terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Novo método permitirá diagnosticar cancro através de análise celular

Descoberta abre caminho a novas oportunidades de diagnóstico e tratamento

Segundo um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, as células cancerígenas são mais moles do que as células saudáveis. A diferença de plasticidade das células cancerígenas converte-se numa assinatura mecânica que poderá ser uma forma de detectar o cancro em testes clínicos, e também poderá ter aplicações na medicação personalizada.

Os investigadores, dirigidos pelo Professor James Gimzewski, demonstraram que as células do cancro, retiradas do fluido corporal de pacientes com cancro do pulmão, da mama e do pâncreas, são 70 por cento mais moles do que as células benignas. A descoberta, publicada na edição digital da revista “Nature Nanotechnology”, poderá dar lugar a novos métodos de diagnóstico.

Os investigadores utilizaram a nanotecnologia para diagnosticar se é provável que as células cancerígenas invadam o organismo, após terem descoberto que estas são mais moles do que as células normais. Quando o cancro metastiza, quando se espalha e invade outros órgãos, as células cancerígenas têm de viajar pelo organismo. Como as células necessitam entrar na corrente sanguínea, têm de ser muito mais flexíveis, ou moles, do que as outras células.

Os testes convencionais detectam cerca de 70 por cento dos casos nos quais as células cancerígenas estão presentes. Mas a equipa de investigadores relatou que o microscópio consegue distingui-las facilmente, representando uma das primeiras vezes em que os investigadores conseguiram pegar em células vivas de pacientes com cancro e utilizar a nanotecnologia para analisar quais eram cancerígenas e quais não eram. A equipa utilizou um Microscópio de Força Atómica para medir a consistência das células.

Ainda que os pacientes tivessem antecedentes clínicos muito diferentes, os diferentes tipos de células cancerígenas mostraram valores similares de rigidez, pelo que os estados de doença e saúde puderam ser identificados com clareza. Além disso, as células normais que pareciam similares às células cancerígenas puderam distinguir-se com esta técnica.

Contudo, antes que o método possa ser utilizado no âmbito clínico, serão necessários mais estudos para analisar a influência que as outras doenças existentes têm nas propriedades mecânicas das células normais e cancerígenas.

Os investigadores posteriormente irão explorar se estes tipos de análises de consistência podem ser utilizados para personalizar tratamentos para o cancro. Segundo um dos investigadores, existem terapias de quimioterapia standard, mas a resposta varia de paciente para paciente.

Se os investigadores conseguirem testar as células cancerígenas antecipadamente, poderão potencialmente utilizar fármacos e terapias que possam tornar as células mais duras, fazendo com que seja mais difícil para as células doentes espalharem-se pelo organismo.

Isabel Marques

Fontes: www.azprensa.com, www.telegraph.co.uk

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