quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Investigadora portuguesa torna-se primeira galardoada ibérica com o Prémio europeu Eppendorf

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou hoje que, na próxima quinta-feira, a investigadora portuguesa Mónica Bettencourt Dias receberá o prémio europeu Eppendorf pelos seus estudos na área da multiplicação das células, tornando-se a primeira cientista da Península Ibérica a receber o galardão.

O Premio Eppendorf foi criado em 1995 e é atribuído anualmente a jovens cientistas europeus, com menos de 35 anos, como reconhecimento pelas suas investigações na área da biomedicina. A cerimónia de entrega do prémio vai decorrer na feira "Medica" de Dusseldorf, na Alemanha.

A investigadora demonstrou-se surpresa com a notícia, frisando que "na lista de vencedores anteriores estão nomes muito importantes" e que por isso nunca pensou ser escolhida.

A investigadora manifestou-se contente, não só pelo reconhecimento do seu trabalho, dos seus colegas e do Instituto Gulbenkian Ciência (IGC), mas também pela oportunidade de dar visibilidade internacional à ciência portuguesa.

"Hoje já se pode fazer muito boa ciência em Portugal" e este prémio vai contribuir para isso, considerou a cientista, que começou a estudar a multiplicação das células - um processo alterado nos tumores - como Investigadora Associada na Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde esteve cinco anos. Em Outubro de 2006, Mónica Bettencourt Dias iniciou o seu laboratório no IGC, onde tem desenvolvido o seu trabalho.

Desde o inicio do seu trabalho, a cientista portuguesa já identificou várias moléculas envolvidas na multiplicação das células, e desvendou alguns dos segredos do centrossoma, uma estrutura que regula o esqueleto e a multiplicação das células e que está frequentemente alterada no cancro.

Estas descobertas, que poderão levar a novos métodos de diagnóstico e de ataque no combate ao cancro, mereceram publicação nas mais conceituadas revistas internacionais da especialidade, como a "Nature", a "Science" e a "Current Biology".

As investigações em concurso são julgadas por um comité científico composto por quatro peritos na área e presidido pelo Director do Max Planck Institute for Molecular Cell Biology and Genetics, de Dresden (Alemanha). Entre os critérios de avaliação foram tidos em conta a criatividade, o trabalho apresentado, o significado dos resultados para a medicina e o significado dos trabalhos em relação à idade do candidato.

Mónica Bettencourt Dias havia sido recentemente distinguida com o prémio Pfizer de investigação básica 2007, que recebeu juntamente com Ana Rodrigues Martins.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

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