sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Portugueses abusam dos anti-inflamatórios

SPG alerta para os riscos da auto-medicação

Mais de 800 mil portugueses consomem diariamente anti-inflamatórios, entre os quais 228 mil não têm prescrição médica para tal. A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia chama a atenção para a utilização excessiva destes medicamentos que pode provocar hemorragias, problemas gástricos, úlceras e, em alguns casos, a morte.

«Em Portugal andam a banalizar-se demasiado e as pessoas devem ser alertadas para os riscos. 50 por cento dos doentes que tomam anti-inflamatórios têm queixas digestivas e dez por cento úlceras» , afirmou Hermano Gouveia, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG). De acordo com o responsável, só em Coimbra, “80 dos cem casos de hemorragia em 2006 devem-se à toma de anti-inflamatórios” e “entre 5 e 10 por cento destes terminaram mesmo em morte”.

Este fenómeno, muitas vezes resultante da auto-medicação, está a preocupar a SPG. “A maioria das pessoas toma um anti-inflamatório para aliviar uma dor quando em muitos casos resolvia o problema com um paracetamol. Além disso, muitas pessoas aumentam a dose porque a dor não passa ou prolongam o tratamento e acabam por adquirir lesões do fígado. Para saber isso basta fazer uma análise clínica e ver as alterações registadas devido à toma deste tipo de medicamentos”, refere Hermano Gouveia.

Os anti-inflamatórios não esteróides, que podem ser adquiridos sem receita médica, são os protagonistas deste tipo de situações. Para o especialista, "os medicamentos estão cada vez mais disponíveis e, apesar de serem importantes, têm de ser orientados pelo médico. Muitas vezes nem chega perguntar ao farmacêutico, porque não sabe o resto dos medicamentos que a pessoa está a tomar".

O risco de efeitos secundários graves aumenta quando o doente toma estes medicamentos sem a supervisão de um médico, alerta Hermano Gouveia. Numa população envelhecida como é o caso da portuguesa, existem várias patologias que lhe estão associadas. “Se tem mais de 60 anos, toma uma aspirina para proteger o coração, cortisona e um anti-inflamatório, estão reunidos os factores de risco para ter graves problemas, por exemplo uma hemorragia digestiva ou falência do fígado, porque estes medicamentos potenciam os seus efeitos”, explicou o responsável.

O esclarecimento da terapêutica junto do médico é o melhor caminho para evitar este tipo de problemas. Porém, a solução passa também pela escolha do “paracetamol, que não é agressivo", de detrimento dos anti-inflamatórios (como a nimesulida, ibuprofeno, ácido acetilsalicílico).

Marta Bilro

Fonte: DN, Correio da Manhã, Infarmed.

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