sábado, 24 de novembro de 2007

Investigação portuguesa revela novo leque de possibilidades
Monóxido de carbono pode ser antibiótico


A elevada capacidade que demonstra para exterminar bactérias, mesmo as que se revelam mais resistentes aos medicamentos, confere ao monóxido de carbono uma propriedade que poderá transformá-lo num antibiótico. Um estudo desenvolvido na Universidade Nova de Lisboa reconhece que essa poderá ser ainda uma realidade longínqua, mas considera que os avanços conseguidos no estudo alargam o leque de possibilidades…

De acordo com os resultados preliminares do estudo coordenado por Lígia Saraiva, não é por enquanto possível prever quanto tempo poderá demorar a concepção de um antibiótico à base de monóxido de carbono, gás a que até agora apenas tinham sido reconhecidas propriedades negativas em termos do seu impacto na saúde. No entanto, a investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da UNL diz que os avanços conseguidos até ao momento “representam apenas, por enquanto, um novo leque de possibilidades”. Nesta investigação foi demonstrado pela primeira vez que “o monóxido de carbono tem a capacidade de matar bactérias”, e isso ficou provado em relação a vários agentes, e em particular no patogénico Estafilococos (bactéria que se tem assumido como um desafio constante para a Medicina, porque se agrega em pequenas colónias de células que aderem a outras, encadeando-se em pares ou cachos), presente nas narinas de cerca de 30 por cento da população, ainda que saudável, e tem vindo a desenvolver um nível preocupante de resistência aos antibióticos convencionais.
Recordando que o próprio organismo humano produz monóxido de carbono, ainda que em quantidades insuficientes para permitir a destruição das células afectadas por bactérias, Lígia Saraiva explica que “os compostos libertadores de monóxido de carbono tem a capacidade de penetrar nas paredes celulares e só quando estão no seu interior libertam o gás, de uma forma controlada”. Na investigação apresentada pela cientista de Lisboa foram utilizadas concentrações de CO superiores àquelas que são produzidas pelo organismo humano, mas não tóxicas. A descoberta abre a porta a novos tratamentos e medicamentos, capazes de contrariar a resistência que algumas bactérias desenvolveram em relação aos fármacos já existentes. A breve trecho, avançou, a empresa farmacêutica que detém a da patente dos compostos usados neste estudo pretende iniciar a realização de testes em animais. O estudo português, que envolve ainda os investigadores Carlos Romão, João Seixas e Lígia Nobre, será publicado na próxima edição da revista internacional «Antimicrobial Agents and Chemotherapy», com saída agendada para Dezembro.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, Boa Saúde

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