O lançamento do “Stem Cells for Safer Medicines” (SC4SM ) ganha especial importância face à relutância que tem sido demonstrada pelas grandes farmacêuticas perante um possível envolvimento em investigações com células estaminais de embriões humanos, noticia o Financial Times. As empresas temem, especialmente, a reacção do mercado norte-americano, no qual a utilização de embriões humanos é controversa, pelo que nos EUA, o campo de investigação no ramo foi deixado a cargo das universidades e das empresas de biotecnologia.
De acordo com Philip Wright, director científico da Associação da Indústria Farmacêutica Britânica e também director executivo do SC4SM, espera-se que mais empresas se juntem ao programa de investigação. Esta é a primeira parceria internacional da indústria com o sector público centrada nas células estaminais de embriões humanos.
O projecto “demorou algum tempo a preparar devido às sensibilidades”, referiu Wright. ”Temos um sistema ético que diz que devemos apenas usar linhas de células estaminais embrionárias existentes [no banco de células estaminais do Reino Unido] e no próximo ano vamos ter um quadro de aconselhamento ético independente para prestar aconselhamento futuro”, acrescentou.
A primeira fase de um programa que deverá prolongar-se por cinco anos vai custar 1,4 milhões de euros, de um total de 14,3 milhões de euros disponibilizados para o projecto, e vai centrar-se na produção de células hepáticas. “O fígado é um órgão chave ao nível da toxicidade. É o caixote do lixo do organismo, que neutraliza e destrói as toxinas e dos fármacos”, justificou Ian Cotgreave, director do departamento de toxicidade molecular da AstraZeneca.
A toxicidade hepática inesperada é a principal causa de falha dos medicamentos durante os ensaios clínicos. Exemplo disso é o Exanta (ximelagatrano), um anticoagulante da AstraZeneca, que durante um ensaio clínico que avaliava o uso do medicamento em tratamentos de maior duração, provocou uma lesão hepática grave num doente.
O SC4Sm pretende financiar cinco projectos ao longo do próximo ano, com o objectivo de converter células estaminais embrionárias humanas em hepatócitos. Desta forma será possível testar o efeito de novos medicamentos no fígado humano com mais fiabilidade. O segundo alvo desta parceria são as células do coração.
Marta Bilro
Fonte: Financial Times, Pharmalot, Farmacia.com.pt.
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