A Celator Pharmaceuticals, uma pequena empresa norte-americana de biotecnologia, diz ter desenvolvido uma tecnologia capaz de determinar a proporção exacta na qual os medicamentos actuam na sua plenitude. De acordo com a Celator, o CPX-1, o produto principal da empresa, destinado ao tratamento do cancro colo-rectal em fase inicial, utiliza dois fármacos previamente aprovados, o irinotecano e o floxuridine, numa fórmula que assegura que a proporção ideal é mantida. “Penso que é isso que nos distingue de todos os outros”, frisou Andrew Janoff, director executivo da empresa.
Segundo refere a empresa biotecnológica, nalgumas combinações, existe a possibilidade de certas doses de medicamentos individuais inibirem a eficácia do tratamento. Noutros casos, as doses optimizam o efeito dos fármacos, permitindo-lhes atacar os tumores de forma mais eficiente. Tendo em conta as diferentes taxas de metabolização dos medicamentos, entre outros factores, a Celator consegue determinar a proporção certa e de forma precisa. Porém, “saber a proporção correcta das substâncias que devem ser utilizadas numa terapia de combinação não é suficiente”, explicou Janoff em declarações ao The Star-Ledger. Conforme refere este responsável “é preciso ter capacidade para criar terapias de combinação que mantenham essas proporções em níveis ideais depois de serem administradas aos doentes”.
A Celator está agora a utilizar um sistema que ajuda a manter intacta a proporção certa dos medicamentos sempre que os fármacos para o cancro se encontram no organismo. Esta inovação, no que diz respeito às substâncias combinadas, despertou a atenção de empresas de capital de risco. Brenda Gavin, membro do quadro de directores da Celator, afirma que os resultados pré-clínicos são animadores. Os dados recolhidos através dos ensaios clínicos realizados com ratos, que compararam a utilização de medicamentos anticancerígenos com eficácia comprovada às versões que fixam a proporção correcta produzidas pela Celator, revelaram resultados promissores para o tratamento do cancro colo-rectal e do pâncreas. “São fármacos que se sabe que funcionam”, referiu Gavin, e que, mesmo assim “é possível melhorar”.
No entanto, alguns investigadores na área do cancro preferem não elevar demasiado as expectativas. Até porque a ideia da proporção dos medicamentos é ímpar mas apenas demonstrou resultados em ensaios clínicos preliminares. “Por diversas vezes observámos resultados que funcionavam nos testes laboratoriais mas que não tinham o mesmo efeito nos ensaios clínicos”, sublinhou Susan Goodin, directora do departamento farmacêutico no Instituto do Cancro, em Nova Jérsia.
A Celatror está actualmente empenhada no desenvolvimento de combinações de fármacos para a leucemia mielóide crónica e para o cancro cerebral, do pescoço e pulmonar. Janoff prevê que a tecnologia da empresa possa também vir a ser utilizada noutras áreas terapêuticas.
Marta Bilro
Fonte: The Star-Ledger, Pharmalot.