segunda-feira, 12 de novembro de 2007

ENTREVISTA

Endocrinologista Helena Cardoso em entrevista
“O diabético é o seu próprio médico”


Por ocasião do Dia Mundial da Diabetes, que se comemora nesta quarta-feira, pela primeira vez com o beneplácito das Nações Unidas, o farmacia.com.pt foi ouvir quem lida diariamente com a doença. Helena Cardoso, endocrinologista no Hospital Geral de Santo António, no Porto, é clara: é essencial responsabilizar e envolver o doente no tratamento.

Porque a vida moderna é predisponente ao desenvolvimento de muitas e diferentes patologias, a docente no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS) considera que poderá haver um subdiagnóstico da diabetes, tendo em conta que os 650 mil doentes actualmente identificados em Portugal correspondem ao resultado do 4º Inquérito Nacional de Saúde, que assenta numa auto-declaração da doença, quando se sabe que muitas pessoas poderão estar doentes e não saber disso. Em entrevista ao farmacia.com.pt, Helena Cardoso lembrou que “os estudos mostram que existem muitos casos não diagnosticados de diabetes de tipo 2 e de alterações da tolerância à glicose”, um estádio anterior na escala de evolução da doença, pelo que se prevê entre a comunidade médica que o número de doentes diagnosticados poderá ser igual ao de não diagnosticados.
Uma situação que não se esgota no facto simples de desconhecer a realidade, mas que entronca numa dificuldade acrescida: “o diagnóstico tardio conduz ao atraso no tratamento e ao aparecimento de complicações”, ao mesmo tempo que a situação de “pré-diabetes associa-se a muitos factores de risco que são modificáveis, como a hipertensão, a dislipidemia (o aumento da gordura no sangue), a obesidade ou o tabagismo, que devem ser agressivamente corrigidos nestes doentes”. Na diabetes de tipo 2, esclarece a endocrinologista, é a vida moderna que potencia o problema, através do “aumento do sedentarismo” e ao ritmo de “cidades que desencorajam a prática de actividade física”. Por outro lado, acrescenta, “a publicidade, aliada a um mais baixo preço dos alimentos que têm alto valor calórico, bem como a facilidade da sua conservação, tornam os alimentos ricos em fibras como vegetais, legumes e frutas algo que se vai dispensando ou de que não se gosta, também devido à falta de hábito de os comer”.
Considerando que “o principal problema da diabetes não é as injecções diárias de insulina, mas a dificuldade de, tomando todas as medidas necessárias, conseguir controlar a evolução da doença, evitando as suas complicações de médio e longo prazo, essas sim incapacitantes”, Helena Cardoso deixa aos doentes diabéticos um apelo: “É preciso chamar a atenção da sociedade e do poder político para a doença e para a gravidade das suas repercussões”, preconizando ainda a necessidade da criação de “cidades mais saudáveis e da obrigação de proporcionar aos diabéticos as formas de conseguirem a optimização do seu controlo num investimento a curto e a longo prazo”. Diz ainda, em jeito de mensagem de esperança, que “os avanços da Medicina e da Ciência são constantes”, e pede “persistência no tratamento”, por considerar que “o diabético é o seu próprio médico”. Envolver os doentes na terapia só pode, na opinião da especialista, favorecer o seu sucesso. “O médico vai ensinar o que tem de fazer para se tratar, mas é ele que terá de assumir a responsabilidade pelo tratamento, para que, quando mais novidades vierem, possa usufruir em pleno dessas novas realidades”.

Bomba de insulina
Ligada à introdução em Portugal da terapia com bomba de insulina – apesar de não ter sido a primeira médica a apostar naquele tratamento, um mérito que reconhece a Francisco Carrilho, endocrinologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra, a investigadora do ICBAS frisa que aquele método “é cómodo e permite uma maior estabilidade glicémica”, destacando “a eliminação das múltiplas injecções diárias e a maior flexibilidade de horários e conteúdos das refeições” como vantagens. A não comparticipação da bomba de insulina – que tem um custo de cerca de 3500 euros e pressupõe uma despesa mensal de pelo menos 150 euros em consumíveis (cada cateter tem três dias de validade e os adesivos que o fixam à pele têm também de ser mudados), embora alguns doentes falem em verbas bastante superiores – é um grande obstáculo à sua generalização, mas Helena Cardoso assevera que uma vez adquirida a bomba e feita a adaptação ao aparelho “o diabético não tem vontade de abandonar” o tratamento.

Carla Teixeira
Fonte: Entrevista a Helena Cardoso
No âmbito da programação da Semana do Diabético
Jovem de 14 anos dá hoje aula a famosos


Kátia Sopas tem apenas 14 anos e sofre de diabetes do tipo 1. Nesta terça-feira, véspera do Dia Mundial da Diabetes, transforma-se em “professora” e dá uma aula sobre a doença que tão bem conhece. Os “alunos” são diversas personalidades da vida pública portuguesa que, no âmbito da programação da Semana do Diabético, se reúnem a partir das 16h30 no Centro Comercial das Amoreiras, em Lisboa.

A iniciativa tem a chancela da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal e tem como principal finalidade “desmistificar os mitos associados à diabetes”, suscitando a consciencialização da população para “a importância de aprender com aqueles que lidam diariamente com a doença”. Os actores da série «Morangos com açúcar» Mafalda Teixeira e Pedro Carvalho, os apresentadores Carolina Patrocínio e Luís Filipe Borges e o cantor Fernando Marques são alguns dos alunos da jovem Kátia, e já admitiram não estar devidamente informados sobre o problema que afecta 650 a 900 mil portugueses. Uma atitude que o presidente da AJDP, em declarações ao farmacia.com.pt, defendeu ser salutar. “É necessário que a população portuguesa em geral admita que ainda não sabe o suficiente sobre a diabetes, as complicações que dela podem resultar, as diferenças entre os dois tipo da doença, a necessidade de gerir a medicação e como lidar com a insulina em casos de diabetes tipo 1, entre outras questões”.

Carla Teixeira
Fonte: Comunicado da Hill and Knowlton, contacto telefónico com Paulo Madureira, presidente da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal

Cegueira diabética: fenofibrato diminui necessidade de tratamento a laser

Retinopatia diabética afecta cerca de 25 milhões de pessoas em todo o mundo
Os doentes com diabetes tipo 2 sujeitos a uma terapia com fenofibrato (um antidislipidémico) requerem, menos vezes, do tratamento a laser para retinopatia diabética, comparativamente, com os doentes que não recebem fenofibrato. Esta foi a conclusão que saiu do primeiro estudo que examinou o efeito protector de um agente para baixar os lipídios nas cegueiras causadas pela diabetes.

A cegueira causada pela diabetes (chamada de retinopatia diabética) é a maior causa da perda de visão em adultos - afectando cerca de 25 milhões de pessoas mundialmente. Actualmente, o único tratamento usado para combater esta doença é a terapia a laser. Contudo, sabe-se que, frequentemente, esta técnica reduz a visão periférica, bem como, causa outros efeitos colaterais e, nem tampouco, restaura a visão.

Entretanto, um estudo agora divulgado pela revista online «The Lancet» pode trazer uma nova luz aos casos de retinopatia diabética. Cientistas da Austrália, Nova Zelândia e Finlândia investigaram os efeitos de um agente para baixar os lipídios amplamente disponível - o fenofibrato - no uso do tratamento a laser em mais de 9000 homens e mulheres com a diabetes.

De salientar que, o Fenofibrate Intervention and Event Lowering in Diabetes (FIELD) Trial (Teste de Intervenção e Evento de Redução do Fenofibrato na Diabetes) é o maior estudo de agente para baixar os lipídios já realizado, até hoje, em adultos com diabetes que foram acompanhados ao longo de cinco anos. Foi também efectuado um sub-estudo dos seus efeitos na progressão da retinopatia diabética em mais de 1000 doentes.

Segundo avança a «The Lancet», os resultados do FIELD permitiram aos investigadores constatarem que “o fenofibrato reduziu em 31% a frequência do primeiro tratamento a laser para edemas maculares, e em 30% na proliferativa retinopatia diabética.” No sub-estudo – informa ainda a revista – “a redução do risco de ter o primeiro tratamento a laser foi 70% naqueles que recebem fenofibrato, no entanto, o número total de eventos foi pequeno - 23 cirurgias no grupo placebo, em comparação com cinco no fenofibrato grupo.”

Tony Keech, investigador e professor da Universidade de Sydney, (Austrália), esclareceu que o fenofibrato, agente modificador, “não conduziu a variações clinicamente significativas concentrações de HDL - colesterol entre os grupos placebo e fenofibrato.”

Assim, a equipa de cientistas do FIELD concluiu que “os benefícios substanciais do fenofibrato sobre a necessidade de tratamento a laser para retinopatia diabética são susceptíveis de ser equacionados aos benefícios resultantes de um controlo apertado da glucose no sangue e da pressão sanguínea na gestão de tipo 2 pacientes com diabetes mellitus”, garantindo que os resultados “emergem rapidamente após o tratamento é iniciado.”

A doença ocular diabética ocorre quando a diabetes afecta os vasos sanguíneos na parte de trás do olho danificando a retina e restringindo o fluxo do sangue. Este processo destrutivo ocorre em cerca de 74 por cento das pessoas que sofrem de diabetes por 10 anos ou mais.


Raquel Pacheco

Fontes: The Lancet/PRNewswire/ Medical News Today

Diabéticos usufruirão de “cheques-dentários” em 2009

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e o Governo estão a negociar o usufruto de “cheques-dentários” para diabéticos, em 2009. Orlando Monteiro da Silva quer que estes doentes sejam também beneficiados, para além das grávidas e dos idosos.

Em declarações ao «Diário de Notícias», o bastonário explicou que esta medida “tem estado a ser negociada com o Governo nos últimos meses, uma vez que, a ideia é que o novo programa seja alargado de forma progressiva a outras faixas da população.”

No que concerne ao novo programa – no âmbito desta área e, recentemente, anunciado pelo primeiro-ministro, Orlando Monteiro da Silva considerou estar assegurado o que era fundamental para a OMD, “a liberdade de escolha do utente, já que, todos os dentistas poderão aderir e não haverá um mecanismo burocrático.”

Segundo avançou o dirigente, a OMD e a tutela “vão agora acertar ponteiros sobre o número e o tipo de tratamentos a que o “cheque-dentário” dá direito nos grupos abrangidos.”

Raquel Pacheco

Fonte: DN

Pós-IVG: mais de 20% das mulheres têm problemas físicos e psicológicos

I Encontro de Estudos Médicos sobre a Vida apresenteu vários estudos


Mais de 20 por cento das mulheres sofre de problemas e doenças psicológicas depois de praticar uma interrupção voluntária da gravidez (IVG). A conclusão saiu do I Encontro de Estudos Médicos sobre a Vida, promovido pela Associação Mulheres em Acção (AMA) e que decorreu a semana passada, em Lisboa.

Em declarações ao farmacia.com.pt, fonte da organização fez o balanço do evento: “Esta iniciativa focalizou-se na análise das consequências físicas e psicológicas da IVG, tendo sido apresentados e debatidos uma série de estudos internacionais dedicados a esta matéria.”

Um dos estudos - coordenado Priscilla Coleman, professora da Universidade da Virgínia (EUA) intitulado «Mulheres recebem cuidados psicológicos 90 dias a seguir a um aborto» - “revelou que mais de 20 por cento das mulheres sofre de problemas e doenças psicológicas depois de praticar uma IVG”, informou a mesma fonte.

Por seu turno, em entrevista à Rádio Renascença, Carlos Ramalheira, médico psiquiatra dos Hospitais da Universidade de Coimbra e um dos coordenadores científicos do encontro, defendeu que “são necessários mais estudos a nível nacional para se conhecer esta realidade em concreto.”

Na opinião do especialista – responsável pela sessão de encerramento – “o que é importante é discutir se existem ou não determinados mecanismos que podem levar ao surgimento de determinadas doenças do foro neuropsiquiátrico em pessoas que são expostas a situações de vida traumáticas, como são sempre as situações ligadas ao aborto.”

Segundo Carlos Ramalheira, “não há ainda estudos feitos em Portugal, mas a discussão que está em cima da mesa é de extraordinária importância e apontará caminhos para aquilo que será necessário fazer em Portugal no acompanhamento destas situações”, destacou.

Raquel Pacheco

Fontes: AMA/ RR/ Email do farmacia-press

Novo Nordisk lança barómetro para avaliar progressão da diabetes

A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk lançou esta semana o Barómetro Changing Diabetes, uma ferramenta que permitirá avaliar o progresso da luta contra a diabetes em todo o mundo.

Através deste instrumento de análise, os profissionais de saúde, associações de pacientes, políticos, instituições e meios de comunicação passam a dispor de informação valiosa para saberem como melhorar a qualidade de vida dos diabéticos, diminuindo as complicações, aumentando as expectativas de vida e reduzindo os custos económicos.

“Há demasiado tempo que a luta contra a diabetes é feita às escuras. Chegou o momento de acender as luzes e mostrar os resultados que foram alcançados, com o objectivo de marcar uma mudança sustentável. O Barómetro Changing Diabetes oferecerá informação sobre como melhorar a vida das pessoas com diabetes e de como dar prioridade aos seus cuidados e tratamentos”, afirmou Lise Kingo, vice-presidente executiva da Novo Nordisk.

O laboratório publicará anualmente – em simultâneo com a comemoração do mundial da Diabetes – um relatório sobre os indicadores globais que foram identificados. O primeiro estudo, que engloba 21 países, indica que se poderão alcançar importantes poupanças se os diabéticos forem diagnosticados com maior antecedência, uma economia que pode chegar aos 20 por cento. Para além disso, as complicações aliadas á doença, incluindo as falhas renais, as amputações de membros, a cegueira e as doenças cardiovasculares, podem ser reduzidas através de um controlo mais apertado.

O relatório sublinha que adoptar uma atitude de passividade face ao problema sai mais caro, uma vez que vão continuar a ser gerados gastos com cuidados de saúde, ao nível social e indirectamente todos aqueles que derivem da perda de produtividade. Não é o número de diabéticos em si que está a fazer subir os gastos, mas antes as complicações derivadas da doença seguidas de uma detecção tardia e de um controlo escasso do problema.

“Apesar das estimativas indicarem que o número de diabéticos deverá ascender aos 380 milhões a nível mundial em 2025, o Barómetro Changing Diabetes revela que apenas alguns países possuem um sistema que lhes permite avaliar a diabetes e os seus efeitos na população”, adverte o professor Jean- Claude Mbanya, vice-reitor e professor de medicina e endocrinologia na Universidade de Yaundé, nos Camarões. “Se agirmos agora tirando lições do Barómetro, podemos melhorar o conhecimento, o tratamento e a consciencialização para a doença”, acrescentou.

A Novo Nordisk espera que o Barómetro se torne uma referência na discussão, avaliação, progresso e tratamento de dados relativos à doença.

Marta Bilro

Fonte: PM Farma, Europa Press, IndiaPRWire

Pneumonia matou seis mil portugueses em 2006

A pneumonia é a mais fatal de todas as doenças respiratórias tendo provocado a morte a seis mil portugueses em 2006, indicam os dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, citados pelo Diário de Notícias. Embora o número de vítimas provocadas por esta doença se mantenha estável, a lista de afectados não pára de crescer, sendo que, no ano passado o número de internamentos cresceu para os 34 mil, mais 6 por cento do que no ano anterior.

Apesar da mortalidade por pneumonia se manter estável, com cerca de 18 por cento dos doentes internados nos hospitais a falecer, o número de internamentos aumentou no ano passado 6 por cento em relação ao ano anterior, situando-se acima dos 34 mil. O número de internamentos não tem em conta os doentes hospitalizados devido a outras patologias, mas que também tinham pneumonia.

Esta subida no número de internamentos pode ser um indicador do aumento da gravidade da doença. “Ao todo o número de casos sobe aos 50 mil”, disse ao DN pneumologista e presidente da Associação Nacional da Tuberculose e Doenças Respiratórias, Teles Araújo, justificando que, "o acréscimo de casos pode ter a ver com o reforço da resistência aos antibióticos e com a idade dos doentes, na maioria com mais de 65 anos”.

Os dados do relatório indicam ainda que, em 91 por cento dos casos a morte por pneumonia ocorreu em doentes idosos. Relativamente à distribuição geográfica da doença, “o Norte e o Centro do País têm mais casos de internamento do que outras regiões, mas a mortalidade é maior no Centro e na Madeira”, salientou o especialista.

No que diz respeito a outras doenças respiratórias, como o cancro do pulmão, o relatório revela uma tendência de subida, com 4700 casos de internamento registados e 32 por cento de mortalidade. Ainda assim, os óbitos baixaram 1 por cento. Apesar da incidência da doença ser ainda “demasiado alta”, a tuberculose está também a diminuiu, referiu Teles Araújo.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, TSF, Diário Digital.