quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Hospital da Força Aérea recebe Pneumobil contra a DPOC

Unidade móvel promove rastreios gratuitos para fumadores

O Hospital da Força Aérea, localizado no Paço do Lumiar, em Lisboa, vai receber, nos dias 6 e 7 de Setembro, o Pneumobil, uma unidade móvel, equipada com os recursos técnicos e humanos necessários para realização de espirometrias, exame que permite o rastreio à Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). A iniciativa é promovida pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pelo GOLD (Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) e tem como principal objectivo alertar e prevenir a população.

O Hospital Pulido Valente, em Lisboa, foi a primeira unidade de saúde a receber o projecto, no passado dia 17 de Maio. Desde então, o Pneumobil já percorreu o pais, promovendo rastreios gratuitos à DPOC para pessoas com mais de 40 anos, fumadores e ex-fumadores, entre as 9h00 e as 18h00.

Cerca de 500 mil portugueses sofrem de DPOC, uma doença fatal que é já a sexta causa de morte em Portugal, estimando-se que em 2020 seja a terceira causa de morte em todo o mundo. Devido à gravidade da situação, o GOLD encontra-se já a desenvolver um estudo internacional para avaliar os factores de risco e a incidência da doença.

O estudo internacional, denominado Burden of Lung Disease, deverá representar também a realidade portuguesa, possibilitando assim um conhecimento mais aprofundado da realidade nacional, no que toca ao conhecimento da incidência da doença.

A DPOC é uma doença crónica e silenciosa, altamente incapacitante, cujos principais sintomas traduzem-se essencialmente por limitações na fluidez respiratória, dispneia ou falta de ar, tosse e aumento da produção de expectoração. Normalmente este tipo de sintomas manifestam-se apenas numa fase avançada da doença, contudo, se o diagnóstico for feito atempadamente, é possível travar o seu desenvolvimento.

Esta patologia afecta sobretudo indivíduos com mais de 40 anos de idade e surge geralmente associada a hábitos tabágicos, sendo estimado que cerca de 20 por cento dos fumadores vão sofrer de DPOC.

Inês de Matos

Fonte: Sociedade Portuguesa de Pneumologia
Hospital espanhol faz ablação controlada do tecido tumorado
Técnica pioneira previne cancro do esófago


O Hospital Universitário de Vall d’Hebron, principal complexo hospitalar da Catalunha e um dos maiores de toda a Espanha, é também pioneiro a nível europeu na utilização de uma inovadora técnica endoscópica destinada a prevenir o surgimento do cancro do esófago e a tratar outras doenças gastroenterológicas. A nova metodologia terapêutica foi baptizada com a designação de «Halo» e consiste numa ablação caracterizada por eliminação da “capa” do tecido esofásico afectado pelo tumor, de modo uniforme e controlado, permitindo a substituição e a regeneração da área tumorada por novas células saudáveis. A nova técnica não pressupõe qualquer incisão nem obriga ao internamento do paciente.

Os tumores benignos do esófago são muito raros e os cancros, espinocelulares ou escamosos, também não têm prevalência significativa em Portugal, acontecendo quase sempre em doentes com mais de 60 anos de idade. Mais frequente nos alcoólicos e nos fumadores, em indivíduos que sofrem de estenose (aperto) do esófago, causada pela ingestão de cáusticos, nos doentes de acalásia e com esófago de Barrett, é um tumor bastante comum no Irão, na China, na África do Sul e em Moçambique. Pensa-se que deficiências alimentares e eventuais contaminações dos alimentos por fungos possam estar na origem da variação geográfica. O cancro do esófago manifesta-se normalmente pela dificuldade em deglutir os alimentos (disfagia), barrados antes de chegar ao estômago, pela perda de peso, pela dor no peito e por uma regurgitação do que é ingerido.

Carla Teixeira
Fonte: AZ Prensa, GastroAlgarve

Fármaco experimental nebivolol demonstra reduzir a pressão sanguínea

A Forest Laboratories Inc. anunciou que o fármaco experimental nebivolol demonstrou reduzir significativamente a pressão sanguínea sistólica e diastólica, no primeiro estudo nos Estados Unidos, em pacientes com hipertensão ligeira a moderada, em comparação com placebo.

Neste ensaio, os 909 pacientes com hipertensão receberam uma de seis doses do nebivolol (um bloqueador selectivo de beta-1 com propriedades vasodilatadoras), ou placebo, uma vez por dia durante 12 semanas. O nebivolol em doses de 1,25 a 20 miligramas uma vez por dia reduziu significantemente a pressão sanguínea, sem afectar de forma adversa os níveis de glucose no sangue. Os resultado do ensaio foram publicados na edição deste mês da “Journal of Clinical Hypertension”.

Actualmente, a FDA está a rever o nebivolol e a Forest espera uma decisão no dia 1 de Novembro. O analista da Jefferies & Co., David Windley, estima que o fármaco, caso seja aprovado nos Estados Unidos, possa atingir um pico anual de vendas de aproximadamente 200 milhões de dólares. O produto já é comercializado para a hipertensão em mais de 50 países fora da América do Norte. A Forest poderá apresentar posteriormente uma candidatura para o nebivolol ser utilizado em pacientes com doença cardíaca.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg

Shire e Noven retiram voluntariamente alguns lotes de adesivos Daytrana do mercado americano

A Shire Plc e a Noven Pharmaceuticals Inc. estão a retirar voluntariamente uma quantidade limitada do adesivo Daytrana (sistema transdérmico de metilfenidato) para o tratamento do distúrbio de deficiência de atenção com hiperactividade (ADHD, sigla em inglês). Esta decisão deve-se ao facto de ter havido queixas relativas à dificuldade em remover a película protectora de alguns adesivos, e não devido a qualquer questão de segurança ou eficácia.

Estima-se que os custos envolvidos nesta acção de retirar o produto do mercado sejam entre os 4 milhões e os 6 milhões de dólares, afectando cerca de 30 000 adesivos. Segundo o porta-voz da Shire, Souheil Salah, a companhia irá operar conjuntamente com médicos, farmacêuticos e pacientes para reaver essas embalagens.

Contudo, todos os adesivos Daytrana, incluindo os que fazem parte dos lotes a ser retirados, podem continuar a ser utilizados, a não ser que a película protectora não possa ser removida, ou no caso dos adesivos ficarem danificados ao tentar retirá-la.

Este adesivo, somente disponível nos Estados Unidos, administra o estimulante metilfenidato, que também está presente na Ritalina, através da pele, para reduzir os sintomas do distúrbio de deficiência de atenção com hiperactividade nas crianças. O Daytrana gerou vendas de 19,9 milhões de dólares no segundo trimestre.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.shire.com

Cancro da tiróide: Incidência aumentou 200% em dez anos

A incidência do cancro da tiróide está a aumentar em todo o mundo, representando actualmente 2 por cento dos casos de cancro no mundo. Calcula-se que, em alguma altura na sua vida, 60 por cento da população mundial tenha nódulos na tiróide, referem dados apresentado esta semana durante o 21º Congresso Brasileiro de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, que reúne em Florianópolis especialistas de todo o mundo.

A doença registou, na última década, um aumento na incidência de 200 por cento, sendo responsável por 2 por cento de todos os casos de cancro a nível mundial. Manuel Sobrinho Simões, chefe do sector de patologia do Hospital da Universidade de Porto e um dos cerca de 1.500 especialistas presentes, acredita que esse aumento no número de casos está relacionado com a falta de consultas médicas preventivas que é um hábito apenas em países europeus. A detecção precoce dos nódulos através da palpação da tiróide ou a realização de um exame ultrassonográfico representam um papel fundamental na cura.

O responsável salienta ainda o caso das mulheres que, estando cinco vezes mais propensas a este tipo de cancro, poderiam evitar a doença através de exames hormonais requisitados pelo ginecologista. “Numa simples consulta o médico ginecologista além de pedir exames para detectar o cancro de mama e do colo de útero deve solicitar também exames de taxas hormonais. São procedimentos simples que podem auxiliar na descoberta precoce da doença”, defende Sobrinho Simões.

O congresso, que teve início segunda-feira (3 de Setembro) e se prolonga até amanhã (6 de Setembro), reúne cirurgiões, fisioterapeutas, endocrinologistas, oncologistas, dentistas e terapeutas da fala provenientes de vários países para debater a patologia, em especial as novas tecnologias para a retirada dos nódulos e o tratamento multidisciplinar da doença.

Marta Bilro

Fonte: Portal Fator Brasil.

REPORTAGEM

15 de Setembro: Dia Europeu das Doenças da Próstata
Um cancro em cada 20 homens examinados



Aproximadamente 30 por cento dos homens portugueses com idade superior a 50 anos desenvolvem, a dada altura das suas vidas, o cancro da próstata. São 130 mil doentes e quatro mil novos casos anuais de um carcinoma que inicialmente surge assintomático, e que, depois do cancro do pulmão, é a doença oncológica mais comum no sexo masculino no nosso país, com uma prevalência de três por cento. Os especialistas dividem-se quanto à importância do rastreio, numa altura em que uma nova combinação de fármacos parece trazer boas notícias aos doentes, associando-se ao tratamento já existente: a braquiterapia. No dia 15 a Associação Portuguesa de Urologia assinala o Dia Europeu das Doenças da Próstata.

À luz dos resultados de um estudo divulgado na última terça-feira na XXIX Reunião da Sociedade Internacional de Urologia, que decorreu em Paris, a combinação dos fármacos dutasterida e tansulosina demonstrou eficácia alargada no tratamento da hiperplasia benigna da próstata quando comparada com a monoterapia, motivando uma melhoria significativa do quadro sintomático dos doentes. No estudo CombAT estiveram envolvidos 4800 homens com sintomatologia grave a moderada de HBP, que foram medicados com Avodart (durasterida), um inibidor da 5-reductase (5ARi) desenvolvido e comercializado pela GlaxoSmithKline, e tansulosina, um bloqueador alfa-adrenergico. O objectivo primacial do estudo, com um programa calculado para dois anos, foi o de aferir a eficácia da dutasterida e da tansulosina em associação versus a monoterapia, e avaliar os benefícios em termos de sintomatologia”, mas o estudo ainda está em marcha, depois de aferidos estes primeiros dados, visando determinar, a quatro anos, a eficácia daquela terapêutica combinada na redução da progressão da HBP, da incidência de episódios de retenção urinária aguda e da diminuição da necessidade de cirurgia associada à HBP.
Ao terceiro mês do estudo pôde ser verificado pelos cientistas responsáveis pelo estudo um primeiro sinal da “superioridade do regime combinado” no que respeita à melhoria significativa dos sintomas do aparelho urinário, resultante da comparação com a dutasterida isoladamente. O mesmo viria a acontecer, ao nono mês, no que toca à comparação com a tansulosina, também isoladamente. Os dois benefícios apurados mantiveram-se constantes até final da primeira fase do estudo CombAT, que demonstrou ainda, segundo os investigadores, que “a dutasterida é o unico 5ARi que condiciona uma redução dos sintomas mais consistente, se comparada com a tansulosina (bloqueador alfa), durante os dois anos de tratamento. Segundo os especialistas, os efeitos secundários decorrentes do prosseguimento do estudo “foram os esperados tendo em conta o perfil farmacológico das terapêuticas usadas em monoterapia. A incidência global de recções adversas e de efeitos colaterais graves foi idêntica nos três grupos de tratamento.

Braquiterapia
A mortalidade associada ao cancro da próstata tem vindo a aumentar no contexto europeu desde a década de 1980, e em Portugal é a segunda doença oncológica mais frequente nos homens, afectando cerca de 30 por cento daquela população com mais de 50 anos. Na Europa é diagnosticado um cancro da próstata em cada 20 homens rastreados, com uma cadência de três minutos entre cada sentença, e a cada seis minutos há uma vítima mortal da doença. O Hospital do Desterro, em Lisboa, realizou em 2004 um estudo que levou à identificação de tumores malignos em 43 pacientes, de um total de 828 rastreados. Foi aquela a primeira unidade de saúde pública portuguesa a disponibilizar o tratamento por braquiterapia, que além de evitar um longo período de hospitalização permite aos doentes uma recuperação mais rápida, mais cómoda e com menor custo.
Desde 2003 o Hospital do Desterro realizou centenas de intervenções cirúrgicas de braquiterapia, que consiste na implantação na próstata, mediante o uso de agulhas, de pequenas sementes radioactivas, que libertam altas doses de radiação. Durante o processo o médico é guiado por ultra-sons, a fim de posicionar adequadamente a emissão de radiações, que causam menor dano às células circundantes e actuam durante semanas ou meses sem necessidade de serem removidas. Com recurso a este tratamento os efeitos secundários associados à remoção da próstata, como a impotência sexual ou a incontinência, são muito reduzidos. De entre as técnicas de braquiterapia existentes actualmente em Portugal, aquela que se tem generalizado mais, pela sua relativa simplicidade, baixa taxa de complicações e reduzido tempo de internamento, é o implante permanente das pequenas sementes de Iodo-125. O procedimento é seguro, dada a relativamente baixa actividade e energia das partículas emitidas.

Dia da Próstata
Do vasto rol de actividades desenvolvidas pela Associação Portuguesa de Urologia faz parte a celebração anual do Dia Europeu das Doenças da Próstata, sempre ao dia 15 de Setembro. O objectivo desta jornada prende-se essencialmente com uma aposta na sensibilização dos profissionais de saúde e das populações para dados importantes como a prevalência das doenças da próstata e a forma de as evitar. A associação realiza habitualmente uma conferência de imprensa na véspera, e este ano não é excepção, estando o encontro marcado para a sede da APU em Lisboa. No encontro serão transmitidos alguns números actualizados e as informações de maior relevância sobre as patologias da próstata, que serão depois acompanhadas por campanhas nos vários meios de Comunicação Social, além da distribuição de cartazes e folhetos informativos nos centros de saúde, nos hospitais e na rede nacional de farmácias.

Carla Teixeira
Fonte: Estudo CombAT, Associação Portuguesa de Urologia, Agência Lusa, «Diário de Notícias», Jasfarma