domingo, 21 de outubro de 2007

Farmácias queixam-se da falta de espaço para tantos produtos
Genéricos criam problemas de armazenamento


O exagerado volume de medicamentos genéricos disponíveis no mercado português, que não tem correspondência com a quota de mercado daqueles fármacos, que gira em torno de uns ainda pouco expressivos 18 por cento, constitui um dos mais graves problemas com que se defrontam as farmácias nacionais.

Descrevendo uma trajectória de crescimento exponencial ao longo dos últimos anos, o mercado dos genéricos criou um problema aos estabelecimentos de dispensa de medicamentos no que respeita ao armazenamento daqueles produtos. Segundo dados de uma lista da Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed), há determinados princípios activos que têm um número muito elevado de genéricos em comercialização, como é o caso da sinvastatina, indicada para a redução dos níveis de colesterol, que é usada em 319 medicamentos genéricos actualmente disponíveis no mercado farmacêutico nacional, em várias apresentações.
Fonte oficial da Associação Nacional de Farmácias disse à Agência Lusa que este será um dos maiores problemas com que se debate a rede nacional de farmácias, tendo em conta o facto de que não é possível ter sempre todos os genéricos indicados para um mesmo problema, razão pela qual muitas vezes não podem ser satisfeitos os legítimos anseios dos pacientes que procuram um determinado fármaco. Uma técnica de Farmácia de Cascais citada pela Agência Lusa explicou que, por motivos logísticos, nem sempre é possível ter numa farmácia todos os genéricos existentes para um mesmo problema de saúde.
Na base desta situação, que a Associação Nacional de Farmácias define como “preocupante”, estará, segundo declarações da fonte daquele organismo, o incumprimento, por parte do Estado, de uma parte do Compromisso para a Saúde, assinado entre o Executivo e a ANF a 26 de Maio deste ano. “Um dos pontos mais importantes e que não foi cumprido tem a ver com a necessidade de legislação que obrigue à prescrição por Denominação Comum Internacional, ou seja, por principio activo”, acrescentou a mesma fonte, segundo a qual, porque “o Estado não confere ao utente a possibilidade de escolher”, ele acaba muitas vezes por pagar mais.

Maior cobertura
De acordo com a lista do Infarmed, as 10 substâncias activas com maior valor de vendas no período acumulado de Janeiro a Agosto deste ano integram-se na área dos medicamentos para tratamento de doenças psiquiátricas, colesterol e problemas digestivos. Além da substância activa sinvastatina, que conta 319 apresentações de medicamentos genéricos, há outros princípios activos com grande volume de fármacos daquele tipo: a amlodipina (241), a risperidona (237), a ciprofloxacina (231), a sertralina (225), o lansoprazol (204), a pravastatina (170), o omeprazol (136), a fluoxetina (104) e o ácido alendrónico (75).
Um cenário que merece críticas por parte do Infarmed, que defende a necessidade de uma maior cobertura dos genéricos em termos de áreas terapêuticas, em vez da actual proliferação de fármacos sem marca comercial em tão poucas áreas, apesar de reconhecer que já existem genéricos para a maioria das patologias, designadamente para as mais importantes.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

1 comentário:

ptcp disse...

Mais um excelente artigo. Bom trabalho.