quinta-feira, 16 de abril de 2009

Antiepiléptico valproato durante a gravidez pode prejudicar função cognitiva do bebé

A utilização do fármaco anti-convulsivante valproato, ou ácido valpróico, durante a gravidez parece ter um impacto negativo e permanente no cérebro do bebé.

O Dr. Kimford J. Meador, da Universidade de Emory, em Atlanta, e colegas alertam que o valproato não deve ser utilizado com um fármaco antiepiléptico de primeira linha nas mulheres grávidas ou nas mulheres com potencial para engravidar, uma vez que os dados indicam que metade de todas as gravidezes não são planeadas.

De acordo com a Reuters Health, os investigadores estudaram 258 crianças cujas mães estiveram grávidas entre 1999 e 2004, enquanto tomavam lamotrigina, fenitoína, carbamazepina, ou valproato para a epilepsia.

A equipa do Dr. Meador descobriu que a utilização de valproato durante a gravidez estava associada a uma função cognitiva reduzida nas crianças com três anos.

Os investigadores publicaram na “The New England Journal of Medicine” que o Quociente de Inteligência (QI) médio das crianças expostas ao valproato era de 92, significativamente mais baixo do que QI médio de 101 das crianças expostas à lamotrigina, de 99 para aquelas expostas à fenitoína e de 98 das expostas à carbamazepina.

Contudo, os investigadores alertam que as mulheres não devem parar de tomar o valproato repentinamente se ficarem grávidas.

Num editorial publicado com o estudo, o Dr. Torbjorn Tomson, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, referiu que, enquanto a maioria dos defeitos congénitos graves podem ser detectados através de testes pré-natais, sendo que muitos podem ser tratados cirurgicamente com sucesso após o nascimento, as incapacidades cognitivas não podem ser testadas nem reparadas.

O Dr. Tomson relatou ainda que as mulheres com epilepsia devem ser aconselhadas sobre a importância de planearem as suas gravidezes, sendo que a discussão destas descobertas deve ser incluída no aconselhamento.

De acordo com o investigador, esperar até que a mulher esteja grávida para mudar entre fármacos antiepilépticos é provavelmente demasiado tarde para proteger o feto, porque mudar com segurança de fármacos antiepilépticos normalmente requer um período de meses, com a utilização de múltiplos medicamentos durante o período de transição.

Reduzir a dosagem de valproato para menos de 800 miligramas por dia pode ser uma opção, mas apenas depois de uma avaliação cuidadosa por parte do médico, dado que os riscos de convulsões não controladas devem ser ponderados em relação aos riscos da utilização do valproato.

Isabel Marques

Fontes:
www.reutershealth.com/archive/2009/04/16/eline/links/20090416elin022.html

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