terça-feira, 13 de novembro de 2007

Especialista alerta para a condição pré-diabética

Para demasiadas pessoas o diagnóstico da diabetes de tipo 2 chega como um choque. Talvez soubessem que tinham uma história familiar da doença, mas nunca pensaram que o mesmo lhes pudesse acontecer.

Na altura em que se assinala o Dia Mundial da Diabetes, são diversos os alertas para o aumento da doença que, segundo estimativas da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, afecta cerca de um milhão de portugueses, mas estando apenas 650 mil conscientes da doença.

O endocrinologista Jácome de Castro, do Hospital Militar de Lisboa, alertou para o facto dos pré-diabéticos, ou seja, as pessoas que apresentam maior probabilidade de desenvolver a doença, não receberem a atenção necessária, apesar de serem um grupo de alto risco, sendo por isso preciso ter atenção à fase de pré-diagnóstico.

Segundo o Dr. Jácome de Castro, "os pré-diabéticos, se não receberem o tratamento devido, correm o risco de desenvolver diabetes, o que aumenta o risco de doenças cardíacas e cerebrovasculares, as doenças que mais matam em Portugal".

O endocrinologista explicou ainda que a condição de pré-diabético envolve a ocorrência de alterações no metabolismo dos açúcares, o que deixa as pessoas numa condição "intermédia entre o estado normal e o estado de diabético". A denominada pré-diabetes pode ser diagnosticada através da medição dos níveis de açúcar no sangue em jejum, e da posterior comparação com “os valores que surgem em resposta a uma carga de açúcar padronizada”.

Antes das pessoas desenvolverem diabetes tipo 2, têm quase sempre pré-diabetes – os níveis de glicose no sangue são mais elevados do que o normal, mas ainda não são suficientemente elevados para serem diagnosticados como diabetes. Contudo, na pré-diabetes a glicose no sangue apresenta variações, e a condição caracteriza-se pela ausência de sintomas. Esta situação pode prolongar-se durante anos, podendo algumas pessoas vir a desenvolver diabetes tipo 2 num período de 10 anos. Investigações recentes demonstraram que alguns danos a longo prazo, especialmente no sistema cardíaco e circulatório, podem já estar a ocorrer durante a pré-diabetes.

O especialista defendeu ainda que através de um diagnóstico antecipado as pessoas vão ficando gradualmente mais conscientes dos riscos, mas é também necessário apostar na prevenção e na alteração dos estilos de vida, visto que o excesso de peso e a vida sedentária constituem as principais causas da diabetes de tipo 2. As pessoas em maior risco são aquelas com mais de 40 anos, com história familiar de diabetes, com excesso de peso e/ou que não praticam qualquer actividade física.

Contudo, é importante sublinhar que a pré-diabetes pode ser revertida. Estudos demonstraram que pessoas com pré-diabetes podem prevenir ou adiar o início da diabetes tipo 2 até 58 por cento, através de alterações no estilo de vida, que incluem perda moderada de peso e exercício regular. Para algumas pessoas, uma intervenção precoce pode realmente ajudar a “fazer marcha-atrás” na doença, restituindo ao normal os níveis elevados de glicose e eliminando o risco de desenvolver diabetes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que existam, a nível mundial, 185 milhões diabéticos, mas que apenas 40 por cento estão diagnosticados e tratados.

Isabel Marques

Fontes: Diário de Notícias, O Primeiro de Janeiro,
www.diabetes.org, www.tvi.iol.pt, www.medicosdeportugal.iol.pt

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