terça-feira, 13 de novembro de 2007

Membrana amniótica útil na reabilitação de queimaduras
Placenta pode salvar visão

Um oftalmologista do Instituto Penido Burnier, no Brasil, desenvolveu um método para a recuperação de lesões oculares provocadas por queimaduras químicas e cicatrizes na córnea, que podem ser corrigidas com um implante de células-tronco retiradas da placenta.

Em vez de ir para o lixo, onde invariavelmente são depositadas as placentas depois de concluído o trabalho de parto – e serão milhões os partos realizados todos os dias, em todo o mundo – a membrana amniótica (parte interna da placena) pode ser usada na reabilitação das lesões provocadas por queimaduras químicas, que representam sete a 10 por cento dos acidentes oculares no trabalho, e por cicatrizes na superfície do olho causadas por algumas doenças, que constituem igualmente uma importante causa de deficiência visual. A inovação no tratamento destes problemas surge agora no Brasil, onde o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto garante que aquelas doenças podem ser corrigidas através de implantes de células-tronco retiradas da membrana amniótica.
Pioneiro naquele procedimento cirúrgico, o médico de Campinas explica, em comunicado, que a “cirurgia permite recuperar até 70 por cento dos casos de queimaduras oculares, inclusivamente as decorrentes do contacto com produtos alcalinos como a soda cáustica, a cal e o amoníaco, substâncias que marcam presença na maior parte dos acidentes industriais ocorridos com homens dos 20 aos 40 anos de idade. O especialista assevera que é possível recuperar a visão, já que as células da membrana amniótica conseguem diferenciar-se das restantes e dão a possibilidade de criar tecido na superfície ocular, tendo também propriedades a nível anti-inflamatório e cicatrizante.
Uma investigação científica realizada em Taiwan concluiu que a membrana amniótica não tem capacidade para refazer a totalidade dos 216 tecidos do corpo humano, mas pode diferenciar-se e assumir o lugar de diversos tipos de células, sendo que, na área da Oftalmologia, a placenta “pode ser útil também na reconstrução de pálpebras, bem como na eliminação de inflamações pós-cirúrgicas e tumores, e ainda na conjuntivite, na penfigóide (doença auto-imune que ataca a mucosa dos olhos) e na alergia ocular de Stevens-Johnson, que pode causar cicatrizes na córnea”.
Queiroz Neto explica que depende do grau de destruição da superfície ocular o cálculo da taxa de sucesso da intervenção, mas frisa que “o implante de membrana amniótica é suficiente”. Quando a córnea não está em processo activo de necrose é associado o transplante de limbo, que pode ser retirado do próprio paciente (se apenas um olho tiver sido afectado pelo acidente que motiva a cirurgia), ou de um doador (no caso de ambos os olhos terem ficado lesionados nesse acontecimento).

Carla Teixeira
Fonte: e-mail do farmacia-press

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