sábado, 10 de novembro de 2007

Merck & Co. irá pagar 4,85 mil milhões de dólares para resolver caso Vioxx

A norte-americana Merck & Co está a planear desembolsar 4,85 mil milhões de dólares para resolver grande parte das queixas, tanto a nível estatal, como federal, de danos, que incluem ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, que o anti-inflamatório Vioxx (rofecoxib) terá provocado em pacientes norte-americanos. A Merck afirmou que não está a admitir a culpa ao propor o acordo.

O acordo, o maior nos Estados Unidos este ano, está projectado para resolver aproximadamente 85 por cento dos processos lançados contra o fármaco para a osteoartrite. As entidades da companhia estimam que o acordo, caso seja aceite, irá encerrar 45 mil a 50 mil processos de danos pessoais, que envolvem utilizadores norte-americanos do Vioxx que sofreram ataques cardíacos ou acidente vascular cerebral (AVC) isquémico.

Irá ser criado um fundo para o acordo no valor de 4 mil milhões de dólares para aqueles que sofreram ataques cardíacos enquanto tomaram o fármaco. 850 milhões de dólares serão postos de parte para aqueles que sofreram acidentes vasculares cerebrais.

O Vioxx, que atingiu vendas anuais de 2,5 mil milhões de dólares, foi retirado do mercado em 2004, após um estudo ter demonstrado que aumentava o risco de ataques cardíacos em alguns pacientes, no caso de utilização por mais de 18 meses. A companhia enfrenta mais de 26 500 processos judiciais de antigos utilizadores que declaram que o fármaco provocou AVC e ataques cardíacos.

O acordo marca uma mudança de estratégia por parte da Merck, que tencionava contestar cada caso individualmente, em vez de considerar um acordo alargado, mas agora a companhia afirma que diversos factores tornaram esta a altura certa para o acordo. Segundo o presidente da Merck, Richard T. Clark, este é um acordo bom e responsável, que é certo que forneça um grau significativo de certeza.

O vice-presidente executivo da Merck, Kenneth Frazier, declarou que sem este acordo a litigação poderia prolongar-se por muitos anos. Frazier denominou este acordo como responsável e razoável, e que permite à Merck quantificar a responsabilidade legal, estimada anteriormente em 50 mil milhões de dólares. Desta forma, evita-se uma batalha judicial longa que poderia ser ainda mais dispendiosa.

Esta é uma grande concessão por parte da Merck, que sempre defendeu que o Vioxx apenas provocava danos após uma utilização durante 18 meses. Estas alegações foram rejeitadas por cientistas independentes e pelos advogados dos queixosos.

Para serem elegíveis para receber os pagamentos, os queixosos devem reunir três requisitos: prova médica de ataque cardíaco ou AVC, utilização documentada de, pelo menos, 30 comprimidos de Vioxx, e provas de que tomaram o fármaco, pelo menos, 14 dias antes de sofrerem os danos. O acordo não inclui pessoas fora dos Estados Unidos, nem com danos diferentes.

Os pagamentos deverão variar, dependendo da gravidade dos danos, da duração de utilização do Vioxx, e dos riscos que cada pessoa tinha para doenças cardiovasculares. As indemnizações poderão começar em Agosto de 2008.

A farmacêutica declarou ainda que irá contestar todas as queixas não incluídas no acordo. Desde a retirada do Vioxx, a Merck ganhou 11 casos em tribunal e perdeu cinco.

Isabel Marques

Fontes:
www.networkmedica.com, Bloomberg, The Associated Press, Reuters

40% dos idosos portugueses tomam medicação inadequada

Cerca de 40 por cento dos idosos portugueses tomam medicamentos inapropriados, que deveriam ser substituídos por outros mais seguros. A conclusão resulta de um estudo elaborado pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa que revelou também que os erros de prescrição dão origem a vários efeitos adversos, estando ligados a “11% dos internamentos hospitalares nos idosos”, noticia a edição deste sábado do jornal Diário de Notícias.

O estudo, que contou com a participação de 213 pacientes da área da Grande Lisboa, “revela que o País tem muitos mais casos de idosos a tomar fármacos errados do que outros países europeus, onde a percentagem é de 25%”, afirmou Sofia de Oliveira Martins, investigadora da Faculdade de Farmácia, citada pelo DN.

Tendo em conta os critérios Beers de 2003, "que avaliam o que o idoso deve tomar", foram detectados 114 casos de doentes (38,5 por cento dos participantes) com medicação errada, 40 por cento dos quais diziam respeito a fármacos que, de acordo com a listagem internacional, deveriam ser evitados pela população idosa, como as benzodiazepinas de longa duração (calmantes) e a ticlopidina, um anticoagulante utilizado na prevenção de tromboses e AVC.

Conforme explicou Sofia Martins, o diazepam, por exemplo, por ser “um medicamento de longa duração” torna-se difícil de eliminar do organismo, o que faz com que os idosos fiquem confusos, sonolentos, tontos e com tendência para caírem quando se levantam. Um estudo realizado em 2002 indicava que as quedas eram a principal causa de internamento associada a reacções adversas a medicamentos.

Por sua vez, a ticlopidina, que é utilizada para evitar a formação de coágulos, não supera a actuação da aspirina sendo, porém, muito mais tóxica, refere o estudo. Os antidepressivos, responsáveis por 22,8 por cento dos casos de medicação errada, surgem também entre os principais causadores de internamento entre os idosos. Em 96 por cento das situações estes medicamentos eram prescritos. A mesma investigação diz ainda que se para 70 por cento dos doentes um medicamento era desadequado, em 23,2 por cento dos casos dois fármacos deveriam ser excluídos.

No total, os pacientes incluídos neste estudo estavam a tomar 1543 medicamentos, o que resulta numa média de 7,23 fármacos por pessoa, um número que não se distancia do registado em outros países. A duração e a dosagem foram outros dos aspectos analisados, tendo-se observado que um em cada dez idosos tomava medicamentos em doses demasiado elevadas ou por demasiado tempo. "Há alternativas mais seguras e baratas. Além disso, acontece frequentemente que os idosos, com organismos envelhecidos, continuam a tomar as mesmas doses que tomavam em novos", referiu a investigadora

A dificuldade dos médicos em aceder a instrumentos específicos para os idosos foi uma das principais razões apontadas para o elevado número de prescrições erradas. Segundo afirmou Sofia Martins, “apesar de haver alguma informação, ainda não passou para a prática clínica”. A alternativa seria o acompanhamento por geriatras, mas "a especialidade não existe em Portugal. Para António Leuschner, ex-coordenador do Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas, há falta de atenção específica para o idoso, um aspecto que está já “a ser analisado no plano“. Maria João Quintela, especialista em gerontologia, chama a atenção para a necessidade de "uma revisão da terapêutica, para retirar os medicamentos ineficazes".

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias, Infarmed.

10 a 15 por cento dos cancros são de origem sanguínea

Entre 10 e 15 por cento dos cancros têm origem sanguínea, mas os tratamentos são cada vez mais eficazes e as taxas de sobrevivência elevadas, disse à Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH). O linfoma, a leucemia ou o mieloma são os três tipos de cancro de origem sanguínea com maior incidência nos últimos 30 a 40 anos, em parte por a esperança de vida ser cada vez maior.

O presidente da SPH participa na reunião anual da instituição, que se encontra a decorrer desde quinta-feira até sábado, em Albufeira, onde deverão ser debatidas as doenças de Hematologia, especialidade médica que se foca nos tecidos e órgãos responsáveis pela proliferação, maturação e destruição das células sanguíneas.

Ao contrário de outros tumores, estes, por não serem sólidos, não podem ser tratados através de cirurgia, já que a medula óssea está distribuída por todo o corpo humano, assim como as células sanguíneas, explicou Parreira.

Os tratamentos, como a quimioterapia, permitem taxas de cura que rondam os 80 por cento nos casos de leucemia em crianças (a doença maligna mais frequente na população infantil) e os 60 por cento em determinados tipos de linfoma.

"Ao contrário do que se pensa, ter uma leucemia ou um linfoma não é uma sentença de morte", sublinhou o presidente da SPH, adiantando ainda que, nos casos em que não há cura, existem tratamentos que permitem atenuar ou eliminar os sintomas da doença.

"Existem certos tipos de linfoma cuja taxa de cura é baixa, mas a eficácia dos tratamentos permite conviver com a doença por períodos muito longos", observou António Parreira. No entanto, os cancros do sistema sanguíneo não são passíveis de prevenção e só a detecção precoce através de exames de rotina pode abrir a oportunidade para um tratamento mais eficaz.

"Em circunstâncias particulares há uma predisposição genética, como nos casos do cancro da mama e cólon, mas não há razões conhecidas para o aumento da incidência de linfomas", explicou o especialista, revelando que uma das razões possíveis, embora não esteja comprovada cientificamente, prende-se com factores ambientais, como a exposição a agentes tóxicos para o organismo ou substâncias poluentes.

No caso do linfoma, a incidência é superior nas pessoas mais idosas e pode atingir 20 a 30 em cada 100 mil, mas nos mais jovens a incidência atinge os 2 0u 3 casos por 100 mil habitantes.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

FDA aprova anti-histamínico Zyrtec-D para venda livre

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) aprovou a comercialização no formato de venda livre, ou OTC (“over the counter”), do fármaco Zyrtec-D (cetirizina), da Johnson & Johnson, para a alergia e febre dos fenos. O medicamento irá ser comercializado nos Estados Unidos sob as mesmas restrições dos restantes fármacos que contêm pseudoefedrina.

O Zyrtec-D, aprovado desde 2001 e originalmente sujeito a receita, combina um anti-histamínico, a cetirizina, e um descongestionante, a pseudoefedrina. Os reguladores norte-americanos aplicaram restrições à pseudoefedrina, porque é utilizada no fabrico de narcóticos ilegais, como a metanfetamina.

As limitações impostas pela FDA estão relacionadas com a administração do fármaco (apenas para maiores de 12 anos), e com a quantidade de caixas que o consumidor pode comprar, como também na obrigatoriedade do farmacêutico registar o nome do comprador. Os pacientes poderão ter de mostrar ao farmacêutico uma identificação emitida pelo governo para comprar o Zyrtec-D.

O Zyrtec-D é utilizado para aliviar os sintomas de febre dos fenos ou de outras alergias respiratórias, tais como, nariz a pingar, espirros frequentes, olhos lacrimejantes, congestão nasal e pressão sinusal.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Bloomberg, CNNMoney

Cephalon paga 425 milhões de dólares para concluir investigação

A companhia biotecnológica Cephalon Inc acordou pagar ao Departamento de Justiça norte-americano 425 milhões de dólares como acordo extrajudicial para concluir uma investigação federal e de estado sobre práticas ilegais de marketing que vão contra o Medicaid. A companhia irá declarar-se culpada de violar a legislação federal de prescrição de fármacos.

As investigações sobre as vendas e práticas de marketing da Cephalon envolveram a utilização extensiva “off-label” (para outras indicações terapêuticas, dose ou posologia que não as aprovadas durante a avaliação que antecede a entrada do medicamento no mercado) de alguns dos fármacos, incluindo o Fentora (fentanilo) e o Actiq (citrato de fentanilo), para alívio da dor em pacientes oncológicos, o Gabitril (hidrocloreto de tiagabina), para a epilepsia, e o Provigil (modafinil), para a narcolepsia.

As companhias só estão autorizadas a promover os fármacos para utilizações que foram aprovadas pelos reguladores norte-americanos, contudo os médicos podem prescrever os medicamentos para outras indicações, como achem melhor.

Isabel Marques

Fontes: http://www.networkmedica.com Reuters, www.chron.com , The Wall Street Journal Online