhadamente qual é a propriedade que nas proteínas e enzimas influencia a produção de coesina”, afirmou Sjörgen.

Porém a compreensão dos constituintes da coesina é relevante noutras áreas para além do cancro. Os defeitos cromossomáticos são a causa de várias patologias, entre as quais o Síndrome de Down. “No que diz respeito a esta doença genética, “ela depende de uma distribuição incorrecta dos cromossomas, e sabemos que a coesina é importante para assegurar que essa distribuição é correcta”, explicou a especialista.

Marta Bilro

Fonte: Daily India, The Local, United Press International.

Estudo sobre riscos do Avandia faz disparar relatos de efeitos secundários

Depois da publicação de uma investigação que dava conta do aumento dos riscos de ataque cardíaco provocados pela toma do Avandia (Rosiglitazona), triplicaram os relatos de efeitos secundários associados ao medicamento. Os registos de ataques cardíacos possivelmente relacionados com o medicamento subiram de 5 para 90, após a divulgação da análise no “New England Journal of Medicine”.

Nos 35 dias que se seguiram à publicação das conclusões da investigação registou-se um surto de relatos de ataques cardíacos, mortes e hospitalizações. De acordo com os especialistas, este pode ser um sinal de que os médicos, provavelmente, não estariam conscientes dos riscos que o fármaco representava ao nível dos problemas de coração, o que os levava a não reportarem muitos casos anteriores.

“Agora, os doentes e os seus médicos estão muito mais conscientes de uma possível relação entre o Avandia e as doenças cardiovasculares. Isto vai ajudar-nos a determinar se este medicamento é ou não seguro”, refere Alvin C. Powers, especialista em diabetes da Universidade Vanderbilt. Este é também, segundo afirmam os peritos, um indício de que existem falhas no sistema de detecção de segurança, sugerindo que uma melhor vigilância poderia ter denunciado o potencial problema antes de o medicamento ter sido colocado no mercado há oito anos.

O relatório, que dava conta de um aumento de 43 por cento do risco de ataque cardíaco associado à ingestão de Avandia, foi publicado no dia 21 de Maio. Nos 35 dias que antecederam a divulgação do estudo, a Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drugs Administration - FDA) recebeu cinco relatos de ataques cardíacos possivelmente relacionados com a substância, comparativamente aos 90 registados nos 35 dias que precederam essa divulgação.

O mesmo aconteceu com as hospitalizações relacionadas com problemas cardíacos que aumentaram de 11 para 126, revela a Associated Press. As queixas envolvem a Rosiglitazona comercializada nos Estados Unidos da América como Avandia ou Avandamet. Ainda assim, não é possível obter uma conclusão mais precisa, uma vez que o sistema de queixas da FDA é totalmente voluntário. O Avandia, comercializado pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline, é utilizado no tratamento da diabetes tipo 2. A segurança do medicamento ao nível cardiovascular será reavaliada por um painel de conselheiros da FDA no dia 30 de Julho. O laboratório continua a defender que o medicamento é seguro e eficaz.

Marta Bilro

Fonte: Boston.com, Forbes, Wired Science.

Argentina testa nova vacina contra meningite bacteriana e pneumonia

Especialistas argentinos estão a realizar um ensaio clínico para avaliar a eficácia de uma nova vacina contra a bactéria do pneumococo em 17 mil crianças. A bactéria representa a principal causa de meningite bacteriana e de pneumonias adquiridas na comunidade por crianças menores de 5 anos de idade.

Caso se comprovem os benefícios, esta substância oferecerá protecção contra 10 serotipos do pneumococo, o que representa uma vantagem face à actual vacina, que apenas protege contra sete serotipos. “Estamos a criar uma vacina feita à medida das nossas crianças a partir de estudos sanitários realizados no país”, afirmou Miguel Tregnaghi, director do Centro de Desenvolvimento de Projectos Avançados e o principal responsável pela investigação.

De acordo com os especialistas, esta vacina previne não só a infecção por pneumococo mas também contra as otites médicas causadas pela bactéria Haemophilus influenzae não tipificável. “Isto acontece porque a vacina contém uma proteína do Haemophilus influenzae não tipificável, pelo que potencialmente oferecerá protecção contra esta bactéria”, explicou Ricardo Rüttimann, director de investigações clínicas da GlaxoSmithKline, farmacêutica responsável pelo desenvolvimento da vacina. “Estudos clínicos demonstraram que o uso da vacina foi associado a uma redução de 34 por cento da otite média”, salientou.

O Haemophilus influenzae não tipificável é um agente causador da otite média para o qual, actualmente, não existe vacina, uma vez que a que actualmente integra o calendário de vacinação protege apenas contra a estirpe do tipo B. Os ensaios clínicos de fase III irão realizar-se na Argentina, e no Panamá, em 17 mil e 7 mil crianças, respectivamente, durante um período de três anos.

Marta Bilro

Fonte: La Nacion

Sida afecta quase um milhão de pessoas no Malawi
Teste abre caminho a anti-retrovirais gratuitos


O governo do Malawi, um dos países mais seriamente devastados pela pandemia de sida em todo o mundo – contando mais de 930 mil infectados – apelou a todos os cidadãos sexualmente activos que façam o teste de despistagem do VIH, com a promessa de que os casos mais urgentes terão garantido o acesso a anti-retrovirais gratuitos.

Em vésperas do arranque de uma campanha nacional de luta contra o vírus da sida no país, prevista para a próxima semana, as autoridades pediram aos cerca de seis milhões de cidadãos locais sexualmente activos que efectuem o teste, lamentando, em comunicado, que até ao momento apenas uma franja de 15 por cento daquela população se tenha apresentado voluntariamente no seu centro de saúde, a fim de se submeter ao exame. “Só esses 15 por cento conhecem o seu estado”, explicou o governo na nota.
O vírus da sida, tema-tabu no Malawi, afecta quase um milhão de pessoas no país, sendo responsável por 78 mil óbitos anuais, directa ou indirectamente relacionados com aquela patologia. São dados da ONUSIDA, agência das Nações Unidas para a área do VIH, dois anos depois de o presidente Bingu wa Mutharika ter lançado um primeiro repto à realização do teste de despistagem, assegurando a dispensa de medicamentos anti-retrovirais gratuitos aos infectados em estado mais avançado.

Carla Teixeira
Fonte: Angop
Legislação e política de comparticipação de medicamentos
Poupar agora é gastar mais tarde


As sucessivas alterações introduzidas nos últimos anos pelo Governo na política do medicamento poderão, a médio e longo prazo, ter efeitos contraproducentes, que se traduzirão num aumento das despesas com a medicina terapêutica. A eventual poupança conseguida no imediato, através de vários cortes na comparticipação dos fármacos, evidenciará no futuro um encarecimento daqueles produtos, que resulta directa e necessariamente na dificuldade económica na sua aquisição. Estudos que têm vindo a ser divulgados na Comunicação Social atestam que a comparticipação dos fármacos por preços de referência, que entrou em vigor em Março, levará os doentes a quem não forem prescritos genéricos a gastar mais 4,9 milhões de euros do que gastariam na vigência do anterior modelo.

Num artigo de opinião publicado na edição de Julho da revista «O Advogado», Luís Cardoso Rocha analisa as mais recentes evoluções ocorridas em Portugal na área da legislação e da política de comparticipação de medicamentos, para concluir que “os requisitos tradicionais que norteavam a aprovação de novos fármacos para comparticipação, como a segurança, a eficácia e a elevada qualidade, estão agora aliados ao requisito do custo/efectividade”. O Governo justificou as várias medidas que foi implementando nesta área com o argumento da sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, materializado na racionalização e adequação do esquema de comparticipações, de modo a garantir uma mais efectiva democratização do acesso aos medicamentos por parte dos cidadãos.
No que diz respeito ao regime jurídico da comparticipação, estão regulamentados os critérios que podem ser decisivos para a exclusão da ajuda estatal na compra de medicamentos, tendo o Ministério da Saúde papel determinante, uma vez que é ao gabinete do ministro que compete a definição das listas de produtos farmacêuticos comparticipáveis, cujo elenco deve assentar na exclusão dos fármacos que tenham custo excessivo, duvidosa eficácia terapêutica ou excessivamente onerosa face às alternativas, ou resultados menos expressivos do que os fármacos que tenham sido reclassificados como medicamentos não sujeitos a receita médica. Em Março deste ano entrou em vigor um novo sistema de comparticipação que, de acordo com Luís Cardoso Rocha, poderá representar um aumento da despesa futura, camuflado por um primeiro momento de poupança para os cofres do Estado.
Segundo explica o advogado, o novo esquema de apoio estatal para a aquisição de medicamentos “determina que a percentagem de comparticipação do Estado deixa de ser definida pelo preço de venda ao público daquele produto, para passar a ser calculada a partir de um valor de referência”, correspondente ao custo do genérico mais caro disponível no mercado para a mesma sintomatologia, visando o uso do medicamento terapeuticamente equivalente com menor custo. No entanto, citando estudos recentemente divulgados pelos meios de Comunicação Social, o cronista explica que os doentes a quem não forem prescritos medicamentos genéricos – e ainda são muitos os médicos que se recusam a prescrevê-los – representarão uma despesa anual superior em 4,9 milhões de euros à que teriam no período em que vigorava o anterior regime.
Por este motivo, o advogado aconselha a tutela a “equacionar se as políticas de comparticipação de medicamentos foram efectivamente atingidas”, e de que forma os pensionistas foram afectados, avisando que as várias leis entretanto aprovadas permitem “um jogo de preços, comparticipações e exclusões que podem penalizar seriamente o pensionista ou consumidor final” dos produtos vendidos nas farmácias portuguesas. Considerando que as intenções do Estado serão à partida positivas, nomeadamente em relação aos cidadãos mais carenciados, Luís Cardoso Rocha é da opinião de que “o sistema está bem longe de ser perfeito”, e considera que “um Estado que poupa a curto prazo na comparticipação é necessariamente um Estado que, a médio e longo prazo, vai gastar mais na medicina terapêutica”.

Carla Teixeira
Fonte: «O Advogado», Ministério da Saúde, Associação Nacional de Farmácias
Workshop agendado para o final deste mês
Medicamentos e plantas em análise na Madeira


A Universidade da Madeira acolhe, entre os dias 26 e 28 deste mês, no Colégio dos Jesuítas, no Funchal, um workshop de produtos naturais com a chancela do NatLab – Laboratório de Química Orgânica e Produtos Naturais. A iniciativa integra-se no projecto «Biopolis – construindo uma bioregião europeia», e deverá contar com as presenças de vários especialistas nacionais e internacionais naquela área. Um dos painéis, a cargo de António Proença da Cunha, da Universidade de Coimbra, debruça-se sobre a temática das «Novas perspectivas para os medicamentos à base de plantas».

De acordo com o que o farmacia.com.pt conseguiu apurar, o evento deverá centrar-se na discussão de temas como o isolamento dos metabolitos secundários, a obtenção de compostos bioactivos a partir de precursores naturais, a química analítica e estrutural dos metabolitos, a sua aplicação biomédica e farmacológica, a química farmacêutica de produtos naturais, a modelação molecular (desenho de fármacos), a síntese de análogos bioactivos e a engenharia de processos. Entre os convidados avultam nomes como Gordon Cragg, do National Cancer Institute dos Estados Unidos, Esther del Olmo, da espanhola Universidade de Salamanca, e o português António Proença da Cunha, da Universidade de Coimbra, já referido. A entrada é livre. Para mais informações pode ser consultada a organização do evento, através do e-mail natlab07@gmail.com.

Carla Teixeira
Fonte: Departamento de Química da Universidade da Madeira

REPORTAGEM

Mifepristona, metotrexato e prostaglandina
Fármacos abortivos só nos hospitais

Estimativas internacionais apontam a probabilidade de 43 por cento das mulheres de todo o mundo virem a fazer um aborto antes dos 45 anos de idade, e prevêem igualmente que 47 por cento das que efectivamente abortem não estarão a fazê-lo pela primeira vez. Em Portugal entra amanhã em vigor a lei que, na sequência da consulta popular feita em referendo, viabiliza, em moldes legais, a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas. O aborto cirúrgico e o medicamentoso são as duas hipóteses oferecidas às mulheres lusitanas. Os fármacos utilizados na segunda opção estão disponíveis apenas nos hospitais.

O aborto provocado poderá ser descrito como a morte prematura e medicamente induzida de um embrião ou feto dentro do ventre materno. Há vários métodos que concorrem para esse desfecho, desde os chamados “micro-abortos”, ocorridos na primeira semana, por acção de algumas substâncias químicas (contraceptivos) e alguns aparelhos intra-uterinos. Nas semanas seguintes, quando o ovo do zigoto já se instalou no útero, existem os abortos não-clínicos induzidos com fármacos como o RU-486 (mifepristona), administrada entre as cinco e as sete semanas de gestação, e o metotrexato, administrado em mulheres grávidas entre as cinco e as nove semanas, em combinação com a prostaglandina.
A mifepristona – medicamento inicialmente concebido para responder ao quadro sintomático de indisposição gástrica – é hoje utilizado sobretudo com o objectivo de induzir o aborto. Administrado por via oral quando a mulher se apercebe da ausência do período menstrual e constata que poderá estar grávida, e pode ser tomado até ao segundo mês de gravidez. Actua bloqueando a progesterona, uma hormona com papel crucial no desenvolvimento de uma gravidez, sem a qual o revestimento uterino não fornece alimento, fluidos e oxigénio ao feto, que naquele cenário acaba por não conseguir sobreviver. Numa segunda etapa deste método abortivo, a mulher ingere a prostaglandina, que estimulará a contracção do útero, para que o feto seja expelido.

Mifepristona
A RU-486 regista sucesso em 60 a 80 por cento das tentativas de aborto, e tem como efeitos secundários comuns náuseas, vómitos, cãimbras, dores, abortos incompletos, ruptura uterina e hemorragias, às vezes tão intensas que tornam necessário o recurso a transfusões de sangue. Em França, por exemplo, todas as clínicas que realizam interrupções voluntárias da gravidez são obrigadas por lei a ter equipamento adequado para a realização de electrocardiogramas, bem como material intra-venoso e desfibrilhador para responder à eventualidade de ataques cardíacos nas mulheres intervencionadas, em consequência da toma daqueles medicamentos. Procedimento que normalmente não se encontra disponível nos hospitais dos países em desenvolvimento, levando a que as hemorragias agudas e os ataques cardíacos sejam, nesse contexto, causa provável de morte.
Ao contrário da ideia de senso comum de que o aborto medicamentoso consiste apenas na toma de comprimidos, e que em poucos minutos resolverá a questão, devolvendo a mulher ao seu quotidiano, a administração da mifepristona obriga normalmente a um processo que dura alguns dias. Na primeira consulta é feita a análise do historial clínico da grávida, um exame físico e análises ao sangue, já que nos casos em que a mulher sofra de anemia, hipertensão, problemas renais, asma ou infecções vaginais, se fumar ou tiver mais de 35 anos, este método não poderá ser utilizado. É depois determinado o tempo de gestação, e a mulher assina o termo de responsabilidade para a realização do aborto, tendo em alguns países de esperar uns dias até à sua consumação.
A segunda consulta é aquela em que normalmente tem lugar a administração da mifepristona, e na terceira é utilizada a prostaglandina, que induz o trabalho de parto e a expulsão do feto, quase sempre no mesmo dia. A quarta consulta é de controlo da situação, sendo que, se a mulher ainda não tiver abortado ou ainda sangrar, terá de realizar uma ecografia para determinar se o útero está vazio e, em caso negativo, submeter-se a um método abortivo invasivo.

Metotrexato
Tal como a mifepristona, o metotrexato não surgiu com o objectivo de facilitar um aborto. Toxina celular que tem sido usada no combate às células cancerígenas, é um antagonista do ácido fólico que interfere na síntese do ADN, e que mata o feto quando o seu coração já bate. Tem um tempo de acção muito semelhante ao da mifepristona, mas actua de modo diverso: enquanto a RU-486 provoca a morte do feto por fome, este medicamento funciona como um veneno, que tem acção directa no feto em desenvolvimento, matando-o. A dose administrada é suficiente para matar o bebé, mas não para causar lesões à mãe, ainda que a sua ingestão possa causar estomatites e úlceras na cavidade bucal.
Tal como a mifepristona, o metotrexato só produz o efeito desejado se combinado com a prostaglandina, tomada uns dias depois da injecção do primeiro fármaco, a fim de provocar a expulsão do feto, pressupondo a realização de três consultas para completar o procedimento. Um estudo internacional realizado para examinar os resultados da administração dos fármacos abortivos a adolescentes apurou que em 96 por cento dos casos os abortos tinham sido bem sucedidos, apesar de algumas mulheres terem relatado episódios de dor e sangramento acima do que inicialmente esperavam, havendo inclusivamente algumas que se arrependeram de ter recorrido a este método.

Só nos hospitais
Em Portugal a lei do aborto, que entra amanhã em vigor, obrigou à importação da mifepristona, que não era de uso legal no nosso país. Tal como o farmacia.com.pt oportunamente noticiou, o Infarmed autorizou a comercialização da mifepristona, também conhecida como “pílula abortiva”, que poderá ser adquirida directamente pelos hospitais à MediRex Pharma, a única empresa nacional que foi autorizada por aquela entidade a introduzir o produto no mercado farmacêutico nacional. De acordo com um comunicado da autoridade nacional do medicamento emitido na altura, e de que o Portal da Farmácia e do Medicamento deu conta, a MediRex Pharma recebeu, a título excepcional, autorização para "comercializar, exclusivamente em meio hospitalar" a substância abortiva.
Fonte interna do Infarmed esclareceu que 25 hospitais portugueses tinham já diligenciado no sentido de adquirir aquele fármaco no estrangeiro, procedimento habitual para a sua obtenção antes da autorização excepcional, enquanto outras duas dezenas de unidades hospitalares já o fizeram no âmbito destas novas regras, dotando-se dos necessários meios para dar resposta às mulheres que, a partir de amanhã, procurem os seus serviços.

Carla Teixeira
Fonte: Alguns médicos do Hospital de São João, Infarmed, tudosobreoaborto.com
Paulo Sousa, presidente da Delegação da OF na Madeira
Governo tem prejudicado as farmácias


O presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Farmacêuticos, reeleito na votação do passado dia 21 de Junho, considera que a aprovação da lei que altera a regulamentação do sector, designadamente no que concerne a anulação da reserva de propriedade das farmácias para farmacêuticos, “inviabilizou qualquer conversação sobre o assunto”.

Paulo Sousa aponta o perigo de uma concentração de estabelecimentos de dispensa de medicamentos na mão dos grandes grupos económicos, e considera que, uma vez que a legislação vai no sentido de desvalorizar a profissão, cabe aos farmacêuticos valorizá-la e demonstrar a importância do trabalho que desenvolvem. Essa deverá ser, segundo aquele responsável, a principal linha de orientação do mandato de três anos que agora tem início a nível nacional e local. Paulo Sousa refere que a valorização da profissão e a aposta na formação e na qualificação dos seus activos deverão ser as traves mestras da actuação da delegação regional.
Considerando que todas as medidas tomadas recentemente pelo Governo “são a favor dos grandes interesses económicos”, refere que “é importante valorizar o potencial de aconselhamento do farmacêutico”, já que nas grandes superfícies, por exemplo, apesar de agora serem vendidos medicamentos, dificilmente o utente encontrará alguém com a necessária qualificação técnica para prestar esclarecimentos relativos a medicamentos e à sua mais correcta administração. Nesta linha de pensamento, Paulo Sousa diz, num comentário ao último relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde – que acusa o Ministério da Saúde de “falta de sensibilidade social –, que “todas as medidas que têm sido tomadas em relação ao sector têm sido de facto prejudiciais às farmácias”.

Carla Teixeira
Fonte: Tribuna da Madeira

Novartis e Idenix suspendem desenvolvimento da valopicitabina para a hepatite C

A Idenix Pharmaceuticals, Inc. anunciou que, após deliberações da FDA, o desenvolvimento do programa da valopicitabina (NM283), para o tratamento da hepatite C, foi colocado em espera nos Estados Unidos. A decisão teve por base o perfil geral de riscos e benefícios observados até à data nos ensaios clínicos. Os reguladores norte-americanos ordenaram à Novartis AG e à Idenix Pharmaceuticals Inc. que parassem de trabalhar no fármaco experimental devido aos efeitos secundários.

Os dados recentes levantam questões sobre a segurança e sobre a modesta actividade antiviral. A FDA, devido aos problemas relacionados com efeitos secundários e potência ténue, considera que num contexto de múltiplas escolhas, outra opção irá aparecer que será mais atractiva. Segundo a Idenix, os riscos associados ao fármaco incluíam náuseas e vómitos, estando na segunda das três fases de testes, geralmente exigidas para aprovação nos Estados Unidos.

O porta-voz da Idenix, Teri Dahlman, disse que acreditam que os resultados do ensaio de combinação tripla demonstrou eficácia e um bom perfil de segurança, contudo a avaliação da FDA foi diferente da da farmacêutica.

O presidente da Idenix, Jean- Pierre Sommadossi, afirmou que se encontram desapontados com a perspectiva da FDA, em relação ao programa, e estão a trabalhar com a Novartis na avaliação das opções para a valopicitabina, acrescentado que esta decisão pode fazer com que as companhias abandonem o tratamento.

A valopicitabina está delineada para bloquear a proteína polimerase. A Roche também tem um fármaco experimental para a hepatite C que atinge a proteína polimerase. O fármaco para a hepatite C da Vertex, a telaprevir, bloqueia a enzima protease que o vírus precisa para se reproduzir.

A Novartis e a Idenix estão entre, pelo menos, meia dúzia de companhias que concorrem pela produção do primeiro fármaco da década para tratar a hepatite C, a causa do cancro do fígado. As companhias a desenvolver novos medicamentos para a hepatite C incluem a Vertex Pharmaceuticals Inc., a Roche Holding AG, a Pfizer Inc. e a Human Genome Sciences Inc. Os recentes fármacos experimentais atacam a hepatite C de maneira semelhante à dos fármacos da SIDA que atacam o VIH, ao bloquear as proteínas que os vírus utilizam para se reproduzir.

Isabel Marques

Fontes: PRNewswire, Bloomberg, www.abcmoney.co.uk

Investigadores descobrem novo teste para detectar cancro do pulmão

Um grupo de investigadores americanos acredita ter descoberto uma nova forma de detecção do cancro do pulmão, através de um pequeno aparelho que analisa os componentes do ar expirado.

O aparelho de análise consegue detectar os compostos orgânicos voláteis libertados durante a respiração dos pacientes, recorrendo para tal a 36 sensores que mudam de cor, quando entram em contacto com essas partículas.

O principal objectivo do estudo, publicado no jornal médico Thorax, era estabelecer um padrão de cores, que permitisse detectar com exactidão o cancro do pulmão.

De forma a alcançar o objectivo estabelecido, os investigadores procederam à observação de 143 pacientes, dos quais 49 sofriam de cancro do pulmão e 73 de outras doenças respiratórias, sendo os restantes 21 indivíduos perfeitamente saudáveis.

A alteração na cor dos sensores que se verificou em 70 por cento dos indivíduos, foi utilizada pelos investigadores para determinar um padrão de cores que identifica o cancro no pulmão. Os restantes 30 por cento dos indivíduos foram então analisados já de acordo com o padrão estabelecido.

O padrão estabelecido pelos investigadores mostrou-se eficaz na detecção de 73 por cento dos casos cancerígenos. Todavia, o padrão identificou incorrectamente 28 por cento das doenças respiratórias não malignas, como cancro do pulmão.

Para o investigador Peter J. Mazzone, da clínica de Cleveland, Ohio, é preciso “trabalhar mais para esclarecer a natureza dos vários componentes da respiração”.

Apesar do nível significativo de erro, os investigadores acreditam que este estudo constitui um importante contributo para a compreensão da disposição dos sensores e do sistema respiratório, maximizado a exactidão do diagnóstico.

Inês de Matos

Fonte: Reuters

Instituto alemão desenvolve bioadesivos à base de secreções do mexilhão

Investigadores de um departamento do Instituto Fraunhofer (IFAM), em Bremen, estão a desenvolver um produto à base das propriedades adesivas da secreção produzida pelos mexilhões, que se revelaram ideais para ajudar a cicatrizar feridas abertas e ossos partidos. Na fase actual da investigação, os cientistas estão a reproduzir em laboratório as características das proteínas com propriedades adesivas. O objectivo é produzir posteriormente um material adesivo que também tenha a capacidade de acelerar a cicatrização.

A pesquisa, que está agora numa segunda fase, tem sido desenvolvida para a criação de um composto idêntico, capaz de ser produzido artificialmente, pois a produção sintética tornará viáveis as diversas aplicações médicas, uma vez que, por métodos naturais, se tornaria excessivamente dispendioso generalizar a sua utilização na medicina, além de que seriam precisos dez mil moluscos para obter um grama desta substância aderente.

Os organismos marinhos, como os mexilhões ou as cracas, desenvolveram formas de aderir a diferentes superfícies num ambiente de água salgada. As glândulas do mexilhão produzem uma cola única, que permite a aderência a quase todos os tipos de superfícies, não só a rochas, como a vidro, madeira, metal e mesmo a revestimentos teflon. Tais componentes aderentes são tão robustos que são capazes de resistir às correntes marítimas mais fortes. As questões de maior interesse para a pesquisa são os organismos marinhos que, quando é necessário, são capazes de libertar adesivo de contacto em segundos.

Os componentes principais dos adesivos naturais foram identificados como pertencendo à categoria das proteínas. Estas macromoléculas, formadas por cadeias de aminoácidos, realizam diferentes funções, dependendo da sua composição. Além do mais, as proteínas não só formam a base da adesão direccionada de um organismo, mas também permitem a coesão das células vivas umas entre as outras. Com base nestes mecanismos de aderência, o IFAM está agora a trabalhar na estruturação e síntese de adesivos baseados nestas proteínas. Os possíveis campos de aplicação surgem não só na área da adesão debaixo de água, mas especialmente na medicina, como por exemplo, na cicatrização de feridas. Os investigadores do Instituto alemão Fraunhofer estão a analisar as características aderentes e estão a estudar a possibilidade deste tipo de material substituir os agrafos e os pontos cirúrgicos, de forma eficaz e vantajosa. A resistência da substância também será indicada para o caso de fractura de ossos, fixação de próteses dentárias e mesmo nas operações à retina.

Actualmente, os materiais adesivos utilizados em medicina para ligar e cicatrizar tecidos têm algumas limitações e inconvenientes, visto que podem libertar substâncias tóxicas como o formaldeído. Os investigadores alemães já averiguaram que a substância adesiva proveniente do mexilhão é bem tolerada pelo organismo humano.

De destacar que o Instituto Fraunhofer estabeleceu uma parceria com a Universidade do Porto, e será instalado junto à mesma. A decisão foi tomada após um período de análise das propostas recebidas para a localização do Instituto Fraunhofer Portugal e de visitas de representantes da Sociedade Fraunhofer (Fraunhofer-Gesellschaft) às instituições proponentes. O âmbito desta parceria diz respeito não à área dos materiais de colagem, mas às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A Sociedade Fraunhofer envolve mais de 12 mil pessoas em 56 institutos e, para além da investigação, dedica-se ainda à formação.

Isabel Marques

Fontes: Jornal de Notícias, Ciência Hoje, www.ifam.fraunhofer.de

Autopsia Confirma: Nova variante da doença de Creutzfeldt-Jacob causa primeira morte em Portugal

A autopsia ao cérebro de um rapaz de Famalicão, falecido no passado mês de Abril, confirmou que o óbito foi causado pela nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jacob (DCJ), de acordo com o relatório enviado hoje pelo Hospital S.João, Porto, à Direcção-Geral de Saúde (DGS).

A DGS pediu ao Hospital S.João que procedesse à análise do cérebro do rapaz, logo após a sua morte, de forma a esclarecer as suspeitas que existiam havia já dois anos, altura em que as autoridades anunciaram a existência do primeiro caso provável em Portugal da nova variante da DCJ. A resposta chegou hoje e foi positiva.

"Enviámos hoje à Direcção-Geral de Saúde e ao Hospital S. Marcos (Braga), onde o rapaz estava, o relatório que nos foi pedido, que confirma a morte com a nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jacob", referiu uma fonte hospitalar, em declarações à Lusa.

Entretanto, aumentam as suspeitas quanto ao caso de uma rapariga de 14 anos, também da zona de Famalicão, que apresenta sintomas idênticos aos do rapaz. Aliás, a DGS, apoiada em evidências laboratoriais, havia já anunciado, em Fevereiro, a forte probabilidade de um segundo caso de variante da Doença de Creutzfeldt-Jacob (DCJ), ainda que não tenha sido adiantada mais informação, para além de referir que se tratava de uma jovem portuguesa residente no Continente.

Contudo, a mesma fonte adianta que “no caso da menina, que ainda está viva, não está 100 por cento confirmado que seja a variante da DCJ".

O comunicado da DGS, emitido a 20 de Fevereiro para além de adiantar a possibilidade de existência de um segundo caso, salientava que não existem perigos de contágio, uma vez que a doença não se transmite de pessoa a pessoa.

O director-geral de Saúde, Francisco George explica que é necessário distinguir entre a Creutzfeldt-Jacob geralmente diagnosticada em pessoas de idade e a nova variante da doença, que aparece em pessoas de idade jovem e tem uma relação com o consumo de carne de bovino.

Todos os anos são diagnosticados em Portugal, uma média de 10 novos casos de Creutzfeldt-Jacob tradicional, uma doença que tem um “período de incubação longo e traduz um problema que terá havido há já uns anos”, acrescenta Francisco George.

A BSE é uma doença degenerativa que afecta progressivamente o cérebro dos bovinos e que pode ser transmitida ao homem. O número de casos detectados tem vindo a diminuir e no ano passado registaram-se apenas 31 casos de animais afectados, o número mais baixo desde 1999.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Ácido fólico nas farinhas diminui risco de deficiências congénitas em 46%


A adição de ácido fólico à farinha provoca uma diminuição de 46 por cento da incidência de anomalias congénitas do tubo neural dos bebés, principalmente da ocorrência de anencefalias e espinha bífida, revela um estudo da Universidade Laval, no Canadá.

Os defeitos abertos do tubo neural (DTN), anomalias congénitas da espinha ou do cérebro do bebé, são frequentemente causados pela carência de ácido fólico, podendo resultar em malformações do cérebro ou da espinal medula e dos seus revestimentos. Este problema ocorre quando a coluna vertebral do feto não se encerra adequadamente nos primeiros 28 dias após a concepção.

O ácido fólico (ácido peteroilglutâmico), pertencente ao grupo das vitaminas do complexo B, encontra-se na composição dos vegetais verdes, da fruta, dos cereais completos ou da carne. Porém, mesmo uma dieta equilibrada não fornece a quantidade suficiente de ácido fólico necessário às grávidas e ao bebé, explica Philippe De Wals, um dos autores do estudo publicado no “New England Journal of Medicine”.

Conscientes da relevância desta vitamina, as autoridades canadianas decidiram “adicionar ácido fólico a todas as farinhas produzidas no país, uma vez que a formação do tubo neural dos embriões é particularmente intensa durante as primeiras quatro semanas de gravidez, altura em que muitas das mulheres ainda não sabem que estão grávidas”, afirmou De Wals. Metade das gravidezes no Canadá não são planeadas e o corpo humano não tem capacidade para armazenar ácido fólico suficiente, sendo, por isso, importante integrá-lo na cadeia alimentar em vez de tomar exclusivamente suplementos vitamínicos, destaca a investigação.

Os especialistas compararam a incidência das deformações no tubo neural em mais de 2 milhões de nascimentos no Canadá, antes e depois de serem introduzidas no mercado as farinhas enriquecidas com ácido fólico. Entre 1993 e 1997, a incidência de malformações situava-se nos 1,58 por cento por cada 1.000 nascimentos. Por sua vez, entre 2000 e 2002, a taxa sofreu uma diminuição de 46 por cento para os 0,86 pontos percentuais por cada 1.000 nascimentos. Actualmente, a adição de ácido fólico às farinhas é uma realidade disponível apenas para os cidadãos dos Estados Unidos da América, Canadá e Chile.

Espinha bífida, quais as consequências?

A espinha bífida é uma afecção pertencente a um conjunto de alterações conhecido como defeitos do tubo neural. Nos casos mais graves, a criança pode apresentar fraqueza muscular ou mesmo paralisia abaixo do nível do não encerramento completo da coluna, perda de sensibilidade e incapacidade de controlar os esfíncteres anal e/ou vesical. Para além disto, há ainda a possibilidade do líquido cefalo-raquidiano (LCR), líquido que envolve o cérebro e a medula, poder acumular-se no cérebro, originando uma condição conhecida como hidrocéfalo, que se não for tratada pode levar a lesões cerebrais, com cegueira e convulsões.

Porém, os sintomas não são apenas físicos, sendo que, por vezes surgem também problemas de aprendizagem, entre os quais se destacam as dificuldades de atenção, expressão e compreensão da linguagem falada, dificuldades de leitura, de compreensão dos conceitos matemáticos ou ao nível da organização da informação. Entre as condições mais frequentes apresentadas pelas pessoas com espinha bífida estão ainda as tendinites, os problemas cutâneos, gastrointestinais, a obesidade e a depressão.

De acordo com dados do Instituto Médico de Radiologia Clínica, nascem cerca de 1 a 2 bebés em cada 1000 com DTN. A maioria (95 por cento) surge em famílias sem história anterior de DTN. Todos os anos, são registados cerca de 200 mil casos de espinha bífida e anencefalia a nível mundial. Os resultados deste estudo sugerem que a adição de ácido fólico aos alimentos poderia reduzir esse número para metade.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, United Press International, Science Daily, Bayer, Administração Regional de Saúde do Centro, Instituto Médico de Radiologia Clínica.