sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Estudo indica que mudança do Lipitor para sinvastatina aumenta riscos cardiovasculares

Dados de um estudo observacional apontam para o facto de que os pacientes que trocaram de fármacos para a diminuição do colesterol, isto é, do Lipitor (atorvastatina), da Pfizer, para a sinvastatina, apresentaram um aumento de 30 por cento no risco relativo de eventos cardiovasculares graves, em comparação com aqueles que continuaram a tomar Lipitor.

Como parte da análise retrospectiva, os investigadores analisaram uma base de dados do Reino Unido que incluía registos de 11 520 pacientes que tomaram Lipitor durante seis meses ou mais, entre Outubro de 1997 e Junho de 2005, incluindo 2 511 pacientes que mudaram para sinvastatina, e 9 009 pacientes que continuaram com o fármaco da Pfizer. Os resultados demonstraram que existia um aumento de 43 por cento do risco de eventos cardiovasculares graves, incluindo ataques cardíacos, AVC, e determinados tipos de cirurgia cardíaca (como revascularização coronária), ou morte, para aqueles que trocaram para sinvastatina, em comparação com os que continuaram com o Lipitor. Contudo, não houve diferença em todas as causas de morte entre os dois grupos.

Uma análise secundária demonstrou que os pacientes que mudaram de fármaco tinham mais do dobro da possibilidade de descontinuar o tratamento, em comparação com os que se mantiveram com o Lipitor. As razões pelas quais o tratamento era descontinuado não estava disponível na base de dados, o mesmo acontecendo com as causas da mudança de fármaco, explicou a Pfizer. A companhia acrescentou ainda que os pacientes do estudo não foram randomizados para cada grupo, o que limita o significado dos resultados.

Segundo o autor principal do estudo, Peter Jan Lansberg, professor no Hospital Slotervaart, na Holanda, muitos médicos estão a trocar os pacientes para a sinvastatina devido ao facto das companhias de seguros norte-americanas e dos governos europeus estarem sob pressão para reduzir as despesas. Lansberg sublinhou ainda que não é benéfico fazer uma troca universal para as estatinas mais baratas. É necessário fazer uma distinção entre os pacientes que beneficiam com as estatinas genéricas e os pacientes de alto risco que têm a necessidade de uma terapia mais agressiva. Este estudo, que foi financiado pela Pfizer, foi apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia e também será publicado na “The British Journal of Cardiology”.

O Lipitor é o fármaco líder de vendas, tendo atingido valores de aproximadamente 13 mil milhões de dólares em 2006.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.pfizer.com

3 comentários:

ptcp disse...

No comentário à sua notícia de ontem, "Antidepressivo vilazodona apresenta resultados positivos em Fase III", já foi referido que é preferível usar o termo "aleatório" em vez de "randomizado".

ptcp disse...

Quandohá referênia a um medicamento comercializado fora de Portugal é importante referir o seu equivalente em Portugal. Neste caso, o Lipitor, é comercializado em Portugal pela Pfizer sob o nome comercial de Zarator.

Bom trabalho.

Isabel disse...

Só vi o comentário à notícia de ontem depois de já ter publicado este, mas vou passar a utilizar o termo "aleatório". E agradeço a chamada de atenção na questão dos nomes dos fármacos, pois foi falta de lembrança verificar esse ponto.
Obrigada.