quinta-feira, 12 de março de 2009

Fármacos para Parkinson podem despoletar sintomas de dependência

Os pacientes a receber tratamento para a Doença de Parkinson podem algumas vezes desenvolver comportamentos de dependência, como jogo patológico, devido ao excesso de utilização de agonistas da dopamina, o principal tipo de fármaco utilizado para tratar esta doença neurológica.

Os agonistas da dopamina, agentes que activam os receptores da dopamina no cérebro, incluem fármacos como o pramipexol, ropinirol, pergolida e bromocriptina, normalmente utilizados para a Doença de Parkinson e síndrome das pernas inquietas.

Contudo, o Dr. Alain Dagher, da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, referiu à Reuters Health que estes fármacos apresentam um risco muito definido de provocar distúrbios de controlo de impulsos e dependência, sendo que os médicos devem estar conscientes destes efeitos secundários e alertar explicitamente os pacientes que iniciam estes fármacos.

O Dr. Dagher e o Dr. Trevor W. Robbins, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, reviram as associações entre a dopamina e os distúrbios de personalidade dependente à luz dos modelos actuais de aprendizagem e dependência.

Os factores de risco destes distúrbios para os doentes com Parkinson incluem ser do sexo masculino, ser jovem na altura do diagnóstico, ter historial de abuso de álcool ou drogas, depressão e resultados elevados na categoria de personalidade que procura novidade, todos factores que também aumentam o risco de dependência na população geral.

Embora se tenha questionado inicialmente se os agonistas da dopamina realmente provocavam jogo patológico, existem agora evidências de que as terapias com dopaminérgicos no geral, e os agonistas da dopamina em particular, são os despoletadores de jogo patológico e outros distúrbios de controlo de impulsos na Doença de Parkinson.

Níveis de dopamina cronicamente baixos nos pacientes com Parkinson não tratada levam a uma personalidade com baixa procura de novidade e uma incidência de dependência reduzida. Por outro lado, o tratamento de substituição com dopaminérgicos aumenta a vulnerabilidade à dependência e aos distúrbios de controlo de impulsos.

O Dr. Dagher concluiu que, no que diz respeito aos pacientes com Parkinson, a resposta é simples: descontinuar o tratamento com agonistas da dopamina se o paciente desenvolver dependência.

Isabel Marques

Fontes:
www.reutershealth.com/archive/2009/03/10/eline/links/20090310elin028.html

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