quinta-feira, 15 de novembro de 2007

AstraZeneca em maus lençóis

Performance da empresa deverá ser a pior do sector nos próximos oito anos

A farmacêutica AstraZeneca enfrenta problemas graves, sendo que, ao longo dos próximos oito anos a performance da empresa deverá destacar-se como “a pior em todo o sector”, afirma um relatório da Dresdner Kleinwort.

As estimativas dos analistas indicam que, entre a actualidade e o ano de 2015, o laboratório deverá sofrer resultados negativos acentuados, com as vendas a atingirem um tecto máximo de subida inferior a 1 por cento, na melhor das hipóteses, podendo mesmo assistir a uma quebra de 3 por cento nas vendas de acordo com o panorama mais pessimista.

“Do nosso ponto de vista, o pior cenário possível não é animador, mas deve ser seriamente tido em consideração… [uma vez que tem] uma probabilidade de 50 por cento de acontecer”, escreveram os analistas no relatório divulgado no inicio desta semana.

Em declarações ao portal Outsourcing-Pharma.com a AstraZeneca escusou-se a comentar o relatório, dizendo apenas que “os analistas têm direito à sua opinião e vamos ter que esperar para ver”.

Os analistas dizem ter baseado as suas estimativas no risco eminente que paira sobre os três fármacos mais importantes da AstraZeneca, que em breve ficarão sujeitos à concorrência dos genéricos, uma situação motivada pela perda da protecção de oito patentes, ao longo dos próximos oito anos, de medicamentos de marca que actualmente representam 60 por cento das vendas da empresa.

“O cenário mais positivo assume que oito produtos estejam protegidos pela patente até 2015. O pior cenário prevê que as versões genéricas do Nexium (Esomeprazol) e do Seroquel (Quetiapina) possam surgir em 2008 e do Crestor (Rosuvastatina) em 2009”, referem os analistas.

O estudo manifesta também preocupação com o facto da AstraZeneca ter apenas oito produtos significativos em desenvolvimento, com lançamento previsto a partir de 2009. Entre estes, apenas metade foram considerados adequados pelos analistas para inclusão nas suas previsões financeiras.

Para além disto, o pior cenário traçado pelo relatório da Dresdner Kleinwort sugere também que um dos novos produtos da AstraZeneca, a Saxagliptina, pode não conseguir obter autorização de comercialização devido a falhas nos critérios de segurança. O produto não foi, por isso, tido em conta nas previsões de vendas dos analistas.

A Saxagliptina, que está a ser desenvolvida em conjunto com a Brystol-Myers Squibb, destina-se ao tratamento da diabetes tipo II e deverá estar pronta para ser lançada em 2009. No entanto, o Galvus (Vildagliptina), um inibidor da dipeptidil peptidase 4 rival, desenvolvido pela Novartis, revelou problemas de segurança para o fígado quando administrado em doses elevadas. Estes resultados podem representar uma ameaça para o medicamento da AstraZeneca devido à “extrema semelhança” entre os produtos.

Marta Bilro

Fonte: In-PharmaTechnologist.com, Outsourcing-Pharma.com, Infarmed, Farmacia.com.pt.

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