domingo, 29 de julho de 2007

Medicamentos para a diabetes aumentam risco de falha cardíaca

Uma classe de medicamentos utilizados habitualmente para tratar a diabetes tipo 2 pode duplicar o risco de falha cardíaca, segundo uma nova análise feita por investigadores da Wake Forest University School of Medicine.

Baseado numa revisão de estudos de pesquisa e relatórios de casos envolvendo mais de 78.000 pacientes, os autores concluíram que o risco de falha cardíaca pode ser até 100 por cento mais elevada em pacientes a tomar tiazolinedionas (o que inclui o Avandia e o Actos). Estes medicamentos são conhecidos por aumentar a sensibilidade à insulina. Os autores estimam que um paciente adicional com diabetes tipo 2 irá desenvolver uma falha cardíaca por cada 50 pacientes a tomar os fármacos por um período superior a 26 meses. Os autores põem a hipótese de que a retenção de fluidos causada pelos fármacos possa despoletar uma falha cardíaca nas pessoas mais susceptíveis.

O autor principal e professor assistente de medicina interna em Wake Forest, Dr. Sonal Singh, referiu que estes fármacos, só nos Estados Unidos, estão a ser utilizados actualmente por mais de três milhões de pacientes diabéticos, sugerindo que vários milhares poderão ser prejudicados.

No início deste ano, um dos fármacos desta classe, o Avandia, foi relacionado a um aumento do risco de ataques cardíacos e morte devido a causas cardiovasculares, como foi referido no farmacia.com.pt no artigo “Avandia aumenta risco de morte”, publicado no dia 22 de Maio.

A actual análise focou-se numa potencial relação entre os fármacos e a falha cardíaca, que é uma doença comum nas pessoas idosas e uma das mais dispendiosas para a sociedade. Os sintomas mais comuns incluem falta de ar e a incapacidade de fazer exercício, em alguns casos mesmo a dificuldade de andar pequenas distâncias.

Nesta análise, verificou-se que a falha cardíaca ocorreu igualmente tanto com doses baixas como elevadas destes medicamentos. De facto, a falha cardíaca ocorreu até em alguns pacientes que estavam a tomar doses abaixo das normalmente prescritas. O tempo médio para o início de ocorrências de falha cardíaca foi de 24 semanas após ter começado a terapia. A ocorrência de falha cardíaca vários meses após a iniciação do tratamento sugere um efeito de longo prazo dos fármacos, o que pode não ser evitado com doses baixas no início, afirmou o Dr. Singh. A reacção adversa não foi limitada aos mais idosos, um quarto dos casos ocorreu em pacientes com menos de 60 anos, tendo a falha cardíaca ocorrido igualmente em homens e mulheres.

A rotulagem de ambos os fármacos adverte contra o uso em pacientes com casos mais graves de falha cardíaca, prevenindo ainda acerca do aumento do risco de falha cardíaca se utilizado em combinação com insulina. Contudo, a actual análise descobriu que o risco não estava confinado somente aos pacientes a tomar insulina, e que ocorreu até mesmo em pacientes sem quaisquer factores de risco de falha cardíaca. Segundo o co-investigador, Dr. Curt Furberg, as descobertas sustentam os esforços da FDA para adicionar um aviso, chamado caixa negra (black box), à rotulagem destes agentes.

Os autores pediram uma pesquisa adicional para avaliar se existem diferenças entre os fármacos da classe e como gerir da melhor maneira os pacientes que sofreram falha cardíaca enquanto tomavam os fármacos.

Estes resultados foram publicados online em Maio de 2007 pela Diabetes Care e irão ser publicados em papel na edição de Agosto.

Isabel Marques

Fontes: Pharmalive

1 comentário:

Rui Borges disse...

Excelente artigo.

Correcção:

"espoletar" e não "despoletar".