segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Famílias australianas processam Novartis e autoridade reguladora

Prexige poderá ter causado lesões hepáticas graves em vários doentes

Várias famílias australianas cujos parentes apresentaram lesões hepáticas graves após a toma de Prexige (Lumiracoxib) estão a processar a Novartis e a entidade reguladora governamental do país. Os queixosos alegam ter sido “tratados como cobaias”.

Peter Archer, cuja mulher faleceu em Fevereiro, quer ver esclarecido o facto da Administração de Bens Terapêuticos (TGA), entidade que regula os medicamentos e dispositivos médicos na Austrália, ter aprovado a utilização do Prexige no tratamento da osteoartrose, numa dose duas vezes superior àquela que é permitida noutros países, como é o caso do Canadá e do Reino Unido.

Elaine Archer faleceu vítima de uma falha hepática depois de lhe ter sido prescrita uma toma diária de 200 miligramas de Prexige durante quatro meses, enquanto aguardava uma consulta com o reumatologista.

As autoridades australianas retiraram o medicamento do mercado no mês passado, depois de terem sido registadas duas mortes e dois transplantes de fígado que se suspeita terem sido provocados pela utilização do fármaco.

Simon Harrison, sócio da empresa de advogados “Nicol Robinson Halletts”, explicou que os queixosos pretendem esclarecer porque é que a TGA autorizou a utilização da substância em dosagens de 200 e 400 miligramas em vez de apenas 100 miligramas, uma vez que os estudos internacionais deram conta de efeitos secundários, entre os quais eram mencionadas as lesões hepáticas. “Um dos nossos clientes referiu que [os doentes] foram tratados como cobaias. Estou totalmente de acordo”, acrescentou.

Um porta-voz da TGA afirmou que não existia qualquer investigação que indicasse que uma dose de 100 miligramas seria mais segura do que uma dose mais elevada. Por sua vez, uma porta-voz da Novartis negou que a empresa tivesse deliberadamente colocado os pacientes em risco.

Na sequência destes acontecimentos, a Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) emitiu, no final do mês de Agosto, uma circular informativa na qual foram impostas novas restrições à prescrição do medicamento em Portugal.

Marta Bilro

Fonte: The Age, Infarmed, Farmacia.com.pt.

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