segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Descoberta proteína que pode ser chave para controlar alergias

Investigadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, descobriram que a activação de uma proteína, a Siglec-8, que está presente em algumas células imunes, poderá ser a chave para acabar com as reacções alérgicas que levam à asma.

A proteína Siglec-8, que se encontra na superfície de algumas células imunes, denominadas eosinófilos, basófilos e mastócitos, tem um papel importante nas reacções alérgicas, podendo parar o mecanismo normal destas células de libertar substâncias que causam reacções alérgicas.

Estas células têm funções distintas, mas complementares. Enquanto os eosinófilos combatem agentes externos, como os parasitas, os basófilos e os mastócitos armazenam e libertam substâncias como a histamina, prostaglandinas e citoquinas, que são as responsáveis por comunicar com outras células do sistema imunitário para iniciar o combate.

Normalmente estas células mantêm o organismo saudável e livre de infecções, contudo, no caso de reacções alérgicas, as células evidenciam uma resposta intensa que demonstra ser mais prejudicial do que útil para o organismo.

Em estudos anteriores, descobriu-se que quando a Siglec-8, presente na superfície dos eosinófilos, foi activada resultou na morte dessas células. Os investigadores, esperando uma resposta semelhante, testaram a teoria num novo estudo em mastócitos humanos e em tecidos que contêm estas células. A equipa utilizou anticorpos para activar a Siglec-8 nos mastócitos criados em laboratório. Contudo, estas células continuaram vivas.

Posteriormente, a equipa de investigadores, liderada por Bruce Bochner, director da Divisão de Alergia e Imunologia Clínica da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, estendeu a experiência aos tecidos utilizando pedaços de pulmões humanos. As células foram então despoletadas a libertar as suas cargas, um acto que normalmente faz com que as vias áreas se constrinjam, tendo as contracções sido aproximadamente 25 por cento mais fracas, em comparação com o tecido pulmonar onde a Siglec-8 não estava activa.

Todavia, ainda não é claro como a Siglec-8 inibe os mastócitos de libertar os químicos que despoletam efeitos imunes.

Segundo Bochner, estes resultados podem eventualmente ser utilizados para desenvolver um fármaco com este mesmo efeito. Um fármaco deste tipo teria o duplo efeito de bloquear, ou reduzir, as reacções alérgicas ao matar os eosinófilos e ao prevenir que os mastócitos libertem as suas substâncias.

Apesar de existirem fármacos que afectam ou os eosinófilos ou os mastócitos, desenvolver um único medicamento, que se direcciona a ambos os tipos de células, poderá ser mais efectivo do que as terapias existentes, e poderá também ter um risco reduzido de efeitos secundários.

Isabel Marques

Fontes: www.azfarmacia.com, www.thaindian.com, www.innovations-report.de