terça-feira, 20 de novembro de 2007

Farmácias não cumprem número mínimo de farmacêuticos por estabelecimento

Na maioria dos distritos portugueses a média de farmacêuticos por cada farmácia é inferior a dois, o número mínimo estabelecido por lei. De acordo com o estudo ‘Recursos Humanos Farmacêuticos 1997-2006’, do Centro de Estudos da Associação Nacional das Farmácias (ANF), cujos dados foram divulgados esta segunda-feira, nos distritos de Portalegre e Beja regista-se a média mais baixa a nível nacional, com menos de 1,5 farmacêuticos por cada estabelecimento.

As farmácias do interior do país são as que mais sobressaem nas estatísticas no que diz respeito ao cumprimento do número mínimo de farmacêuticos nos seus quadros técnicos. Segundo explicou João Paulo Vaz, do Centro de Estudos da ANF, este factor poderá dever-se à falta de capacidade económica para cumprir a lei em vigor. “Existem farmácias que não comportam a obrigatoriedade de dispor de dois farmacêuticos porque não têm condições (económicas) para admitir nos seus quadros mais um profissional, como obriga a lei. São farmácias em meios mais isolados e em localidades que vão perdendo população”, afirmou o responsável citado pelo Correio da Manhã.

A esta condicionante acresce ainda o facto dos farmacêuticos proprietários de farmácias de regiões mais isoladas terem dificuldade em cativar profissionais mais jovens para se fixarem nessas regiões. Estes casos “terão de ser avaliados (pelo Governo) porque a legislação não é facilmente generalizável”, alertou o responsável.

A situação agrava-se ainda mais em algumas ilhas açorianas, como é o caso das Flores e de Santa Maria, onde há apenas um farmacêutico por cada farmácia.

Em 2000 existiam em Portugal 2552 farmácias, comparativamente às 2762 registadas em 2005. Face à recente aprovação da lei da propriedade das farmácias, deverão continuar a surgir novos estabelecimentos, chegando aos 3000 nos próximos anos. O novo panorama deverá criar diminuições nas margens de lucro, uma situação que as farmácias terão de enfrentar compensando noutras áreas “como a gestão de artigos, recursos humanos, compras e gestão do espaço da farmácia”, afirmou João Paulo Vaz.

Mulheres estão em maioria

Nas farmácias de oficina são as mulheres que estão em maioria, representando 80 por cento do número de profissionais. Os dados do relatório indicam que dos 6021 farmacêuticos que existiam em 2006, 4791 eram mulheres e apenas 1230 homens.

O número de profissionais farmacêuticos cresceu 58 por cento na última década, passando dos 3792 em 1997 para os 6021 em 2006. Os dados indicam ainda que tem vindo a diminuir a idade média dos farmacêuticos que trabalham nas farmácias, situando-se actualmente nos 41 anos, face aos 45 anos registados há dez anos.

Marta Bilro

Fonte: Correio da Manhã.

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