quinta-feira, 21 de junho de 2007

Medicamentos: Administradores reivindicam estrutura que analise custo-benefício

Observatório conclui: Fármacos sem avaliação económica
“Quem gasta 850 milhões de euros em medicamentos, tem que ter uma estrutura para fazer a análise-benefício dos medicamentos”, defenderam, em uníssono, os presidentes dos conselhos de administração dos hospitais de S. João (HSJ), Santo António (HSA) e Instituto Português de Oncologia (IPO).

Os administradores destas três unidades de saúde do Norte – que reuniram no Observatório organizado pelo Diário Económico e a Novartis, no Porto -, acusaram o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de não fazer a avaliação económica do custo real dos medicamentos, lamentando, assim, não poderem saber se as opções que fazem, têm ou não, capacidade para induzir poupança noutra vertente dos gastos hospitalares.

Os administradores admitiram que não conseguem saber se - mesmo que um determinado medicamento seja mais caro que um seu concorrente - pode induzir poupança reduzindo horas extraordinárias dos médicos, evitando cirurgias ou sessões de tratamento em hospital de dia, por exemplo, tornando-se, assim, comparativamente mais barato.

Reconhecendo que esta análise não existe, os responsáveis alegaram não terem condições para a fazer. Confissão esta, que faz com que o Estado continue a desperdiçar uma possibilidade de poupar num sector que tem estado sob forte escrutínio dos ministérios da Saúde e das Finanças.

Embora não o façam, a preocupação de olhar para os custos e ganhos, que vão além do simples preço do medicamento, parece estar bem presente nos administradores.

Para o presidente do Hospital de São João, a inexistência da análise é mais preocupante, porque a desconfiança para com a indústria está bem patente nos administradores hospitalares: “Os profissionais da indústria farmacêutica têm uma enorme pressão para vender, e os conselhos de administração têm uma enorme pressão para conter custos, o que é legítimo, são as regras em que vivemos”, considerou.

Solução: Partilhar o risco

Uma das soluções apontadas para este problema foi uma partilha do risco entre a Indústria Farmacêutica e as unidades hospitalares na introdução de medicamentos inovadores.

Na opinião de Laranja Pontes, do IPO, “a ponderação entre o custo e o benefício de um determinado medicamento é “aleatória, argumentando que, “o sistema não está preparado para fazer essas contas, porque olha apenas para o preço.”

Descartando, também, a ideia de que o Infarmed faz as contas [entre o preço e o benefício dos medicamentos], Sollari Alegro, do Santo António afirmou-se convicto de que “não há nenhuma estrutura que faça qualquer cálculo, o Infarmed avalia o que vem na literatura clínica” e “o IGIF só olha para o preço”, afirmou, concretizando que, deste modo, “fica para os clínicos e administradores hospitalares a análise do que é a boa e eficiente prática clínica.”

Raquel Pacheco

Fonte: Observatório/DE/Novartis/FarmaNews

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