quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Recolha de opiniões sobre o novo regime jurídico
Sindicato quer auscultar farmacêuticos


O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos deu início a um processo de recolha de opiniões, junto da classe farmacêutica, relativamente aos projectos de portaria do Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto, que institui o novo regime jurídico das farmácias de oficina, que entrou em vigor na última quarta-feira. No âmbito desta auscultação, o SNF pretende ouvir os seus associados sobre a reforma legislativa que, segundo aquela estrutura, em muito influencia a actividade de uma grande parte dos profissionais do sector. Os interessados em colaborar nesta recolha de dados deverão enviar as suas opiniões para geral@sindicatofarmaceuticos.org.

Carla Teixeira
Fonte: Sindicato Nacional dos Farmacêuticos
Sindicato e ANF iniciaram negociações para 2008
Contrato colectivo de trabalho para farmacêuticos


O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos iniciou conversações com a Associação Nacional de Farmácias com o objectivo de “tentar negociar um contrato colectivo de trabalho” com aquela entidade, com vista a “melhor poder representar e defender o interesse dos profissionais do sector que até agora não têm um acordo de trabalho aplicável”.

Segundo informações avançadas ao farmacia.com.pt por fonte sindical, a primeira reunião desta ronda de negociações teve lugar há poucos dias, tendo a delegação do SNF tentado chamar a atenção dos dirigentes da ANF para a existência de uma lacuna no que diz respeito às condições de trabalho nas farmácias de oficina, onde que o sindicato visa obter um contrato colectivo de trabalho que proteja um número mais significativo de farmacêuticos. O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos reputa como essencial uma mais eficaz regulação do sector, mas não esquece também as reivindicações da classe no que diz respeito a aumentos salariais. Tendo em conta os “tempos conturbados” que a profissão atravessa em Portugal a estrutura sindical considera que não será fácil negociar estes aspectos, recordando que também as negociações para este ano ficaram manchadas pela falta de abertura negocial da Associação Nacional de Farmácias.

Carla Teixeira
Fonte: Sindicato Nacional dos Farmacêuticos

Cólon Irritável: doentes gastam fortunas com tratamento

Doença afecta 15 por cento dos portugueses

A Síndrome do Cólon Irritável (SCI) tem custos anuais na ordem dos 1,2 mil milhões de euros em Portugal, segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG).
Um estudo realizado na Alemanha revela ainda que, para o tratamento da SCI, a média de medicamentos prescritos, por ano, e por doente, é de 3,5. Os custos directos calculados, por ano, são superiores a 790 euros (50 por cento para medicamentos, 25 por cento para consultas médicas e 25 por cento para hospitalização).

António Curado, director do serviço de gastrenterologia do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha (CHCR), confirma que, apesar de ser uma doença benigna, a SCI “tem custos e implicações socioprofissionais importantes”, advogando, por isso, “um bom diagnóstico e tratamento adequado.” Em termos farmacológicos “é possível corrigir a obstipação e a diarreia, aliviar a dor e o mal-estar destes doentes”, frisou.

O especialista destacou os anti-espamódicos que – explicou – “correspondem à principal necessidade dos doentes, que é o alívio dos sintomas”, concretizando que, dentro desta classe farmacológica, “o brometo de otilónio tem a vantagem de ser mais eficaz do que os outros no alívio da dor.”

Segundo António Curado, com este fármaco, “o número médio de doentes que é necessário tratar para que se consiga o alívio dos sintomas e o benefício completo é menor do que dois, enquanto que noutros fármacos era necessário tratar quatro ou cinco.”

O médico do CHCR esclareceu que o brometo de otilónio “actua ao nível do bloqueio dos canais de cálcio e das taquicininas, um conjunto de mediadores bioquímicos. Tem uma pequena absorção a nível intestinal, aliviando os espasmos e, consequentemente, a dor. Estes espasmos estão na origem dos outros sintomas, isto é, da diarreia, obstipação e da distensão abdominal.”

De acordo com o especialista, a doença afecta cerca de 15 por cento da população portuguesa. “No seu conjunto, a patologia funcional digestiva, ou colite nervosa, é responsável por 5 por cento das consultas de cuidados médicos primários e por 60 a 70 por cento das consultas de gastrenterologia; dentro deste grupo de doenças, a mais importante é a SCI”, frisou.

Época de exames agrava sintomas

“O stresse associado à época de exames escolares desencadeia um maior número de crises nos indivíduos que sofrem de SCI” advertiu ainda António Curado, acrescentando que a síndrome “é muito mais comum nos jovens adultos entre os 18 e os 30 anos.”

A Síndrome do Cólon (ou Intestino) Irritável é considerada como uma doença de distúrbio funcional, ou seja, que afecta funções fisiológicas ou psicológicas mas não a estrutura orgânica. A dor ou desconforto do abdómen, a alteração dos hábitos intestinais (obstipação ou diarreia) e a distensão abdominal, são os principais sintomas.

Raquel Pacheco

Fonte: SPG/CHCR/Barlavento/Manual Merck

SCI: Hipnose pode ajudar casos graves

Cientistas apostam em técnicas de relaxamento como terapia da Síndrome do Cólon Irritável

A hipnose pode ajudar os doentes com casos graves de Síndrome do Cólon Irritável (SCI), afirmam cientistas britânicos. Os investigadores da universidade King´s College London acreditam que a terapia pode ser útil na conexão entre o cérebro e o intestino por meio de técnicas de relaxamento.

Partindo das evidências de que a SCI é causada por factores biológicos e psicológicos, os especialistas sugerem – num estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) - “que os médicos deveriam avaliar o uso de hipnose e outros tratamentos do foro psicológico, como antidepressivos.”

De acordo com Ian Forgacs, gastrenterologista da King´s College, “os médicos, geralmente, ficam renitentes em receitar antidepressivos, especialmente a pacientes que, embora tenham SCI, não mostram sinais de depressão.” No entanto, o investigador apelou para que fossem levadas em conta as terapias alternativas, incluindo hipnose, sublinhando que, este tratamento “poderá ajudar na conexão entre o cérebro e o intestino por meio de técnicas de relaxamento.”

Ian Forgacs defendeu ainda que os doentes “devem ser informados que o tratamento psicológico não significa que a doença está toda na mente", revelando que a equipa constatou que “os tratamentos mais eficientes para a síndrome são as chamadas terapias de diálogo."

Perfeccionistas são potencial alvo

Sabe-se que a doença afecta entre 15% a 25% da população do mundo ocidental. Entretanto, segundo um outro estudo britânico, ficou-se, também, a saber que as pessoas perfeccionistas têm mais probabilidade de desenvolver a SCI após uma infecção intestinal.

Os investigadores da Universidade de Southampton estudaram 620 doentes com gastroenterite e avaliaram a relação entre os níveis de stresse e a doença. Três e seis meses após o surto inicial, as pessoas responderam a um inquérito para descobrir se também sofriam da síndrome.

De acordo com os resultados do estudo publicado na revista «Gut», no Reino Unido, um em cada dez doentes apresenta sintomas da síndrome depois de infecções como a gastroenterite.

“Ao todo, 49 pessoas apresentavam a SCI, sendo que, as mulheres apresentaram o dobro da probabilidade de desenvolver a síndrome. As pessoas que manifestaram a doença foram as que relataram os maiores níveis de stresse e de sintomas psicossomáticos. Entre estes doentes, estavam também os mais perfeccionistas e os que continuaram a trabalhar mesmo doentes”, revelou a esquipa de Southampton.

Segundo Rona Moss-Morris, coordenadora do estudo, os médicos podem investigar possíveis traços de personalidade, como a ansiedade e o perfeccionismo, em pessoas que apresentam problemas durante a recuperação da gastroenterite.

Ao considerar que as terapias cognitivas podem ser usadas no tratamento da síndrome, a investigadora ressalvou que o estudo não indica que o cólon irritável seja totalmente de ordem psicológica. “Pode ser que o stresse e a ansiedade afectem o sistema imunológico, mas, pode ser também que, se a pessoa não descansar, piore", advertiu.

Raquel Pacheco

Fonte: BMJ/«Gut»/gut.bmj.com/

Farmacêutica Rubió adquire portuguesa Pharmout

A farmacêutica espanhola Rubió, especializada na produção de medicamentos para patologias específicas, como é o caso das doenças com baixa prevalência, adquiriu a totalidade do laboratório português Pharmout.

O negócio encaixa-se nos planos de crescimento delineados pela Rubió que desta forma acentua a sua presença no mercado luso. Depois de ter incorporado Isabel Salvat no cargo de directora-geral, a Rubió desenvolveu um plano estratégico que inclui a intenção de apostar na expansão internacional da empresa, através da presença noutros países.

De acordo com Carlos Runió, director adjunto dos assuntos institucionais e proprietário da farmacêutica espanhola, um dos objectivos da empresa era “ter uma filial em Portugal com as características de Pharmout. A sua incorporação permite, assim, a entrada da Rubió no país, ao mesmo tempo que se constitui como uma excelente plataforma para os nossos produtos."

Há 40 anos a operar no sector farmacêutico e com capital 100 por cento espanhol, em 2006, a Rubió conseguiu um aumento de 25 por cento na sua actividade no mercado internacional face a 2005. Os bons resultados ficaram principalmente a dever-se à comercialização de especialidades farmacêuticas em mais de 30 países por todo o mundo.

Fundada em 2003 e com sede no Porto, a Pharmout dedica-se à comercialização e distribuição de produtos farmacêuticos concentrados especialmente nas áreas da gastrenterologia, cardiologia e reumatologia. A empresa é dirigida por Filipe Pinto e emprega 22 funcionários. No ano passado as vendas da Pharmout superaram os 6 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Jornal de Negócios, Marketing Farmacêutico, PM Farma.

Cientistas descobrem químico que desencadeia doença de Parkinson

Uma equipa de cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos da América, descobriu um químico cerebral que está na origem na doença de Parkinson, um passo de gigante que poderá abrir caminho ao desenvolvimento de novas terapias.

Na maioria dos casos, a doença de Parkinson ocorre devido a alguns factores externos que desencadeiam a morte dos neurónios produtores de dopamina, um neurotransmissor que ajuda a enviar mensagens entre as diversas áreas do cérebro que controlam o movimento corporal, permitindo ao organismo movimentar-se com uma coordenação estável. Quando a morte de neurónios produtores de dopamina atinge os 80 por cento, surgem os primeiros sintomas da doença.

Os cientistas já tinham conhecimento de que a alfa-sinucleínca, uma proteína chave do cérebro, desempenha uma função no desenvolvimento da doença de Parkinson. A alfa-sinucleína encontra-se por todo o cérebro – mas nalgumas pessoas a proteína agrega-se, o que provoca a morte das células produtoras de dopamina, que, por sua vez, faz com que a doença de Parkinson se desenvolva. Através desta nova investigação os pesquisadores descobriram que a própria dopamina actua na destruição das células que a produzem.

No processo que conduz ao aparecimento da doença, a dopamina é convertida num químico altamente tóxico denominado DOPAL. Utilizando tubos de ensaio, cultura de células e modelos animais, os cientistas descobriram que é este químico que faz com que a alfa-sinucleína presente no cérebro se agregue, o que por sua vez desencadeia a morte das células produtoras de dopamina e, consequentemente, a doença de Parkinson.

Actualmente o principal método de tratamento utilizado consiste na substituição da dopamina perdida quando ocorre a morte das células que a produzem. No entanto, esta nova investigação permite aos cientistas trabalhar em terapias baseadas em neuroprotectores que inibam a morte das células produtoras da dopamina.

“Acreditamos que este trabalho representa um avanço muito significativo na compreensão do complexo processo químico que dá origem à doença de Parkinson”, afirmou William J. Burke, professor de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Saint Louis e o principal autor do estudo publicado na revista “Acta Neuropathologica”.

“Pela primeira vez identificámos o químico que desencadeia os acontecimentos no cérebro que provocam a doença”, afirmou o investigador, salientando que estas “descobertas podem ser utilizadas para desenvolver terapias que possam efectivamente parar ou abrandar este processo“.

Tremor em repouso, lentidão dos movimentos, rigidez muscular e dificuldade de equilíbrio são os principais sintomas de uma doença que afecta, em Portugal, 1,5 em cada 1.000 pessoas. Esta patologia ocorre mais em homens do que em mulheres e predomina nos indivíduos brancos e essencialmente nas pessoas com mais de 50 anos, sendo que, nos últimos anos têm surgido cada vez mais casos da doença em idades inferiores.

Marta Bilro

Fonte: Science Daily, drugresearcher.com, Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, Medico Assistente.

Laboratórios oferecem automóveis para incentivar prescrições

Países em vias de desenvolvimento são os novos alvos da indústria farmacêutica

As ligações entre os médicos e a indústria farmacêutica não são uma novidade no contexto ocidental. Porém, os laboratórios multinacionais estão agora a redireccionar a sua mira, colocando o alvo nos profissionais dos países em vias de desenvolvimento. De acordo com um estudo divulgado esta quarta-feira, jantares luxuosos, aparelhos de ar condicionado, computadores portáteis ou entradas iniciais para a aquisição de automóveis estão entre as principais ofertas feitas aos clínicos, incentivos de peso para levar os médicos a prescrever determinados medicamentos.

O estudo, elaborado pela Consumers International (CI), revela que a auto-regulação das multinacionais farmacêuticas falhou e cita anúncios publicitários de empresas como a GlaxoSmithKline, a Wyeth, a Novartis e a Pfizer que em território europeu seriam considerados enganadores.

Para além disso, há ainda as grandes promoções para médicos fomentadas por todas estas empresas, acrescenta o documento, salientando que o impacto provocado nos pacientes é sério. “Mais de 50 por cento dos medicamentos nos países em vias de desenvolvimento são prescritos, dispensados ou vendidos inapropriadamente”, refere o relatório, citado pelo jornal britânico “The Guardian”.

As oferendas feitas pelas empresas farmacêuticas aos clínicos incluem aparelhos de ar condicionado, computadores portáteis, quotas de sociedade de clubes, electrodomésticos, conferências no estrangeiro com estadia em hotéis de cinco estrelas ou carros novos, indica o estudo. Segundo afirmou Murad M Khan, professor e director do departamento de psiquiatria na Universidade Aga Khan, em declarações aos investigadores, no Paquistão “ por cada 200 prescrições do medicamento mais caro da empresa, o médico é recompensado com o pagamento da entrada para um carro novo”.

A “The Network”, uma organização paquistanesa membro da CI, sondou alguns médicos, delegados de propaganda médica e funcionários do sector naquele país. Segundo afirmou um clínico cujo nome não foi divulgado, “a oferta de aparelhos de ar condicionado, máquinas de lavar, microondas, câmaras, televisões e cristais onerosos são uma norma aceite nos dias de hoje”. O mesmo acontece com a dádiva de participações em encontros de medicina e palestras em hotéis de cinco estrelas, seguidos de jantares e cocktails luxuosos, acrescentou a mesma fonte. Relatos semelhantes a este surgem da Venezuela, Indonésia e Malásia.

Richard Lloyd, director geral da CI, uma federação de grupos de consumidores de 113 países sedeada em Londres, fez um apelo para que sejam banidas todo o tipo de oferendas a médicos. “A indústria farmacêutica encara o mundo em desenvolvimento como uma oportunidade bilionária para assegurar os lucros durante os próximos 40 anos. A fraca regulamentação faz com que estes mercados sejam alvos fáceis para as técnicas de marketing de empresas de medicamentos multinacionais, porém, os gastos com a saúde dos consumidores nestes países não podem dispersar-se na utilização irracional de fármacos”.

O relatório deixa ainda críticas à publicidade a medicamentos nos países desenvolvidos, salientando que, por vezes, promove um medicamento sem mencionar os efeitos secundários ou as restrições inerentes à sua utilização.

De acordo com o “The Guardian”, as autoridades reguladoras dos países em vias de desenvolvimento tardam a proteger os utentes dos medicamentos que foram retirados nos mercados de outros países. O Vioxx (rofecoxib) foi oficialmente retirado na Índia em Outubro de 2004, um mês depois da Merck recolher o produto do mercado norte-americano, porém continuou à venda no país durante o ano seguinte.

A Federação Internacional das Associações da Indústria Farmacêutica (IFPMA) afirmou que é necessário tempo para que o seu código deontológico seja adoptado em todos os países. “Penso que não é algo que possa alcançar-se da noite para o dia”, disse o porta-voz da IFPMA, Guy Willis. Primeiro é preciso determinar “como chegar lá”, concluiu.

Marta Bilro

Fonte: The Guardiam, Pharmalot, Apifarma.

Tribunal norte-americano anula processo contra a Wyeth

Farmacêutica enfrenta 5 mil queixas relacionadas com o Prempro e Premarin

Um juiz de um tribunal do Minnessotta, nos Estados Unidos da América, indeferiu um processo contra a farmacêutica Wyeth no qual a queixosa alegava que um tratamento hormonal comercializado por este laboratório lhe teria causado cancro da mama.

Ao anular o caso, que tinha já julgamento marcado para Janeiro, o juiz George McGunnigle do condado de Hennepin, em Minneapolis, considerou que a queixa apresentada por Patricia Zandi não se apoiava em provas científicas válidas para sustentar as alegações de que teria desenvolvido cancro da mama em resultado do tratamento com Premarin e Prempro, duas terapias hormonais de substituição de estrogénio.

A Wyeth enfrenta actualmente mais de cinco mil processos judiciais que tiveram origem nas queixas de várias pacientes que acreditam terem sido prejudicadas pelos medicamentos de substituição hormonal.

Embora tenha conseguido chegar a acordo na maioria dos processos, no inicio do mês de Outubro o júri de um tribunal norte-americano do condado de Washoe deu razão a três mulheres do Nevada que alegavam ter desenvolvido cancro da mama depois terem sido medicadas com Prempro e Premarin. Por ter considerado que o laboratório foi negligente, o tribunal condenou a Wyeth ao pagamento de uma indemnização no valor de 92,7 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, CNN Money, The New York Times, Farmacia.com.pt.

Diabetes de tipo 1 é a doença crónica pediátrica mais comum
Bomba de insulina recomendada em crianças


“A terapêutica insulínica com bombas infusoras nas crianças e adolescentes com diabetes de tipo 1 é um método terapêutico que tem inúmeras vantagens”. É uma garantia avançada pela presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica, Ana Fagulha, que aponta o menor risco de hipoglicemia, a maior flexibilidade no estilo de vida e a menor variabilidade dos valores da glicemia como factores positivos do novo método.

Em vésperas do primeiro curso teórico-prático sobre a terapêutica com bombas de insulina em crianças e adolescentes com diabetes tipo 1, agendado para a manhã do próximo dia 8 no Hotel Porto Palácio, no âmbito da Reunião Anual da SPEDP, a responsável explica, num comunicado enviado ao farmacia.com.pt, que a diabetes de tipo 1 é hoje a doença crónica pediátrica mais comum nos países desenvolvidos, pelo que urge tomar medidas que permitam melhorar a qualidade de vida dos que dela padecem, nomeadamente quando são ainda muito jovens. De acordo com Ana Fagulha, o primeiro curso sobre a correcta utilização da bomba infusora de insulina tem como objectivo “divulgar a tecnologia da insulinoterapia intensiva com bombas infusoras em crianças e adolescentes”, insistindo “nas suas múltiplas componentes teóricas e práticas, para que, a nível nacional, as equipas que tratam estes doentes sintam maior segurança na utilização deste método”.
O curso persegue ainda a finalidade da promoção da troca de experiências entre os diversos centros que já fazem recurso àquela nova modalidade terapêutica no país, sensibilizando os participantes para o facto de ela ser indicada em crianças muito pequenas, particularmente bebés e recém-nascidos, adolescentes que sofram de perturbações alimentares, crianças e jovens com níveis de glicemia mais elevados, meninos com fobia a agulhas, adolescentes grávidas, indivíduos com tendência para a cetose e atletas de competição. A endocrinologista Ana Fagulha reitera que “esta terapêutica insulínica intensiva é indicada em todos os grupos etários, desde que a criança e/ou família tenham capacidade para entender o funcionamento deste método e tenham acesso, 24 horas por dia, a uma equipa médica com experiência no tratamento com bombas infusoras de insulina”.
Paralelamente, afirma a especialista, é igualmente “indispensável que o doente e a família revelem capacidade para fazer a determinação glicemica capilar pelo menos quatro vezes por dia”, uma vez que “a educação terapêutica dos diabéticos de tipo 1 e a sua família são parte integrante desta técnica”, tendo em conta que a diabetes de tipo 1 “é uma doença para toda a vida, que se desenvolve quando o pâncreas pára de produzir a insulina de que o organismo necessita e, consequentemente, os níveis de açúcar no sangue sobem. Os diabéticos do tipo 1 precisam de tratamento com insulina para poderem sobreviver. A melhoria do controlo da doença traduz-se, de acordo com a presidente da SPEDP, numa “menor incidência de complicações agudas e crónicas associadas à diabetes, como a cegueira, a insuficiência renal, a amputação dos membros ou as doenças cardiovasculares.
Por outro lado, um mau controlo do açúcar no sangue pode provocar hipoglicemia (nível baixo de açúcar), o que pode levar a graves complicações, incluindo a perda dos sentidos, ataques, hiperglicemia (nível alto de açúcar no sangue) e acidocetose diabética (nível baixo de insulina, insuficiente para manter em bom funcionamento o organismo) e, no limite mais grave, situações de coma ou morte por ausência de tratamento.
Como o farmacia.com.pt tem vindo a noticiar, a bomba infusora de insulina é um pequeno dispositivo electrónico, com as dimensões de um pager, que contém um reservatório de insulina de acção rápida, ligado a um tubo muito fino que conduz a medicação até um cateter colocado debaixo da pele, que tem de ser substituído de três em três dias, reduzindo em cerca de 120 as injecções necessárias por mês à monitorização e manutenção dos níveis de glicose no sangue do doente, que pode manter um ritmo de vida normal, fazendo as suas refeições, praticando a actividade física que bem entender, gerindo o seu próprio stress e fazendo variar a quantidade de insulina administrada sem ter de se sujeitar a novas e constantes picadas.
No âmbito da próxima reunião anual da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica, que acontece a 8 de Novembro no Porto, está prevista, por volta das 17h30, a apresentação dos resultados da colheita de dados nacionais da diabetes de tipo 1, que tem como objectivo proceder a uma avaliação do controlo metabólico e das modalidades de tratamento da doença em crianças e jovens.

Carla Teixeira
Fonte: Comunicado de imprensa da Hill and Knowlton

Ensaios clínicos deixam idosos de parte

O sistema de aprovação de novos medicamentos adoptado pela Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) pode estar a pôr em risco a população idosa. De acordo com um relatório elaborado por auditores governamentais, muitos ensaios clínicos excluem os participantes que se encaixam nesta faixa etária, enquanto outros não registam os parâmetros de segurança e eficácia dos medicamentos no caso dos idosos.

As directrizes da FDA recomendam que as farmacêuticas incluam participantes idosos na realização dos ensaios clínicos para determinar se os fármacos são seguros e eficazes, e exige que as empresas apresentem os resultados de acordo com os grupos etários. No entanto, a entidade reguladora não obriga os seus funcionários a relatarem se há idosos suficientes a participarem nos ensaios clínicos pelo que se regista uma falha na documentação dos efeitos de um medicamento experimental nos pacientes seniores, revela o relatório divulgado pelo Departamento de Contabilidade Governamental (GAO), o braço de investigação do Congresso.

“Os idosos utilizam mais medicamentos do que qualquer outro grupo etário, mas não estão a receber a devida atenção no processo de aprovação de medicamentos”, afirmou Henry Waxman, um democrata que dirige o Comité de Vigilância e Reforma Governamental e que encomendou o estudo em conjunto com o senador Edward M. Kennedy, presidente do Comité de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões.

Há vários anos que as publicações da especialidade falam na escassez de participantes idosos nos ensaios clínicos, mesmo naqueles que testam medicamentos que tratam problemas que aparecem mais frequentemente em idade avançada, como a doença de Parkinson. Os cidadãos com 65 anos ou mais estão também mais aptos do que os outros adultos a sofrerem efeitos secundários derivados da medicação.

Segundo noticia a Bloomberg, numa resposta a estes resultados, a FDA afirmou que o estudo negligencia a “duração” e os esforços “extensivos” para assegurar uma representação adequada dos idosos nos ensaios clínicos.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg.

Denúncia dos doentes, que os hospitais dizem desconhecer
Medicamentos para a esclerose múltipla em falta


A Sociedade Portuguesa para a Esclerose Múltipla denunciou um problema com o fornecimento dos medicamentos comparticipados a 100 por cento pelo Estado para o tratamento da doença. Os doentes avisam que o acesso àqueles fármacos está a ser restringido nos hospitais públicos, que por vezes os substituem. A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares diz desconhecer o problema, mas frisa que, a ser verdadeira, a situação é “inadmissível”…

De acordo com informações avançadas à TSF pela Sociedade Portuguesa para a Esclerose Múltipla, as primeiras denúncias têm já mais de um ano, e têm a ver com situações ocorridas naquela altura nos hospitais de Santa Maria, em Lisboa, de São João, no Porto, e de São Marcos, em Braga, e também no Centro Hospitalar do Alto Minho, em Viana do Castelo. O vice-presidente da SPEM, Rui Narciso, garante que, pelo menos naquelas quatro unidades de saúde, há restrições e substituições de medicamentos integralmente comparticipados pelo Estado, apontando para isso a existência de “razões economicistas” ou a circunstância de “os próprios laboratórios da indústria farmacêutica não os fornecerem atempadamente”.
Diante da denúncia feita pelos doentes, o presidente da APAH reagiu alegando não conhecer a situação, que, a ser real, segundo Manuel Delgado, constitui um cenário “inadmissível”. Entretanto, tendo tomado conhecimento do problema, os deputados do PCP também já se puseram em campo, e apresentaram diversos requerimentos na Assembleia da República para com vista a determinar se o problema tem origem em motivos de ordem economicista.

Carla Teixeira
Fonte: TSF Online

Eli Lilly adquire direitos de fármaco analgésico experimental

A companhia norte-americana Eli Lilly and Co. assinou um acordo de licenciamento com a Glenmark Pharmaceuticals Ltd. India para desenvolver e comercializar o fármaco analgésico experimental da companhia indiana, por um valor que ronda os 350 milhões de dólares.

A Eli Lilly revelou que irá adquirir os direitos de um portfólio de moléculas antagonistas do receptor de potencial transitório do tipo vanilóide subtipo 1 (TRPV1), que inclui o fármaco candidato, GRC 6211, que é um potencial tratamento de próxima geração para condições dolorosas, incluindo a dor relacionada com a osteoartrite.

A Eli Lilly irá possuir os direitos de venda do composto, GRC 6211, na América do Norte, Europa e Japão, com a Glenmark a deter os direitos de comercialização no resto do mundo. Como parte do actual acordo, a Glenmark também irá co-promover o composto com a Eli Lilly, nos Estados Unidos, quando for lançado.Espera-se que o composto, actualmente no início da fase intermédia dos ensaios clínicos, seja lançado em 2012.

Segundo os termos do acordo, a Glenmark Pharmaceuticals Ltd. irá receber um pagamento inicial de 45 milhões de dólares, e poderá receber adicionalmente até 215 milhões de dólares quando forem atingidos objectivos de desenvolvimento e vendas, assim como regalias, caso o GRC 6211 seja comercializado com sucesso. Se o fármaco receber aprovação para outras indicações, a Glenmark poderá ter direito a pagamentos adicionais por objectivos até 90 milhões de dólares.

Actualmente, a Pfizer e a Merck são as únicas companhias, para além da Glenmark, a ter fármacos para o controlo da dor, da mesma classe do GRC 6211, em desenvolvimento. O mercado global do controlo da dor está avaliado em cerca de 45 mil milhões de dólares.

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, http://www.chron.com/, http://www.business-standard.com/, www.lilly.com

Nycomed adquire Bradley Pharmaceuticals por 346 milhões de dólares

A companhia privada dinamarquesa Nycomed anunciou que irá adquirir a Bradley Pharmaceuticals Inc., uma companhia focada em terapêuticas de nicho de mercado nos Estados Unidos, por 346 milhões de dólares, ou 20 dólares por acção.

A Bradley revelou que, há cinco meses, foi formado um comité especial de directores independentes para avaliar as alternativas estratégicas da companhia, e procurar um comprador externo, após o fundador e CEO da companhia, Daniel Glassman, ter proposto adquirir a Bradley para privatizá-la. O comité recomendou o acordo com a Nycomed e aconselhou os accionistas a aprová-lo. A transacção está sujeita à recepção da aprovação por parte dos accionistas da Bradley e das autoridades da concorrência, e espera-se que esteja concluída no primeiro trimestre de 2008.

Esta aquisição irá adicionar mais produtos dermatológicos de marca à divisão PharmaDerm da Nycomed US, e irá fornecer uma plataforma melhorada para o licenciamento e co-promoção de produtos dermatológicos. A Nycomed, que pretence à Nordic Capital, está actualmente a mudar a sede do grupo da Dinamarca para a Suiça.

Isabel Marques

Fontes: Bloomberg, Reuters, www.rttnews.com, CNNMoney

Cientistas descobrem árvore genealógica do HIV

Estudo indica que vírus passou da África para o Haiti e, em 1969, atingiu os EUA; Informação pode ajudar na descoberta de uma vacina contra o vírus da sida e prever mutações

A estirpe mais comum do vírus HIV (subtipo 1 do grupo M) foi trazida do Haiti em 1969. A descoberta foi anunciada, esta terça-feira, por uma equipa internacional de investigadores - coordenada por Tom Gilbert, do departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade do Arizona, Estados Unidos - que se dedicou ao estudo da emergência mundial da sida no continente americano - «The emergence of HIV-Aids in the Americas and beyond».

De acordo com o artigo publicado na revista especializada «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS), a estirpe investigada passou do Haiti para os EUA por volta de 1969, espalhando-se, de seguida, pela Europa, dando origem à epidemia global.

Na publicação, a equipa explica como descobriu a origem da estirpe dominante do HIV: “Estudámos as amostras de sangue dos cinco primeiros doentes infectados com sida, sendo que, todos eram imigrantes do Haiti nos Estados Unidos. Através de um estudo genético de outros 117 pacientes de outros países, reconstruímos a árvore genealógica do vírus.”

Com base no mapa de contágio, os investigadores concluíram que o HIV veio justamente do Haiti, provavelmente, através de uma única pessoa, no fim dos anos 70. Esta variante pode ser encontrada, também, na Europa e em grande parte da América do Sul, Austrália e Japão.

África é, contudo, o continente apontado pelos cientistas como o foco originário da sida. Segundo a investigação, a passagem do vírus do continente africano para o Haiti, terá ocorrido, provavelmente, em meados da década de 1960. Acredita-se que o HIV tenha chegado àquela ilha através de operários que estavam no Congo. O estudo norte-americano indica que a hipótese de que os vírus haitianos tenham formado, a partir da África, o primeiro tronco da árvore genética do HIV é de 99,8%.

Em entrevista à rede britânica BBC, Michael Worobey, da Universidade de Arizona em Tucson, um dos participantes do estudo, esclareceu que: "Por volta de 1966, o vírus começou a propagar-se dentro do Haiti, podendo ser considerado o ponto de partida para a evolução global da doença. Poucos anos depois, uma variante do Haiti deu origem ao que se tornaria a explosão da doença em todo o mundo."

A equipa de investigadores pretende, agora, avançar com o estudo, confirmando o caminho do vírus antes de sua chegada ao Haiti. " Entender o percurso e as diferentes variantes do HIV pode ajudar a prever as eventuais transformações do vírus no futuro e conduzir a novos tratamentos", frisaram.

Raquel Pacheco


Fonte: Lusa/Reuters/http://www.pnas.org/.

FDA aprova Epicel da Genzyme para pacientes com queimaduras graves

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) aprovou a comercialização do Epicel, auto-enxertos de pele permanentes, para o tratamento de pacientes com feridas potencialmente fatais resultantes de queimaduras graves, da Genzyme Corporation.

Segundo a Genzyme, o Epical pode fornecer substituição permanente da pele para vítimas queimadas. O produto é feito a partir das células da pele do próprio paciente, posteriormente desenvolvidas numa camada de células de ratos para aumentar o crescimento. O Epicel é o primeiro produto classificado de xenotransplantação a ser aprovado nos Estados Unidos por causa da sua inclusão de células animais.

A companhia revelou ter-se candidatado à aprovação do Epicel em 1999. O produto tem sido utilizado em mais de mil pacientes com queimaduras desde que foi lançado em 1988. O Epicel é fornecido em enxertos de pele, e cada um consiste numa folha de células epidérmicas cultivadas ligadas com clips cirúrgicos de aço inoxidável a uma gaze de apoio de petrolato. O produto está indicado para ser utilizado em pacientes que tenham queimaduras profundas em mais de 30 por cento do corpo.

Isabel Marques

Fontes: Bloomberg, CNNMoney, www.tradingmarkets.com