sábado, 28 de julho de 2007

Garantia dada ontem pelo director-geral de Saúde
Abortos nos centros de saúde ainda neste ano


O director-geral de Saúde, Francisco George, deu ontem conta da sua convicção de que a generalidade dos centros de saúde portugueses poderá começar a fazer interrupções voluntárias da gravidez através do método medicamentoso ainda no decurso deste ano. O calendário de iniciação da prática de abortos deverá depender do ritmo de instalação da capacidade para prestar aquele tipo de serviços.

Em declarações à Rádio Renascença, Francisco George afirmou ainda que os abortos realizados até às nove semanas através da administração de medicamentos para esse efeito é “uma competência do médico de família”, justificando com esse argumento que a intervenção tenha de ser feita no centro de saúde. Na opinião daquele responsável, o tempo até à instituição da medida em moldes globais só dependerá das condições de capacidade e segurança, estando apenas pendente a questão de “formar os médicos no que diz respeito ao uso daquele tipo de fármacos”, investindo também na busca de uma resposta para a actual necessidade de os disponibilizar naqueles espaços.

Carla Teixeira
Fonte: Rádio Renascença, Agência Lusa

Zambon regista crescimento superior ao do mercado farmacêutico

O laboratório farmacêutico Zambon cresceu 23 por cento no mercado brasileiro durante o primeiro semestre do ano, comparativamente ao mesmo período de 2007. O aumento é superior ao registado pelo sector farmacêutico que não ultrapassou os 10 por cento, revelam dados da empresa de consultadoria IMS Health.

Há um conjunto de factores que contribuíram para os resultados positivos da empresa, entre os quais estão o “lançamento de Fluimare, medicamento indicado para alívio da congestão nasal, a aquisição de Novaderm, e também o crescimento das vendas dos produtos Monuril e Spidufen ”, destacou o presidente da Zambon, Waldir Eschberger.

Estas acções surgem na sequência de uma campanha lançada pelo laboratório, no segundo semestre de 2005, com o objectivo de duplicar a facturação desse ano e alcançar a 30ª posição no mercado farmacêutico até o final de 2008. Desde o inicio deste programa de promoção, a Zambon subiu cinco posições no ranking, do 45º para o 40º lugar.

Marta Bilro

Fonte: Portal Fator

Apresentados novos resultados da trodusquemina para a obesidade

A Genaera Corporation apresentou novos dados de estudos pré-clínicos da trodusquemina (MSI-1436) para o tratamento da obesidade. Os resultados demonstraram que o MSI-1436 é um inibidor potente, altamente selectivo e reversível da proteína tirosina fosfatase 1B (PTP-1B), uma enzima central para ambos os caminhos da leptina e da insulina. Ao inibir a PTP-1B, espera-se que o MSI-1436 diminua o apetite e normalize o açúcar no sangue.

O mecanismo desta inibição, como indicado por cinéticas in vitro, funciona através da ligação a um sítio diferente do sítio catalítico da PTP-1B. As cinéticas in vitro demonstraram que o MSI-1436 é um inibidor alostérico, não competitivo da PTP-1B. Os dados apresentados também indicaram que o MSI-1436 atravessa a barreira de sangue-cérebro e é activo tanto central como perifericamente. Esta dupla localização da acção do MSI-1436 tornam o fármaco um candidato terapêutico promissor tanto para a obesidade como para a diabetes tipo 2.

Segundo o presidente da Genaera, Jack Armstrong, estes novos dados continuam a sustentar as conclusões de que a inibição da PTP-1B é o mecanismo predominante da acção do MSI-1436, o que o diferencia dos outros fármacos que estão a ser desenvolvidos actualmente. A trodusquemina ultrapassou a preocupação de selectividade que outros compostos que atacam a PTP-1B não conseguiram ultrapassar.

Os estudos pré-clínicos revelaram ainda que o MSI-1436 suprimiu o apetite e provocou uma perda de peso diferencial nos modelos de ratos com obesidade induzida com dieta (DIO). Adicionalmente, o MSI-1436 mostrou que reduz o tamanho dos adipócitos, reduz a gordura corporal sem a redução da massa magra, e melhora a tolerância à glicose via inibição de caminhos de sinalização nos modelos de ratos com DIO.

Com base neste mecanismo de acção único, a trodusquemina tem o potencial de fazer a ponte entre o tratamento de duas das doenças metabólicas mais graves, a obesidade e a diabetes tipo 2. A trodusquemina tem produzido uma perda de peso consistente e sustentável numa variedade de modelos animais, e parece superar o reajustamento metabólico, que frequentemente limita a perda de peso sustentada, durante restrição calórica. Adicionalmente, a trodusquemina tem mostrado a capacidade de tratar co-morbilidades associadas com a obesidade, tais como metabolismo da glicose anormal e aumento de colesterol.

Os novos dados foram apresentados durante a terceira cimeira anual de desenvolvimento de fármacos para a obesidade do Center for Business Intelligence (CBI), em Arlington, nos Estados Unidos.

Isabel Marques

Fontes: Pharmalive
Cientistas brasileiros analisaram 14 amostras biológicas
Identificada variante inédita do vírus da parotidite


Um grupo de investigadores do Instituto Adolfo Lutz, o maior laboratório público do Brasil, identificou uma nova variante do vírus causador da parotidite (papeira). A investigação, divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, permitiu a detecção do novo vírus em 14 amostras biológicas recolhidas entre Dezembro de 2006 e Maio deste ano em quatro municípios brasileiros.

Segundo Clélia Aranda, coordenadora do departamento do Controlo de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde, depois das fases de isolamento da cultura de células e da identificação por anticorpos monoclonais específicos, foi realizado um estudo molecular. As informações obtidas no âmbito da análise genética levaram os cientistas à conclusão de que as amostras isoladas constituíam um grupo de vírus que até ao momento não tinha sido identificado em qualquer outra parte do mundo. “São Paulo tem uma rede estruturada para identificar qualquer novo vírus circulante no Estado. Verificamos que havia algo diferente nestes casos, e o Lutz identificou o novo vírus”, afirmou a mesma responsável.
Os investigadores dos departamentos de Vírus Respiratórios e Biologia Molecular do Instituto Lutz, que nesta descoberta tiveram a colaboração do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, são unânimes na afirmação de que o novo vírus não representa motivo de alerta entre a população, porque os sintomas que causa são os mesmos das versões anteriores do agente causador da parotidite. Entre as pessoas acompanhadas nesta pesquisa houve algumas que adoeceram, o que a equipa de investigadores atribuiu ao facto de não estarem vacinadas, ou de terem recebido apenas uma das duas doses que a imunização prevê.
Em São Paulo não há registo de mortes por papeira desde 2004. Os investigadores acreditam que não há motivos para recear pela eficácia da vacina já existente, que tem sido utilizada com sucesso em todo o mundo. A parotidite é uma infecção viral aguda numa ou em ambas as glândulas parótidas. Caracteriza-se por um inchaço – que em 70 por cento das crianças atinge as duas glândulas –, febre (normalmente desaparece ao fim de três dias), dores com o tacto ou pressão, que pioram com a mastigação, mas que normalmente desaparecem ao fim de sete dias.

Tratamento
Causada pelo vírus paramixovírus, a papeira é típica da infância, mas pode afectar adultos que não tenham tido a doença enquanto crianças, ou que não tenham sido vacinados. Nestes casos pode originar meningites e doenças nos testículos e nos ovários, prejudicando a fertilidade futura, muitas vezes de forma irreversível. Nos países de clima temperado, como Portugal, a incidência da papeira é mais comum no Inverno e na Primavera. É altamente contagiosa, sendo transmissível através de espirros, tosse ou contacto directo com os doentes, mas a exposição só é relevante para quem não está protegido, por nunca ter tido a doença ou por não ter a vacina, cuja validade é vitalícia, independentemente da idade em que for feita a inoculação (que normalmente acontece na infância).
O tratamento para o alívio das dores e da febre é feito através da administração de medicamentos baseados em princípios activos como acetaminofeno ou ibuprofeno, sendo que a aplicação de compressas frias na região afectada podem igualmente ser positivas para dar mais conforto ao doente. A dieta também tem importância. É desaconselhada a ingestão de alimentos ácidos e de frutas cítricas, que aumentam a produção de saliva e, por conseguinte, favorecem um maior entumescimento das glândulas parótidas. Devem ainda ser evitados alimentos que requeiram processos exigentes de mastigação, e nos casos críticos, em que esta for muito dolorosa, será de pensar numa eventual dieta líquida.

Carla Teixeira
Fonte: BoaSaúde.uol, Wikipedia, Medicoassistente.com, Portal da Saúde Pública

Sepracor submete Lunivia a avaliação da EMEA

A Sepracor submeteu o Lunivia (eszopiclona) a aprovação na União Europeia indicado no tratamento da insónia. Caso receba autorização de comercialização da Agência Europeia do Medicamento (EMEA) o fármaco deverá ser vendido nos 27 estados membros.

A candidatura inclui os resultados de 122 ensaios pré-clínicos, 35 ensaios clínicos e de dois estudos que recomendam que sejam incluídas indicações no folheto informativo que referem que o medicamento não tem quaisquer efeitos sobre a capacidade de condução no dia seguinte.

A farmacêutica norte-americana revelou ainda que já deu início ao processo para levar a cabo um estudo de seis meses realizado em toda a Europa com o objectivo de determinar os potenciais benefícios da eszopiclona na redução dos sintomas de depressão e na prevenção da reincidência.

A substância, comercializada nos Estados Unidos da América como Lunesta, está disponível naquele mercado desde 2005 para o tratamento da insónia. As receitas do medicamento atingiram, em 2006, os 408 milhões de euros. No mesmo ano, o mercado europeu de sedativos foi estimado em 367 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Yahoo, Forbes.

GSK e Ranbaxy chegam a acordo no caso da patente do Valaciclovir

A Ranbaxy, farmacêutica indiana no ramo dos genéricos, e a GlaxoSmithKline (GSK) chegaram a um acordo no caso que envolvia a disputa da patente norte-americana do Valtrex (Valaciclovir), um medicamento produzido pelo laboratório britânico utilizado na tratamento da herpes.

Segundo os termos do acordo, a Ranbaxy tem autorização para introduzir uma versão genérica do Valtrex no mercado dos Estados Unidos da América (EUA) no final de 2009 e obtém exclusividade sobre as vendas do produto durante 180 dias.

A Ranbaxy recebeu aprovação final da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para produzir e comercializar comprimidos de Valaciclovir em Fevereiro de 2007. Porém, a patente do Valtrex expira apenas em 2009 tanto nos EUA como na maioria dos países europeus, com excepção da Espanha e da Grécia, onde tal deverá acontecer já em 2008. As vendas mundiais do fármaco renderam, em 2006, mais de 953 milhões de euros.

A GSK instaurou um processo jurídico contra a Ranbaxy para impedir que esta lançasse no mercado um genérico do Valtrex.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, Medical, Marketing & Media, Herald Tribune.

EMS lidera mercado farmacêutico brasileiro no primeiro semestre

A EMS, que em 2006 se destacou como líder no segmento farmacêutico brasileiro em unidades comercializadas, volta, este ano, a chamar atenções ao assumir o primeiro lugar na facturação, com um total de 321,3 milhões de euros (830,5 milhões de reais) no período entre Janeiro e Junho. Os investimentos em infra-estruturas e na investigação terão sido os principais responsáveis pelo crescimento da EMS.

De acordo com os dados da empresa de consultadoria IMS Health, a EMS representa já 7,3 por cento do share de mercado do sector farmacêutico no Brasil. O resultado do semestre traduz uma evolução de 32,2 por cento em relação a igual período do ano anterior. Com um total de 68,2 milhões de medicamentos comercializados no primeiro semestre do ano, a empresa mantém-se igualmente na liderança com 9,2 por cento do mercado. O resultado representa um crescimento de 25,7 por cento em relação ao mesmo período de 2006.

Telma Salles, directora de relações externas da SEM, salienta que é preciso trabalhar ainda mais para manter a liderança e superar as expectativas do mercado de consumidores brasileiros. “Somos uma empresa ousada e inovadora por natureza. Investimos em infra-estruturas e pesquisa para ultrapassar sempre os nossos limites”, acrescentou a responsável. Para se manter no topo a EMS investe, anualmente, cerca de 6 por cento da sua facturação em investigação e desenvolvimento, assegurando um ritmo constante de lançamento de novos produtos.

Os medicamentos genéricos são um dos principais contributos para o sucesso da empresa, segmento que, nos primeiros seis meses de 2007, representou 54 por cento da facturação geral da EMS, com 176 milhões de euros (455,2 milhões de reais), refere o relatório da IMS Health.

Marta Bilro

Fonte: Portal Fator

Entidade reguladora no Brasil envolta em polémica
Lei proíbe medição da tensão arterial na farmácia


Se em Portugal a medição da tensão arterial nas farmácias constitui um hábito com alguns anos, e que a população encarou desde sempre com normalidade, no Brasil o caso é diferente: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugeriu uma alteração da lei vigente – que actualmente impede aquela leitura nas farmácias – e a Sociedade Brasileira de Cardiologia reagiu com indignação, referindo que se trata de uma tarefa dos médicos, que deve continuar vedada aos farmacêuticos.

A proposta da Anvisa integra uma resolução de âmbito geral de regulamentação do sector, que se encontra em fase de consulta pública, e que faz algumas exigências para evitar abusos como a venda de determinados produtos nos estabelecimentos de dispensa de medicamentos, como rações para gado ou carvão. A medida prevê dar permissão aos farmacêuticos para assumirem a responsabilidade junto dos seus doentes por procedimentos como a medição da pressão arterial. Algo que para a Sociedade Brasileira de Cardiologia é impensável, visto que aquela tarefa “é uma atribuição exclusiva dos médicos”.
A autoridade nacional brasileira preconiza ainda a permissão para os farmacêuticos fazerem testes rápidos de glicose, pequenos curativos, inalações e medições da temperatura dos clientes, seguindo a filosofia de que a farmácia deve ser um local de promoção da saúde, e não apenas um mero disponibilizador de medicamentos, tese defendida pelo Conselho Federal de Farmacêuticos e pelo Ministério da Saúde do Brasil. No entanto, nem mesmo no seio da Anvisa há consenso em torno destas medidas, sendo que muitas vozes internas consideram que a prestação daquele tipo de serviços não se coaduna com o conceito de farmácia. O texto da resolução não foi aprovado por dois dos quatro directores da agência, tendo passado no crivo daquele órgão apenas porque o director presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, tem voto de qualidade.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Estado, O Estado de S. Paulo, Último Segundo
Descoberta pode ajudar a desenvolver tratamentos
Açúcar espoleta sensação de prazer da nicotina


Como se produz a sensação de prazer decorrente do consumo do tabaco? Quando a nicotina chega ao cérebro e estabelece ligação com os neurónios, como é que as células enviam o sinal que acciona o mecanismo do prazer e anuncia a sensação de bem-estar comum nos fumadores quando “puxam” do cigarro? Uma pesquisa de cientistas norte-americanos acaba de estabelecer uma teoria curiosa: na génese da satisfação aportada pelo cigarro estará, dizem, o açúcar.

Dados do estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade do Sul da Califórnia sugerem que o açúcar tem capacidade para “abrir caminho à passagem pela membrana celular, anunciando a chegada da nicotina ao cérebro”. De acordo com o biólogo Raymond Stevens, do Instituto de Pesquisa Scripps, que esteve ligado a esta investigação, cujos resultados serão a breve trecho publicados na edição online da revista científica «Nature Neuroscience», as conclusões deste estudo constituem “um marco nos campos da biologia estrutural e da comunicação neurológica”, porque além da dependência da nicotina, podem identificar alvos para o desenvolvimento de medicamentos relacionados com o tratamento de patologias como a epilepsia, a esquizofrenia ou a depressão.
Os cientistas aferiram que as moléculas do açúcar desempenham um papel crucial na actividade das proteínas, pelo que o estudo “preenche uma lacuna importante na área e estabelecem um novo paradigma”, segundo declarou Lin Chen, professor associado de Biologia Molecular e Computacional da universidade californiana. Há várias teorias correntes que consideram o papel do açúcar, mas o responsável diz que a maioria estará “provavelmente incompleta”, uma vez que o debate relativo ao modo como os sinais passam do exterior para o interior das células está em curso há já muito tempo, sem solução ou consenso. “O açúcar é fundamental”, garantiu Lin Chen.
De acordo com o mesmo especialista, os investigadores norte-americanos também encontraram uma molécula de água no interior do receptor – um dado significativo, explicou, já que em regra as proteínas são integralmente preenchidas por matéria hidrofóbica (repelente da água), circunstância que ajudará a manter a estrutura e a forma daqueles compostos. No entanto, segundo referiu Lin Chen, a molécula de água agora descoberta é capaz de activar o receptor para alterar o seu formato e contrabalançar a deformação ocasionada pela abertura e pelo encerramento da entrada da membrana das células, o que poderá ajudar a compreender o fenómeno da produção de satisfação pelo consumo de tabaco.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Fapesp
Ex-quadro da Wyeth e da Pfizer denuncia práticas ilegais
O «pesadelo» da indústria farmacêutica

Chama-se Peter Rost. É médico, nasceu na Suécia, mas vive nos Estados Unidos. Trabalhou para a Wyeth e para a Pfizer, e em ambas as companhias farmacêuticas foi demitido por denunciar práticas ilegais e anti-éticas. Diferendos que estiveram na base do livro «The whistleblower: confessions of a healthcare hitman», lançado em 2006. Hoje Peter escreve sobretudo num blog, mas tem agendado para 2008 um novo livro, «Killer Drug», que define como uma história de ficção passada num laboratório, mas em que diz haver “muitos factos reais”...

Embora o diferendo que manteve com a Wyeth tenha sido anterior (na década de 90 o médico foi delator de uma alegada fuga aos impostos), Peter Rost terá ficado conhecido da opinião pública americana e da indústria farmacêutica de todo o mundo quando, em Dezembro de 2005, se mostrou desagradado com a forma como a Pfizer, onde era vice-director de marketing, promoveu o genotropin, um medicamento para o crescimento. Rost acredita que a publicidade ao fármaco foi feita de forma ilegal, já que era anunciado como um potente produto contra as rugas, e queixou-se aos responsáveis máximos da empresa.
Em entrevista à revista brasileira «Época», que deverá ser publicada na edição do mês de Agosto, Peter Rost nega ter comprado uma zanga com a Pfizer, preferindo acusar a direcção da multinacional de o ter feito. “Eu apenas fazia o meu trabalho, mas um dia presenciei uma acção ilegal e questionei-a. Fui ignorado, mas quando disse o que sabia, fui demitido”, relatou. Depois disso, diz ter sido ameaçado por um empresário indiano do sector farmacêutico, mas considera que as companhias não incorreriam no erro de o ameaçar, porque teriam uma exposição muito grande e prejudicial se o fizessem. Diz, no entanto, que as empresas farmacêuticas “são muito poderosas porque ganham muito dinheiro” e “podem comprar tudo e todos”, acusando mesmo os laboratórios americanos de serem “donos da Casa Branca”, com a administração norte-americana a negociar muitas vezes em seu nome com os países pobres.
Considerando que “não há interesse das farmacêuticas em desenvolver fármacos que possam acabar com doenças conhecidas há décadas”, Peter Rost considera que há determinadas práticas na indústria do sector que “põem em risco a saúde pública da população mundial”, e lembra, a título de exemplo, o caso do Vioxx, um anti-inflamatório da Merck Sharp & Dohme que foi retirado do mercado em 2004 – a que o farmacia.com.pt se referiu recentemente – por ter causado ataques cardíacos a milhares de pessoas pelo mundo. O médico garante que “não podemos confiar nos laboratórios”, cuja “preocupação principal é ganhar dinheiro”, e acusa-os mesmo de inventar doenças para justificar o desenvolvimento e a venda de novos produtos, como “é o caso da menopausa”.

Carla Teixeira
Fonte: Revista «Época»
Lotes de Viracept contaminados com mesilato de etilo em Junho
EMEA recomenda manutenção da suspensão


A Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) recomendou à Comissão Europeia que mantenha suspensa a Autorização de Introdução no Mercado do Viracept, um anti-retroviral desenvolvido e comercializado pela Roche Registrattion Limited, que no início do mês de Junho foi retirado do mercado na sequência da contaminação de alguns lotes do fármaco com mesilato de etilo, uma substância nociva que terá afectado a produção do Viracept, que tem como princípio activo o nelfinavir.

A Roche detectou a presença inesperada daquele contaminante, um conhecido genotóxico prejudicial para o ADN, cujo risco para os doentes (crianças com mais de três anos, adolescentes e adultos) infectados com o VIH é difícil de determinar, levando ao arranque imediato do processo de recolha do medicamento em toda a União Europeia. Volvido mais de um mês sobre o primeiro comunicado da EMEA que dava conta do problema, e depois de a autoridade nacional do sector também ter ordenado a recolha do Viracept em Portugal, a avaliação do risco prossegue, e sem resultados conclusivos, pelo que a Agência Europeia do Medicamento emitiu nova recomendação, no sentido do prolongamento da suspensão da venda do medicamento, exortando os doentes que tenham embalagens do produto em casa a entregá-las numa farmácia.
No passado dia 6, de acordo com informações avançadas pelo Infarmed numa nota enviada ao farmacia.com.pt, a EMEA convocou uma reunião com representantes da Roche Registrattion Limited, da Comissão Europeia, da Organização Mundial de Saúde e das entidades reguladoras do sector do medicamento em Espanha e na Suíça. A empresa farmacêutica informou os parceiros do plano de acção a levar a cabo para apurar as razões da contaminação do produto e no sentido de prevenir a ocorrência de situações semelhantes no futuro. O relatório completo deverá chegar à EMEA durante o próximo mês de Agosto, segundo o Infarmed.
Cerca de duas semanas depois, o Grupo Europeu de Farmacovigilância (composto por peritos da EMEA em segurança de medicamentos) avaliou duas propostas da companhia farmacêutica, relativas à realização de estudos toxicológicos, que vão arrancar nos próximos dias, e do registo de todos os doentes que podem ter estado expostos à substância contaminante, com a ajuda dos médicos assistentes. Serão incluídos nesses registos todos os doentes que foram tratados com o medicamento fabricado a partir dos lotes altamente contaminados, e que foram libertados desde Março até à data da recolha do mercado em França, na Alemanha, em Itália, em Portugal, em Espanha e no Reino Unido, as mulheres que tomaram o Viracept na gravidez e as crianças que alguma vez o tomaram, ou que foram expostas ainda in útero, desde que o Viracept foi colocado no mercado da União Europeia, em 1998.

Para mais esclarecimentos contactar o Centro de Informação do Medicamento e Produtos de Saúde do Infarmed, através da Linha Verde do Medicamento (800222444) ou por correio electrónico (centro.informacao@infarmed.pt), ou ainda o Departamento de Farmacovigilância, através do número de telefone 217987140.

Carla Teixeira
Fonte: EMEA, Infarmed