sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sanofi-Aventis e Regeneron desenvolvem anticorpos terapêuticos humanos

A francesa Sanofi-Aventis SA e a biotecnológica norte-americana Regeneron Pharmaceuticals Inc entraram num acordo global e estratégico de colaboração para desenvolver e comercializar anticorpos terapêuticos totalmente humanos, utilizando a tecnologia registada da Regeneron, VelociSuite (incluindo a VelocImmune).

Adicionalmente, a Sanofi-Aventis irá aumentar o seu investimento na companhia norte-americana de quatro por cento para 19 por cento, através da compra de 12 milhões de novas acções num total de 312 milhões de dólares.

O representante da área de investigação da Sanofi-Aventis, Jean-Claude Muller, declarou que o acordo irá ajudar a companhia a atingir o objectivo de avançar 20 potenciais novos fármacos para desenvolvimento anualmente. Um anticorpo que atinge o receptor de interleucina-6 (IL-6) já iniciou ensaios para a artrite reumatóide, enquanto um segundo anticorpo que atinge a ligando-4 similar a Delta está planeado para iniciar o desenvolvimento clínico em 2008.

Os anticorpos terapêuticos totalmente humanos evitam a utilização de material animal para reduzir o risco de qualquer tipo de reacção adversa nos pacientes.

Como parte da colaboração, a Sanofi-Aventis irá fazer um pagamento inicial de 85 milhões de dólares à Regeneron, e irá fornecer cerca de 475 milhões de dólares em financiamentos durante os próximos cinco anos. Em troca, a Sanofi-Aventis irá garantir uma opção exclusiva para co-desenvolver cada candidato do portfólio da colaboração.

A Regeneron irá ter o direito de co-comercializar todos os fármacos da colaboração numa base global, caso estes sejam aprovados, e dividir metade dos lucros dos produtos vendidos nos Estados Unidos. Fora do país, a Sanofi-Aventis terá o direito a lucros entre os 55 por cento e os 65 por cento dos fármacos comercializados.

As duas companhias já estão a desenvolver um fármaco oncológico experimental denominado aflibercept, que pertence à mesma classe do blockbuster Avastin, da Genentech Inc e da Roche Holding AG.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Reuters, Regeneron

Antidepressivo Lexapro apresenta resultados positivos em adolescentes

A norte-americana Forest Laboratories Inc e a Lundbeck apresentaram dados preliminares positivos de um ensaio de Fase III do antidepressivo Lexapro/Cipralex (oxalato de escitalopram) em adolescentes. A companhia norte-americana antecipou que irá apresentar um pedido de aprovação do fármaco à agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) durante 2008.

Os resultados demonstraram que os pacientes com idades compreendidas entre os 12 e 17 anos com episódios depressivos major que receberam o fármaco experimentaram uma melhora significativa nos sintomas da depressão, em comparação com aqueles que tomaram placebo. Espera-se que sejam divulgados dados adicionais do estudo em 2008.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, First Word

Estudo identifica alergias alimentares e medicamentosas em crianças

Iniciativa da Universidade de Aveiro envolve 600 participantes

Os problemas alérgicos são uma preocupação frequente para muitos cidadãos e a sua prevalência continua a aumentar em Portugal. Através de um projecto que envolve perto de 600 crianças, do distrito de Aveiro, com idades compreendidas entre os 0 e os 10 anos de idade, a Universidade de Aveiro espera identificar cerca de 25 por cento das crianças com problemas alérgicos, derivados de alergias alimentares, medicamentosas ou de outro tipo.

A iniciativa, que pretende identificar crianças com doenças alérgicas que pela sua patologia possam correr risco de vida, conta com a participação de dezanove escolas do ensino público e privado e desenvolve-se em três fases, ao longo deste ano lectivo. O projecto é da responsabilidade dos departamentos de Ciências da Educação e Didáctica e Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro, em parceria com a Associação Ambiente e Alergias para a Promoção e Protecção da Saúde – Infantasma.

Numa primeira fase será aplicado um inquérito aos encarregados de educação que permitirá detectar a existência de casos de alergia. Num plano posterior serão aprofundadas as causas, recorrendo a consultas e testes gratuitos e, por último, serão ministrados workshops e actividades de formação a todos os elementos da comunidade escolar. No final, a Infantasma irá apetrechar as escolas com um kit composto pelos medicamentos necessários a administrar em caso de choque anafiláctico.

Um dos principais objectivo passa por assegurar que todos os que rodeiam as crianças estejam preparados para reagir face a qualquer situação urgência alergológica, nomeadamente uma alergia alimentar, medicamentosa, uma alergia venenosa ou crises de asma.

Os responsáveis pelo projecto esperam assim identificar cerca de 25 por cento das crianças com problemas alérgicos, das quais 1 a 2 por cento sofrerão de problemas graves, com origem em alergias alimentares, medicamentosas ou de outro tipo.

Um estudo recente realizado pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) revelou que entre as crianças em idade pré-escolar, 21,5 por cento apresentavam queixas de rinite no último ano, mas destas apenas 35,8 por cento estavam diagnosticadas e 36,5 por cento medicadas. Os últimos dados estatísticos indicam que cerca de 40 por cento da população jovem portuguesa sofre de rinite alérgica e 12 por cento de asma.

Marta Bilro

Fonte: Educare.pt, CienciaPT, UA Online, Diário Digital.

Pfizer expande investigação e desenvolvimento na Ásia

A farmacêutica norte-americana Pfizer quer expandir o seu sector de investigação e desenvolvimento em direcção à Ásia. Entre os principais alvos da empresa estão a China, Índia, Japão e Coreia do Sul.

O maior laboratório farmacêutico mundial instalou um centro de investigação em Xangai, em 2005, e tem planos para alargar as suas actividades de pesquisa clínica a nível global. De acordo com Martin Mackay, presidente do departamento de investigação e desenvolvimento global, a Ásia é o trunfo da empresa uma vez que o mercado farmacêutico naquele continente deverá crescer para os 136 mil milhões de euros em 2017.

“A China vai ser muito importante para nós, o centro de Xangai será excepcionalmente relevante”, afirmou Mackay em declarações à Reuters. “Estamos de olho na Coreia, Índia e outros países”, acrescentou o mesmo responsável.

Mackay não adiantou pormenores quanto ao plano de expansão da Pfizer mas disse que a empresa está bastante satisfeita com os progressos feitos no centro de investigação e desenvolvimento de Xangai, desde a sua abertura, há dois anos.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Market Watch.

Investigadores revertem envelhecimento da pele do rato

Uma equipa de cientistas da Universidade Stanford, nos Estados Unidos da América, conseguiu reverter o processo de envelhecimento da pele do rato através do bloqueio da actividade de uma proteína produzida por um único gene.

“Este gene torna-se cada vez maia activo com a idade”, mas “não existe para nos envelhecer. É activo em vários processos, incluindo no sistema imunitário e na inflamação”, explicou Howard Chang, professor assistente de dermatologia na Universidade Stanford e responsável pela investigação.

De acordo do Cheng, o gene em questão, responsável pela produção da proteína denominada NF-kappa-B, não será utilizado enquanto “fonte de juventude” num futuro próximo. A proteína tem uma variedade de funções, algumas envolvidas no cancro, e os efeitos secundários ainda desconhecidos devem ser explorados antes de se avaliar a sua segurança. No entanto, uma das aplicações possíveis poderá ser a de ajudar a sarar ferimentos mais rapidamente em pessoas idosas, referiu o investigador.

O mais emocionante nesta descoberta é o facto do gene poder ter um efeito imediato nas células envelhecidas, salientou Chang. “As pessoas sabem que se pode interferir no processo de envelhecimento através de intervenções drásticas, como a restrição das calorias. Agora estamos a falar de um único gene que, se bloqueado num indivíduo que já é velho, pode devolver às células um estado rejuvenescido, pelo menos temporariamente”.

Os investigadores depararam-se com a NF-kappa-B ao procurarem dados existentes sobre os genes que se tornam mais ou menos activos à medida que as pessoas envelhecem. Durante esse processo, descobriram que a actividade de alguns desses genes é reguladas pela proteína.

Posteriormente utilizaram um modelo de rato geneticamente desenvolvido para testar o efeito provocado pela inibição da actividade da NF-kappa-B numa amostra de células da pele. Duas semanas depois, uma amostra de pele pertencente a um rato com 2 anos de idade e submetida ao tratamento não só apresentava a mesma actividade genética de um animal recém-nascido mas também aparentava mais juventude, com mais divisão de células.

A descoberta vem fundamentar a teoria de que o envelhecimento não é um simples processo de desgaste mas antes o resultado de alterações genéticas específicas, disse Chang. Para além disso, demonstra que pelo menos a nível local e temporário, essas alterações podem ser travadas, acrescentou. Ainda assim, advertiu o cientista, é preciso ter em conta que o manuseamento do gene tem que ser feito com precaução devido ao envolvimento da NF-kappa-B numa grande quantidade de processos distintos no organismo.

O próximo passo é perceber qual o efeito, a longo prazo, de bloquear o processo de envelhecimento durante algum tempo. “Será que o tecido vai envelher novamente de forma rápida depois de parado o tratamento, ou irá demorar muito mais tempo a envelhecer? É importante desvendar estas questões”, concluiu Chang.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, Forbes.

Merck investe 200 milhões de euros em fábrica de vacinas na Irlanda

A farmacêutica Merck vai investir 200 milhões de euros na construção de uma nova unidade de produção no sul da Irlanda destinada ao desenvolvimento de vacinas e medicamentos biológicos. Esta será a terceira representação do laboratório norte-americano no país.

O anúncio foi feito pela Agência para o Desenvolvimento Industrial da Irlanda (IDA) que considerou que a iniciativa representa “uma consolidação muito importante do elevado perfil da Irlanda enquanto localização de sucesso para investimentos globais substanciais na área da biotecnologia”.

A empresa disponibilizou 200 milhões de euros para aceder ao terreno de construção no Parque de Negócios e Tecnologia da IDA, em Carlow, onde pretende edificar a nova fábrica. De acordo com a IDA, a Merck tem também planos para explorar o cenário académico irlandês em busca de oportunidades no sector dos biológicos.

O projecto deverá estar concluído e a funcionar em 2011, empregando 170 pessoas distribuídas pelos sectores da produção, investigação e desenvolvimento, controlo de qualidade, gestão e administração.

A Merck não é a única empresa farmacêutica a investir na Irlanda. A Abbott, por exemplo, tem sete unidades de produção no país, a Johnson & Johnson seis, a Pfizer cinco e a Schering Plough e a GlaxoSmithKline têm ambas quatro. A Irlanda tem-se tornado um ponto fulcral para a indústria, estabelecendo-se como o destino mais popular para o desenvolvimento e produção fora dos Estados Unidos da América, salienta a IDA.

Marta Bilro

Fonte: In-PharmaTechnologist.com

ONU: Mundo sem preparação suficiente para possível pandemia de gripe

Os progressos registados no último ano, no que diz respeito à prevenção da gripe das aves, não foram suficientes para permitir preparar o mundo para uma possível pandemia. A conclusão resulta de um relatório divulgado esta quinta-feira pela ONU e pelo Banco Mundial que alerta para o facto de persistir o risco de uma mutação do vírus H5N1 numa forma facilmente transmissível ao homem.

A verificar-se esta possibilidade, a mutação “teria o potencial de provocar uma pandemia de gripe» à escala mundial, alerta o relatório. “A ameaça pandémica levou a maior parte dos governos a melhorar as suas técnicas de detecção, controlo e reacção aos agentes patogénicos. No entanto, numerosos planos nacionais não são suficientemente operacionais e a coordenação destes planos entre os países exige maior atenção”, sublinha o mesmo documento.

A maior mobilidade das pessoas e dos bens, assim como as mudanças que se verificam no ecossistema são factores chave na probabilidade de movimentação dos agentes patogénicos, explicou David Navarro, coordenador da luta contra a gripe na ONU e co-autor do relatório, citado pelo Diário Digital. Nesse sentido, “a segurança a longo prazo da humanidade exige que todos os países se preparem em conjunto para enfrentar” tal situação, advertiu.

A permanência do vírus

A difusão do vírus nos últimos três anos aconteceu muito rapidamente na Ásia oriental, depois na África do Norte e do Oeste, na Europa central e mesmo no Reino Unido, lembra o relatório, baseado em dados fornecidos por 143 países. Apenas durante o mês de Novembro, novos focos de gripe das aves foram detectados na Arábia Saudita, Birmânia, Reino Unido e Roménia.

Em 2005 o vírus foi detectado em 16 países, em 2006 o número de países subiu para 55 e este ano serão 60, de acordo com o relatório.

Apesar das técnicas de reacção rápida desenvolvidas por vários países, que lhes permitem conter e depois controlar os novos focos detectados, seis nações constituem ainda casos preocupantes, isto porque, entre eles o vírus H5N1 é considerado enzoótico, o que significa que continua a alastrar-se entre as aves domésticas e selvagens.

A Indonésia representa o caso mais grave, sendo que a situação prevalece em todo o país. O vírus é também enzoótico em algumas regiões do Bangladesh, China, Egipto, Nigéria e Vietname

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Lusa.

Farmácias: "Novas competências afastam utentes dos hospitais”

Sindicato abre «guerra» contra medida da tutela alegando: “violação da lei, irresponsabilidade, consumismo, falta de controlo e qualidade”…

No início deste mês, o Ministério da Saúde atribuiu às farmácias competências nas áreas de diagnóstico e terapêutica. Contra a medida levantou-se a voz do Sindicato das Ciências e Tecnologias da Saúde (SCTS) para acusar a tutela de “irresponsabilidade” e vaticinar a futura prestação destes serviços das farmácias “sem controlo e qualidade”.

Desde o dia 2 de Novembro – data em que foi publicada a Portaria N.º1429/2007 – o Governo autorizou às farmácias a prestação em áreas especializadas de diagnóstico e terapêutica, nomeadamente, fazer rastreios da diabetes, cancro da próstata e de doenças cardiovasculares.

O certo é que, a medida catapultou ondas de desagrado no sector, especificamente, no SCTS que - em comunicado enviado ao farmacia.com.pt (intitulado «Farmácias Podem Prestar Serviços Sem Controlo e Qualidade») – manifesta, veementemente, uma posição de indignação, argumentando que os diagnósticos nas farmácias “vão afastar os cidadãos dos hospitais, atirando-os para consumismos em saúde.”

“Com esta medida, o Ministro da Saúde violou o regime jurídico das farmácias de oficina, contido no Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto, dado não estar previsto, neste diploma, qualquer competência das farmácias nas áreas de diagnóstico e terapêutica, nem tão pouco do Infarmed, enquanto entidade reguladora do sector”, afirma a direcção nacional na nota.

Catalogando como “grosseira a violação da lei e do papel das farmácias na prestação de serviços e cuidados de saúde”, o SCTS considera que a situação gerada pela tutela “reveste-se de uma grande gravidade e irresponsabilidade”, sustentando que “para além de colocar as farmácias fora de qualquer controlo em matéria de exames de diagnóstico e terapêutica, permite uma concorrência desleal com os laboratórios e clínicas de diagnóstico e terapêutica, sujeitas a regras específicas de licenciamento, fiscalização e qualificação de recursos humanos.”

A equacionar à situação que define como, por si só, de “grave”, o sindicato denuncia a “inexistência de mecanismos de controlo das actividades referentes a eventuais check-ups, efectuados sem equipamento fiável, pessoal qualificado”, vaticinando que os resultados a obter serão “grosseiros e susceptíveis de posterior esclarecimento médico e novos exames pagos pelos utentes.”

No entanto, a medida do Ministério da Saúde é ainda encarada pelos dirigentes sindicais como “não ingénua”, justificando que, assim, “a tutela desresponsabiliza-se da prevenção e esvazia os Centros de Saúde das acções que deveriam desenvolver, designadamente, nos rastreios do cancro, da diabetes, das doenças cardiovasculares, da obesidade e da osteoporose” e como “pior” - apontou o SCTS – “atiram os utentes para consumismos em saúde, agravando a factura e os custos particulares.”

Face ao cenário traçado e às preocupações expressas, fonte da direcção nacional (no Porto) anunciou que já expôs a situação à Autoridade da Concorrência e à Entidade Reguladora da Saúde, encontrando-se a aguardar o parecer de ambas.

Entretanto, segundo conseguiu apurar o farmacia.com.pt, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) já reagiu às acusações do SCTS asseverando que “as farmácias cumprem a lei, disponibilizando condições, instalações e equipamentos adequados.”

A ANF não deixou de sublinhar ainda que as farmácias são “estabelecimentos licenciados e fiscalizados pelo Infarmed e que darão um contributo positivo na área de diagnóstico.”

Raquel Pacheco

Fonte: Comunicado da delegação Norte do SCTS