sábado, 22 de setembro de 2007

HUC aplicam técnica pioneira de tratamento ao lacrimejar contínuo

Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) procederam, esta sexta-feira, pela primeira vez em Portugal, à aplicação de uma técnica pioneira de tratamento ao lacrimejar contínuo, designada de crioterapia dos sacos lacrimais.

A técnica consiste na dilatação do saco lacrimal pelo frio, recorrendo apenas a anestesia local e sem necessidade de internamento, e para já foi aplicada com sucesso em três pacientes, adiantou à Lusa o médico Vítor Carvalheiro, coordenador do sector de Angiografia de Intervenção do Serviço de Imagiologia dos HUC.

Cada intervenção demorou entre 30 a 40 minutos e os três pacientes eram todos do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 35 e os 45 anos.
Nas intervenções participou o especialista espanhol Jose Martinez, iniciador da técnica a nível mundial, e ainda o Serviço de Oftalmologia dos HUC. Os médicos recorreram a “balões que trabalham por frio”, para “dilatar os sacos lacrimais”, de modo a que seja feita a “passagem das lágrimas para a nasofaringe (parte posterior do nariz)”, explica Carvalheiro.
A crioterapia dos sacos lacrimais tem vindo a ser utilizada em alguns países europeus, nomeadamente em Espanha, onde “já foram feitas cerca de 50 intervenções, sem complicações e sem recidivas”, e na Alemanha, com uma taxa de sucesso entre os 90 e os 95 por cento.

Portugal “será, provavelmente, o terceiro país” a aplicar este método de tratamento, adianta o médico. Até agora, estas patologias do saco lacrimal eram tratadas com “uma cirurgia bastante pesada” e uma prótese que, geralmente, originava problemas.

Os especialistas estimam que só na zona centro do pais existem entre 500 a mil pessoas que sofrem de patologias do saco lacrimal, causadas ou por infecções repetidas, ou por pedra no saco lacrimal, sendo que os HUC tem em lista de espera 40 pessoas, para tratamento.

Esta doença afecta principalmente pessoas jovens e é mais frequente entre as mulheres, causando grande mal-estar. Os custos do tratamento estão estimados em cerca de mil euros, o correspondente ao valor do material usado na intervenção.

Inês de Matos

Fontes: Sol, Diário de Coimbra
Falsificação e roubo de fármacos assumem proporções graves
Rastreabilidade em nome da saúde pública


O Estatuto do Medicamento aprovado em Conselho de Ministros no dia 31 de Agosto de 2006, cuja novidades mais visíveis ao consumidor terão sido a inclusão nas embalagens de fármacos da sua indicação para uso em adultos e crianças e a menção em braille do seu nome, introduziu igualmente o conceito de “rastreabilidade”, medida que consiste no acompanhamento do medicamento desde que ele sai do laboratório até ao momento em que chega ao doente, com o objectivo de evitar o roubo, o contrabando e a falsificação, salvaguardando a saúde pública.

O conceito de rastreabilidade no circuito do medicamento tinha já merecido a atenção da classe no Congresso Nacional dos Farmacêuticos de 2003, realizado nas instalações da Feira Internacional de Lisboa, subordinado à temática do «Conhecimento ao serviço da sociedade», tendo igualmente sido abordado no texto do Decreto-Lei nº92/2005, de 7 de Junho, que transpôs para a ordem jurídica nacional a Directiva Europeia 2003/94/CE, de 8 de Outubro, que estabelece princípios e directrizes das boas práticas de fabrico de medicamentos para uso humano e de medicamentos experimentais para uso humano. O circuito de veiculação e distribuição de fármacos levanta problemas muito mais sérios do que a colocação no mercado de qualquer outro tipo de produtos, uma vez que, além dos prejuízos decorrentes de qualquer falha no processo, há também a necessidade de levar em linha de conta a questão da saúde pública.
Medicamentos fabricados sem o devido controlo, comercializados de forma ilegal, sem a necessária autorização das autoridades competentes ou através da internet, falsificação de produtos farmacêuticos que acabam por não produzir o efeito desejado ou, nos casos mais graves, por se revelar perigosos para quem os consome, e os problemas relativos a patentes que com frequência opõem laboratórios, fazendo chegar aos tribunais litígios longos que se transformam em processos dispendiosos, são hoje situações comuns no sector farmacêutico a nível mundial. Por isso, e tendo em conta os dados apurados num estudo da empresa de consultoria McKinsey, que em 2005 mostrou um nível alarmante de informalidade no sector do medicamento – 23 por cento dos impostos sonegados, 40 por cento da mão-de-obra utilizada de forma irregular e cerca de 27 por cento do volume de vendas de medicamentos feitas através da troca ilegal de produtos –, especialistas alertam para a necessidadde de se apostar na rastreabilidade daqueles produtos, desde que saem do laboratório em que foram produzidos até ao momento em que chegam às mãos dos doentes para serem consumidos.

Carla Teixeira
Fonte: Portal Fator Brasil, Agência Lusa, ARS/Algarve, Decreto-Lei nº92/2005
Ineficácia levou laboratório a suspender os testes
Merck abandona vacina contra a sida


A companhia farmacêutica alemã Merck Sharp & Dohme, uma das mais importantes em todo o mundo, optou pela suspensão dos testes a uma vacina experimental contra o HIV depois de uma comissão de especialistas que monitorizava aqueles ensaios ter chegado à conclusão de que a imunização não é eficaz no combate à sida. Em causa está o facto de a vacina não ter conseguido impedir que vários participantes voluntários neste estudo fossem infectados com a doença.

Ao cabo de 10 anos de investigação em torno daquele fármaco, desenvolvido a partir da associação de um vírus comum da gripe com cópias de três genes do HIV, e volvidos três anos sobre do arranque do programa internacional de vacinas (Step), que envolveu três mil voluntários, os especialistas recrutados pela multinacional alemã concluíram que não tinham fundamento as expectativas de que a exposição àquele conjunto de genes desencadeasse uma reacção do sistema imunitário dos pacientes, levando ao desejado reconhecimento e à posterior destruição das células contaminadas com o vírus causador da sida. Fonte do reputado laboratório alemão confirmou que, no grupo de 741 pessoas que voluntariamente participaram neste estudo e receberam a imunização – indivíduos homossexuais e prostitutas entre os 18 e os 45 anos de idade, seronegativos e em risco de contrair a doença –, 24 acabaram por ser infectados, enquanto no grupo de controlo da experiência, formado por 762 voluntários que receberam um placebo, 21 contraíram o HIV.

Carla Teixeira
Fonte: BBC Brasil

EMEA recomenda aprovação do Tasigna da Novartis

A Agência Europeia dos Medicamentos (EMEA) emitiu um parecer a recomendar a aprovação do Tasigna, da Novartis, para o tratamento de pacientes com leucemia mielóide crónica (LMC) que não respondem ao tratamento com o Glivec/Gleevec, fármaco da mesma companhia.

O Tasigna funciona em cerca de metade dos pacientes que desenvolveram uma resistência ao Glivec, o fármaco líder no mercado para o tipo mais comum de leucemia mielóide crónica, e que atingiu, no ano passado, vendas mundiais na ordem dos 2,6 mil milhões de dólares, tornando-se assim o segundo fármaco mais vendido da Novartis. A Novartis espera que o Tasigna possa eventualmente substituir o Glivec, e planeia testar a sua eficácia e segurança em pacientes que ainda não foram submetidos ao tratamento com o Glivec.

A caminhada do Tasigna para a comercialização tem sido rápida, uma vez que a equipa de cientistas da Novartis só criaram o fármaco em Agosto de 2002, apenas um ano após o lançamento do Glivec. O Tasigna ganhou a sua primeira aprovação na Suiça, em Julho, e é esperada uma decisão das autoridades reguladoras dos Estados Unidos para o final do ano. A aprovação no Japão também está pendente.

As recomendações relativas à aprovação de comercialização, emitidas pelo Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP) da EMEA, são normalmente confirmadas pela Comissão Europeia alguns meses depois.

O Tasigna inibe a produção de células cancerígenas ao direccionar-se à proteína Bcr-Abl. Esta proteína, produzida pelas células que contêm um cromossoma anormal, denominado Filadélfia, é reconhecida como sendo o elemento chave na superprodução de glóbulos brancos que causam cancro nos pacientes com leucemia mielóide crónica.

A LMC, provocada pela superprodução de glóbulos brancos imaturos, é um dos quatro tipos de causas mais comuns de leucemia, e é responsável por cerca de 15 por cento de todos os casos desta doença em todo o mundo.

Tanto o Glivec como o Tasigna irão competir com o Sprycel, fármaco desenvolvido pela Bristol-Myers Squibb Co., que foi lançado na Europa e nos Estados Unidos no ano passado.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney

Aborto com medicamentos arranca já na próxima semana

Centro de saúde de Viana do Castelo dá o sinal de partida

Até ao final do ano será possível realizar uma interrupção voluntária da gravidez, com recurso a medicamentos, em quatro centros de saúde nacionais. Em declarações ao Diário de Noticias, Paulo Sarmento, coordenador da área de saúde materna da Administração Regional de Saúde do Norte, garantiu esta sexta-feira, que o programa começa já na próxima semana, em Viana do Castelo.

De acordo com o responsável, "em Viana do Castelo, a consulta vai começar no início de Outubro e seguir-se-ão, até ao final do ano, os centros de saúde de Penafiel, Paredes e Amarante". Sarmento adianta ainda que o processo devia já ter começado no passado dia 15, no entanto, “gerou-se algum atraso no processo de articulação entre o centro de saúde e o hospital de Viana".

A escolha da unidade de Viana para lançar o programa deveu-se à "grande proximidade" do Centro Hospitalar do Alto-Minho, que permite a realização da indispensável ecografia, sem obrigar a paciente a grandes deslocações e garantindo uma intervenção imediata caso se registe qualquer complicação na IVG, informou o coordenador, adiantando ainda que um grupo constituído por dois médicos, dois enfermeiros e ainda uma assistente social e uma psicóloga, receberam já a devida formação nesta matéria.

"Nos hospitais, a experiência que temos é que em mais de 95% dos casos a IVG faz-se desta forma, quimicamente", explica Paulo Sarmento. Depois de realizada a IVG, a mulher volta a ser consultada após 15 dias, para confirmar se a interrupção correu normalmente.

Nestes casos não é necessário o internamento da mulher, "quanto muito, será acompanhada durante a manhã em que toma os comprimidos", sublinha o responsável, e o processo fica concluído em apenas uma semana.

O alargamento das consultas de IVG aos centros de saúde deve-se ao factor de proximidade ao médico de família, pois como refere Paulo Sarmento, "nos meios pouco urbanos, este clínico conhece muito bem a situação do agregado familiar e pode estar numa situação, se for o caso, de conversar abertamente com a mulher e sobre as suas opções. Mas pode sempre recorrer ao hospital, se quiser".

Para o inicio do próximo ano esta marcada uma "avaliação no terreno", de forma a definir o alargamento destas consultas a outros centros de saúde do País.

Inês de Matos

Fonte: Diário de Noticias