quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Investigador português descobre papel de determinadas gorduras na Alzheimer

Uma equipa de investigadores, liderada pelo português Ivo Martins, do Instituto Biotecnológico da Flandres, descobriu que determinadas gorduras podem activar no cérebro as placas de proteínas, ou placas neuríticas, características da Alzheimer, e que o metabolismo lipídico do paciente pode contribuir para o avanço da doença.

Segundo Ivo Martins, antes deste trabalho, que foi publicado na “The EMBO Journal”, as placas eram vistas como relativamente inofensivas, como a última etapa da doença, mas os investigadores descobriram que, na realidade, são “bombas-relógio” prontas a serem despoletadas ao interagirem com lípidos.

Até ao momento, pensava-se que as fibrilas, e as placas provocadas por estas, eram estáveis e que, uma vez formadas, não podiam transformar-se noutra estrutura. Os investigadores demonstraram que determinados lípidos, que aparecem no cérebro, podem desestabilizar as fibrilas e, por consequência, as placas típicas da Doença de Alzheimer. A acumulação da proteína beta-amilóide é responsável pela formação de placas que provocam a destruição de neurónios.

A investigação demonstrou ainda que são os componentes solúveis que provocam a morte dos neurónios, e não as placas insolúveis. Estes resultados identificam estes componentes solúveis protofibrilares como novos alvos para abordar a doença, e alertam ainda para o facto das placas insolúveis serem reservatórios de toxicidade que podem ser controlados.

A descoberta possibilita a criação novos métodos de combate a esta doença, especialmente no que diz respeito ao controlo do metabolismo lipídico e à neutralização da formação e toxicidade das protofibrilas.

Segundo o estudo, os distúrbios no metabolismo lipídico do doente têm o potencial para influenciar o desenvolvimento da doença, e pode ser a razão pela qual, muitas vezes, a extensão das placas insolúveis no cérebro de doentes com Alzheimer não corresponde à gravidade da doença.

O investigador Ivo Martins declarou que a equipa já está a trabalhar no próximo passo, isto é, na produção de novos fármacos e/ou anticorpos capazes de controlar as fibrilas neurotóxicas.

Isabel Marques

Fontes: Diário Digital, Público

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