terça-feira, 14 de agosto de 2007

REPORTAGEM

Organização Mundial de Saúde tem registo
Maior transparência nos ensaios clínicos


O secretismo que normalmente envolve a realização de ensaios clínicos por parte dos laboratórios farmacêuticos tende a gerar desconfiança junto das populações, designadamente quando há notícias de acontecimentos inesperados e negativos associados aos testes com medicamentos em seres humanos. Na esperança de estancar esses receios, a Organização Mundial de Saúde criou um sistema de registo dos ensaios clínicos, e espera que agora, consumada a adesão da China e da Índia, haja maior transparência e confiança naqueles procedimentos.

A OMS pretende que, a partir de agora, as companhias farmacêuticas tenham de registar online os seus estudos com medicamentos, antes de arrolarem o primeiro participante, e durante o período de duração do ensaio clínico terão de fornecer informações sobre o mesmo, nomeadamente no que diz respeito ao número de participantes envolvidos e aos objectivos da análise. Fonte do Conselho Indiano da Investigação Médica (ICMR na sigla em inglês para Indian Council of Medical Research) explicou que a participação nacional na iniciativa da OMS foi possível graças à colaboração daquela entidade internacional com o Instituto Nacional de Estatísticas Médicas da Índia, acrescentando que, apesar de o registo de ensaios clínicos ser opcional, há cada vez mais jornais e revistas especializadas que não publicam os resultados de estudos que não tenham sido registados.
A partir do momento em que o ensaio de um medicamento em seres humanos for registado no sistema da Organização Mundial de Saúde, os seus promotores não só poderão dar conta dos resultados positivos que ele produza, como terão de revelar os menos bons, aumentando, nessa medida, o nível de transparência e de confiança das populações na comunidade médica e científica, bem como nas empresas do sector farmacêutico, que anualmente investem, em todo o mundo, cerca de 60 mil milhões de dólares em investigação e desenvolvimento de novos compostos químicos. A ênfase que as empresas colocam nessa actividade, bem como o crescente conhecimento de novas doenças, o aumento do conhecimento na área da biologia molecular e os progressos da informática que permitiram uma reprodução significativa de estruturas moleculares, tiveram como resultado uma progressiva capacidade de desenvolvimento de novos medicamentos e de novos sistemas de veiculação de fármacos, ampliando o seu uso.
Nessa medida, os ensaios clínicos surgem como mecanismo de regulamentação em que a indústria farmacêutica investe tempo e dinheiro no sentido de garantir aos cidadãos a produção de medicamentos seguros e de qualidade. Os ensaios clínicos são úteis para os médicos, na medida em que permitem o conhecimento dos tratamentos mais seguros e eficazes para as doenças que afectam os seus pacientes. Por esse motivo poderá ser importante uma maior divulgação sobre o modo como eles são elaborados e sobre os resultados que produzem. Não raras vezes um estudo motiva a realização de vários outros estudos, tendo em conta as conclusões a que chega, desencadeando uma sucessão de reacções e de novos dados que impulsionam os cientistas para novas perguntas e, mais importante, para cada vez mais novas respostas.
Os ensaios clínicos dividem-se em quatro fases: a primeira consiste na análise de parâmetros como a segurança, a tolerância e a eficácia do novo medicamento no organismo; nos ensaios clínicos de fase II é investigada a eficácia num número limitado de doentes, sendo o momento em que têm lugar os eventuais ajustes da dose administrada; os ensaios clínicos de fase III incluem já um número alargado de pacientes e servem para comparar o medicamento com outros já existentes no mercado, eficazes no tratamento do mesmo problema; os ensaios clínicos de fase IV realizam-se já no período em que o fármaco é comercializado, a fim de testar o seu comportamento e detectar possíveis novos efeitos adversos.

Carla Teixeira
Fonte: Business Line, investigação em diversos sites na internet

2 comentários:

ptcp disse...

Excelente artigo! A informação final acerca do que são ensaios clínicos é muito importante. Nesse parágrafo apenas mudei "primeira fase" para "fase I", pois é a forma como se estabeleceu a referência às várias fases dos ensaios clínicos.

Carla Teixeira disse...

Tem razão. Pensei nisso enquanto escrevia o artigo, mas optei por "primeira fase" para não ser repetitivo, embora entenda que é mais correcto como sugere. Obrigada