terça-feira, 14 de agosto de 2007

Descoberto “esconderijo” do VIH

Vírus oculta-se nos gânglios linfáticos da região intestinal em doentes submetidos a tratamento contínuo

O vírus latente do VIH/sida esconde-se nos gânglios linfáticos da região intestinal e, nesta zona do corpo, os linfócitos não actuam como deveriam resultando, talvez, na falha do combate à doença. As descobertas foram feitas por investigadores franceses e podem trazer respostas a perguntas que pairavam, há anos, entre a comunidade científica.

Um estudo conduzido por cientistas do Instituto Pasteur e Instituto Nacional da Saúde e de Pesquisas Médicas (Inserm), em Paris, apontou o “esconderijo” do VIH/sida no corpo de pacientes submetidos a tratamento contínuo contra a doença: os gânglios linfáticos da região intestinal.

Detectado “defeito” nos linfócitos

De acordo com a investigação publicada na revista científica «Cell Death and Differentiation», os investigadores franceses ter-se-ão também apercebido de que os linfócitos (responsáveis pela defesa do corpo humano) não desempenham bem o seu papel naquele local, apresentando um “defeito” de sobrevivência. “Estes linfócitos, normalmente, deveriam ser capazes de controlar o vírus, destruindo as células infectadas, no entanto, estão a morrer precocemente”, explicaram, sugerindo que esta “má-formação” poderá ser a causa da falha no combate definitivo do vírus.

Para os cientistas, descobrir o local onde o vírus se esconde nos doentes infectados e tratados há mais de dez anos, e cuja carga viral chega a um ponto indetectável “foi o passo mais importante.”

Em declarações ao jornal «Le Figaro», Jérôme Estaquier, coordenador da investigação, explicou que o “reservatório profundo situa-se, fundamentalmente, nos gânglios mesentéricos, que drenam a região intestinal, e não nas placas Peyer, inclusivamente, nos indivíduos tratados que não possuíam partículas virais detectáveis no sangue ou nos gânglios periféricos depois de 10 anos de infecção."

Este avanço abre um novo foco das pesquisas que, segundo os investigadores franceses, “será fortalecer os linfócitos, chamados T CD8, e possibilitar que eles vençam o VIH no momento em que a carga viral se encontra escondida somente nos gânglios linfáticos intestinais.”

De referir que, em estudos anteriores os cientistas já deram um passo neste caminho, tendo identificado a molécula que pode ser a responsável pela anomalia dos linfócitos T CD8. Trata-se da TGF-beta, uma citocina imunossupressiva (proteína que baixa a imunidade).

Raquel Pacheco
Fontes: «Le Figaro»/«Cell Death and Differentiation»/Agência de Notícias da Aids

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