Na maioria dos casos, a doença de Parkinson ocorre devido a alguns factores externos que desencadeiam a morte dos neurónios produtores de dopamina, um neurotransmissor que ajuda a enviar mensagens entre as diversas áreas do cérebro que controlam o movimento corporal, permitindo ao organismo movimentar-se com uma coordenação estável. Quando a morte de neurónios produtores de dopamina atinge os 80 por cento, surgem os primeiros sintomas da doença.
Os cientistas já tinham conhecimento de que a alfa-sinucleínca, uma proteína chave do cérebro, desempenha uma função no desenvolvimento da doença de Parkinson. A alfa-sinucleína encontra-se por todo o cérebro – mas nalgumas pessoas a proteína agrega-se, o que provoca a morte das células produtoras de dopamina, que, por sua vez, faz com que a doença de Parkinson se desenvolva. Através desta nova investigação os pesquisadores descobriram que a própria dopamina actua na destruição das células que a produzem.
No processo que conduz ao aparecimento da doença, a dopamina é convertida num químico altamente tóxico denominado DOPAL. Utilizando tubos de ensaio, cultura de células e modelos animais, os cientistas descobriram que é este químico que faz com que a alfa-sinucleína presente no cérebro se agregue, o que por sua vez desencadeia a morte das células produtoras de dopamina e, consequentemente, a doença de Parkinson.
Actualmente o principal método de tratamento utilizado consiste na substituição da dopamina perdida quando ocorre a morte das células que a produzem. No entanto, esta nova investigação permite aos cientistas trabalhar em terapias baseadas em neuroprotectores que inibam a morte das células produtoras da dopamina.
“Acreditamos que este trabalho representa um avanço muito significativo na compreensão do complexo processo químico que dá origem à doença de Parkinson”, afirmou William J. Burke, professor de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Saint Louis e o principal autor do estudo publicado na revista “Acta Neuropathologica”.
“Pela primeira vez identificámos o químico que desencadeia os acontecimentos no cérebro que provocam a doença”, afirmou o investigador, salientando que estas “descobertas podem ser utilizadas para desenvolver terapias que possam efectivamente parar ou abrandar este processo“.
Tremor em repouso, lentidão dos movimentos, rigidez muscular e dificuldade de equilíbrio são os principais sintomas de uma doença que afecta, em Portugal, 1,5 em cada 1.000 pessoas. Esta patologia ocorre mais em homens do que em mulheres e predomina nos indivíduos brancos e essencialmente nas pessoas com mais de 50 anos, sendo que, nos últimos anos têm surgido cada vez mais casos da doença em idades inferiores.
Marta Bilro
Fonte: Science Daily, drugresearcher.com, Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, Medico Assistente.
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