Inquéritos anteriores, realizados com a participação de médicos israelitas e dinamarqueses, tinham já revelado que 60 e 85 por cento destes profissionais, respectivamente, admitiam confiar no “efeito placebo”. Apesar da prescrição de comprimidos placebo ser muitas vezes encarada como uma prática eticamente duvidosa, o efeito placebo pode funcionar, refere o jornal. Tomografias axiais computorizadas (TAC), que examinaram o cérebro dos pacientes, indicaram que os placebos desencadeiam o funcionamento das endorfinas, substâncias responsáveis pelo bloqueio da dor no cérebro.
No entanto, é preciso esclarecer que os médicos não andam por aí a distribuir comprimidos de açúcar como se estes fossem medicamentos reais, salienta Rachel Sherman, a principal responsável pela investigação, e estudante do 4ª ano de medicina da Universidade de Chicago. O que acontece frequentemente é o médico recomendar a um paciente a ingestão de ibuprofeno para o alívio da dor quando nada mais funciona, porque “pode resultar e mal não faz”, assevera a responsável. Mesmo que o médico não acredite que o fármaco alivie os sintomas físicos, o efeito placebo poderá fazer com que, apesar de tudo, o paciente se sinta melhor.
Sherman acredita que a sua pesquisa, que contou com a participação de 231 médicos, vai fazer sobressair a necessidade de uma discussão mais aberta sobre o assunto. “Talvez isto seja algo que se venha a tornar mais amplamente conhecido”, acrescentou.
Entre os 231 médicos da região de Chicago inquiridos pelo estudo:
45% admitem prescrever placebos aos seus pacientes;
15% prescreveram placebos entre 1 e 10 vezes em 2007;
85 prescreveram placebos mais de 10 vezes em 2007;
22% não prescreveram qualquer placebo em 2007.
Quando questionados acerca das práticas de outros colegas e enfermeiros:
80% dizem acreditar que os seus colegas utilizam placebo durante os cuidados de rotina;
60% acreditam que estes o fazem rotineiramente;
185 referem que estes o fazem algumas vezes;
2% acreditam que o fazem muitas vezes.
No que respeita às circunstâncias de prescrição:
18% fazem-no para acalmar o paciente
185 admitem fazê-lo enquanto suplemento ao tratamento
15% quando são confrontados com um pedido não justificado para que prescrevam um medicamento
13% por queixas não especificadas
11% depois de todas as possibilidades de tratamento terem sido esgotadas
6% para controlar a dor
6% para fazer com que o paciente para de se queixar
4% enquanto ferramenta de diagnóstico
Marta Bilro
Fonte: The Globe and Mail, Pharmalot.