quinta-feira, 5 de março de 2009

Dados sugerem que Intrinsa não é efectivo para distúrbio sexual feminino

Descobertas de uma revisão de ensaios clínicos sugerem que o adesivo transdérmico de testosterona Intrinsa, da Procter & Gamble, pode ser ineficaz a aumentar a libido da mulher e que a sua segurança a longo prazo é incerta.

O Intrinsa é utilizado para o tratamento de mulheres, a quem o útero e os dois ovários foram retirados, quando registam ausência de pensamentos sexuais e desejo sexual, o que lhes causa sofrimento. É utilizado em doentes que já se encontram a tomar um estrogénio (uma hormona sexual feminina).

Os investigadores, que reviram os estudos de avaliação do Intrinsa que envolveram cerca de 4 mil mulheres, levantaram questões relativamente aos critérios de selecção das participantes para o ensaio, sendo que algumas foram diagnosticadas com distúrbio do desejo sexual hipoactivo com base em questionários não verificados.

Os investigadores referiram na “Drug and Therapeutics Bulletin” que ensaios chave envolveram mulheres cuja menopausa foi despoletada por uma histerectomia e que não foram considerados casos envolvendo outras doenças físicas e mentais, que podem contribuir para um baixo desejo sexual.

Os investigadores descobriram também que, enquanto foram relatadas pequenas melhorias do desejo sexual em algumas participantes, um número significativo de mulheres que tomaram placebos também relataram melhoras.

O editor da “Drug and Therapeutics Bulletin”, Ike Iheanacho, comentou que as evidências publicadas até agora são baseadas em mulheres altamente seleccionadas e apenas demonstram pequenas melhorias nos parâmetros sexuais e amplas respostas ao placebo.

Adicionalmente, a maioria dos ensaios do Intrinsa duraram menos de seis meses, com taxas de efeitos secundários de cerca de 75 por cento em dois dos maiores ensaios. A segurança a longo prazo do tratamento é desconhecida, sendo que, por todas estas razões, os investigadores não podem recomendar o Intrinsa para mulheres com esta disfunção sexual.

A Procter & Gamble declarou que o adesivo foi estudado em ensaios envolvendo mais de mil mulheres com menopausa cirúrgica com desejo sexual baixo, o que lhes provoca sofrimento. O Intrinsa demonstrou aumentar significativamente a actividade sexual satisfatória, aumentar o desejo sexual e reduzir o sofrimento associado.

O fabricante declarou ainda que estes resultados foram estatisticamente significativos, em comparação com as mulheres tratadas com placebo, acrescentando que o fármaco foi bem tolerado nos ensaios.

A substância activa do Intrinsa, a testosterona, é uma hormona sexual natural que é produzida nos homens e, em menor extensão, nas mulheres. Níveis baixos de testosterona têm sido associados a um desejo sexual baixo, bem como a pensamentos e excitação sexuais reduzidos.

Nas mulheres cujo útero e ovários foram retirados, a quantidade de testosterona produzida desce para metade. O Intrinsa liberta testosterona através da pele, que entra na circulação sanguínea e assegura níveis de testosterona equiparáveis aos registados antes de o útero e os ovários terem sido retirados.

Isabel Marques

Fontes:
www.firstwordplus.com/Fws.do?articleid=CF112490CD064FE8B938A9EB62388495
www.emea.europa.eu/humandocs/PDFs/EPAR/intrinsa/063406pt1.pdf

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