domingo, 8 de julho de 2007

Livro recupera estudos antigos sobre propriedades terapêuticas da cannabis
“Um medicamento seguro e versátil”


O consumo de cannabis parece relevar capacidades terapêuticas que a ilegalidade e o preconceito associados àquela droga não permitem explorar do ponto de vista médico e farmacológico. Um livro recentemente editado em Portugal vem recuperar conclusões de estudos antigos, que definiam a marijuana como um “medicamento proibido”…

Acabado de chegar às bancas com a chancela da Esfera dos Livros, «Marijuana, a medicina proibida», da autoria de Lester Grinspoon e de James B. Bakalar, é uma segunda edição, revista e aumentada, da obra que revolucionou o pensamento da comunidade científica relativamente àquela droga produzida a partir da planta da cannabis sativa, que tem presente na sua composição uma substância psicoactiva (o delta-9-tetrahidrocanabinol, THC). Geralmente a marijuana contém até oito por cento de THC, mas algumas variedades (cruzamentos entre a espécie Cannabis Sativa e Cannabis Indica) chegam aos 33 por cento.
Neste livro Grinspoon e Bakalar defendem o uso da cannabis com fins terapêuticos e apresentam alguns casos de sucesso, afirmando que “nos últimos anos tornou-se claro que a cannabis é um medicamento seguro e notavelmente versátil”, pelo que a edição agora publicada desenvolve mais detalhadamente a “análise científica e sócio-política das perspectivas de aceitação da marijuana pela Medicina”, incluindo os testemunhos de várias pessoas que se submeteram a tratamentos com a droga e obtiveram resultados que reputam como muito positivos, lamentando que o tema não seja mais vezes explorado pela imprensa.
Refutando alguns “disparates” que se dizem sobre a cannabis, os autores do livro agora lançado destacam o uso clínico da marijuana como um dos mais importantes e mais negligenciados efeitos que ela pode ter. “Se qualquer outra substância tivesse revelado potencialidades terapêuticas semelhantes, os profissionais e o público teriam mostrado muito mais interesse nela”, disse Grinspoon, médico e professor na Harvard Medical School. A primeira edição desta obra foi editada por ambos em 1971. Em 1993, um estudo da Universidade de Harvard examinou a eficácia da cannabis como medicação, mas até ao momento não há consenso nem estudos em grande escala sobre a sua alegada eficácia terapêutica.
Proibida nos Estados Unidos desde 1930 e no Brasil desde 1938, e tendo a ONU preconizado a interdição da sua comercialização em todo o mundo em 1960, várias têm sido as tentativas de a legalizar, suscitando protestos, nomeadamente a partir dos anos 80 do século passado. Em países como a Holanda, a marijuana é hoje de uso corrente e despenalizado, e há estados em que o seu uso terapêutico colhe o apoio da comunidade médica e da sociedade. Em Portugal a sua posse é tolerada em termos criminais, mas não é incentivada do ponto de vista médico.

Carla Teixeira
Fonte: contactos telefónicos

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