quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

GSK desiste de ensaios clínicos em Portugal devido a burocracia e lentidão

A GlaxoSmithKline (GSK) vai deixar de realizar ensaios clínicos em Portugal, devido à burocracia e à lentidão dos processos de autorização, o que faz com que a multinacional britânica, a segunda maior farmacêutica do mundo, prefira outros países europeus, segundo noticia o Diário Económico.

A GSK vai finalizar os ensaios que estão a decorrer até ao final de 2009, e posteriormente vai apostar em países mais fortes em investigação e desenvolvimento, com preferência para a Europa de Leste.

Segundo o Diário Económico, a equipa portuguesa de investigação clínica é composta por treze pessoas, sendo que seis empregados com elevadas qualificações deverão ser dispensados.

O director-geral da empresa em Portugal, Manuel Gonçalves, confirmou ao Diário Económico que considera que “o ambiente nacional não é favorável à investigação clínica”, realçando que existe “pouca apetência, pouco interesse e pouco reconhecimento por parte dos hospitais”.

De acordo com os dados da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), a entidade que aprova os ensaios clínicos em Portugal, existe uma quebra no número de novos ensaios clínicos a nível nacional. Em 2006 havia 173 novos processos, enquanto que no ano passado apenas houve 147 novos ensaios.

Segundo o presidente da Associação dos Médicos Portugueses da Indústria Farmacêutica, Luís Laranjeira, o nosso país é “muito pouco atractivo para a Investigação e Desenvolvimento.” Segundo dados da associação, em Portugal o tempo decorrido entre a assinatura do protocolo entre o hospital e a indústria, e o recrutamento do primeiro doente chega a ser mais do dobro, em comparação, por exemplo, com a Bélgica. Para além disso, o nosso país também não é atractivo a nível financeiro, devido aos custos envolvidos.

O vice-presidente da Administração Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Pedro Lopes, referiu ao Diário Económico que actualmente existe uma maior preocupação com a segurança dos ensaios clínicos, justificando assim a demora dos hospitais, que estão também preocupados com a questão económica dos ensaios.

Em Portugal, os ensaios clínicos mobilizam anualmente cerca de 15 milhões de euros, segundo os dados mais recentes da CEIC. A nível nacional, a área oncológica e as doenças do sistema nervoso central são as que envolvem mais processos de investigação clínica, seguidas pela oftalmologia, cardiologia, problemas respiratórios e doenças infecciosas.

Isabel Marques

Fontes: Diário Económico, Diário Digital

Sem comentários: