sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Fármaco promissor para a distrofia muscular em desenvolvimento

Investigadores holandeses desenvolveram um fármaco que poderá eventualmente ser utilizado para tratar crianças com um tipo grave e fatal de distrofia muscular. Nos primeiros testes em humanos, um estudo de segurança com apenas quarto rapazes, o fármaco permitiu aos pacientes produzir uma proteína muscular essencial, a distrofina, que está em falta na distrofia muscular de Duchenne, uma doença genética.

Apesar de não ter sido produzida uma quantidade suficiente da proteína para ajudar os pacientes, a presença de alguma dessa proteína foi considerada prova de conceito, significando que a experiência tem o potencial de funcionar e que vale a pena prosseguir.

O fármaco essencialmente escondeu ou bloqueou o defeito que impede que a distrofina seja produzida, permitindo às células saltar a falha e produzir distrofina. A proteína resultante não era 100 por cento normal, mas os investigadores pensam que pode ser suficiente para fazer com que a doença seja significativamente menos grave.

O fármaco experimental, denominado composto “antisense”, actua ao anular os efeitos de determinadas mutações genéticas. Estes tipos de fármacos estão a ser estudados para tratar o cancro, doenças cardíacas, infecções e outras doenças.

Apesar de ser promissora, a investigação ainda tem um longo caminho a percorrer. Cada um dos quatro rapazes, com idades entre os 10 e os 13 anos, recebeu apenas uma injecção num músculo da perna, não tendo sido verificados efeitos adversos.

Contudo, são necessários ensaios maiores e mais longos com doses muito mais elevadas, administradas sistemicamente para que o fármaco chegue a todos os músculos, para testar tanto a segurança como a eficácia. Caso o tratamento resulte, terá de ser administrado regularmente, e durante toda a vida.

Contudo, segundo Gert-Jan B. van Ommen, chefe do centro de genética humana do Centro Médico da Universidade de Leiden e autor do relatório publicado na “The New England Journal of Medicine”, ainda se está a anos de distância da primeira aplicação do fármaco.

Os fármacos antisense actuam no RNA (ácido ribonucleico), uma molécula que ajuda as células ao produzir proteínas necessárias. O RNA é semelhante ao ADN que forma genes, e ajuda a cumprir as instruções codificadas no ADN.

Os fármacos antisense são na realidade uma forma sintética e quimicamente alterada do RNA que se liga ao RNA real e bloqueia partes deste.

A doença de Duchenne é a forma mais comum de distrofia muscular nas crianças, com cerca de 250 mil casos em todo o mundo. A doença afecta rapazes que geralmente necessitam de cadeira de rodas pelos 12 anos e morrem entre os 20 e 35 anos, devido a problemas respiratórios e cardíacos.

Isabel Marques

Fontes: www.nytimes.com

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente artigo! A todos os níveis.