quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Identificado papel-cheve de gene da metástase do cancro colo-rectal

Investigadores israelitas descobriram o papel-chave desempenhado por um determinado gene na metástase do cancro colo-rectal, aquele que é um dos tipos de cancro mais comuns no mundo ocidental e a segunda causa de morte mais frequente.

A maioria dos casos de cancro colo-rectal tem inicio em alterações numa proteína-chave, denominada beta-catenin, cuja função é entrar no núcleo das células e activar a expressão de um gene. Porém, ao acumular-se em excesso nas células, acaba por activar os genes inapropriadamente, conduzindo ao cancro. Avri Ben-Ze´ev e Nancy Gavert, do Departamento de Biologia Molecular e Celular do Weizmann Institute, em Rehovot, Israel, e os principais autores do estudo, revelam os resultados da investigação num artigo publicado no jornal “Cancer Research”.

Conforme explicam os investigadores, um dos genes activado pela beta-catenin - que já tinha sido previamente identificado pela equipa de Ben-Ze´ev como presente no cancro colo-rectal - codifica um receptor chamado L1-CAM. Este receptor é uma proteína usualmente encontrada nas células nervosas, desempenhando o papel de reconhecimento e mobilidade das mesmas.

Em pesquisas anteriores, Ben-Ze´ev tinha já observado que o gene L1-CAM poderia ter um papel importante na metástase, uma vez que aparece expresso em determinadas células situadas na frente invasiva do tecido do tumor. A nova investigação revelou que as células do cancro colo-rectal concebidas para expressar o gene L1-CAM se espalharam até ao fígado, o que não aconteceu com as células às quais faltava o L1-CAM.

Foi então que os cientistas resolveram comprar a expressão dos genes induzidos pelo L1-CAM em células cancerosas de 170 amostras de cancro colo-rectal (removido de pacientes) e em 40 amostras de tecido do cólon normal. Dos cerca de 160 genes induzidos pelo L1-CAM, perto de 60 estavam expressos no tecido canceroso, mas não no tecido normal. Ben-Ze´ev tem planos para conduzir mais pesquisas sobre a função destes genes.

Dados da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva indicam que em Portugal, morrem por ano cerca de 3000 indivíduos com cancro colo-rectal. Na Europa surgem, anualmente, 300 mil novos casos, 50 por cento dos quais morrerão em cinco anos.

A alimentação pobre em vegetais, legumes, frutas e cereais, consumo excessivo de gorduras, obesidade, sedentarismo, presença de pólipos (pequenas massas de tecido) no intestino grosso e casos de doença em familiares próximos são apontados como os principais factores que contribuem para o aparecimento da doença, que tende a surgir maioritariamente depois dos 50 anos de idade.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Diário Digital, Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva.

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