terça-feira, 25 de setembro de 2007

Futuro da indústria farmacêutica indiana depende da capacidade de inovação

Descoberta de fármacos e biosimilares são trunfos essenciais

O sucesso futuro da indústria farmacêutica indiana está dependente da sua capacidade para ultrapassar o excesso de confiança depositado nas produtoras de baixo custo e, ao mesmo tempo, estimular a inovação. Esta foi uma ideia apresentada por Satish Reddy, director de produção e operações da Dr Reddys, durante o discurso inaugural da Interphex. O responsável vê na descoberta de fármacos e nos biosimilares oportunidades particularmente relevantes.

“A inovação só começou a acontecer na Índia ao longo dos últimos anos mas é ela que vai comandar o verdadeiro valor do mercado do país”, afirmou o representante da farmacêutica indiana, durante o discurso de inauguração da Interphex, uma das mais importantes feiras de produtos farmacêuticos, que decorreu entre os dias 12 e 14 de Setembro, em Bombaim, na Índia, citado pelo portal Drugresearcher.com.

Actualmente, a Índia detém o domínio mundial sobre a produção de ingredientes farmacêuticos activos (APIs), uma vez que cerca de um em cada dois APIs têm origem naquele país asiático, e o mercado continua a crescer. Apesar dos bons resultados, esta indústria não deve assumir uma postura arrogante, defende Reddy. Isto porque, o responsável acredita que o domínio indiano neste sector só pode manter a sustentabilidade caso as empresas comecem a concentrar-se na inovação, e se transformem a si próprias de forma a oferecerem um serviço de descoberta de fármacos mais valioso do que os sistemas tradicionais.

A maioria dos produtores indianos de APIs concentra-se apenas em oferecer custos reduzidos, no entanto, segundo Reddy, os encargos dessas empresas crescem 30 por cento ao ano. A situação tende a tornar-se insustentável, visto que os custos logísticos são, por si só, já bastante elevados, e à medida que os salários aumentam e a rupia valoriza, o preço da competitividade no país vai sofrer um acréscimo rigoroso.

De acordo com Reddy, os biosimilares representam uma “enorme” oportunidade para a Índia aumentar o capital do país, mantendo a sua tradição enquanto foco central no sector dos genéricos. Até porque, o mercado global de medicamentos biotecnológicos apresenta uma tendência de crescimento que deverá subir dos actuais 43 mil milhões de euros, para os 70,8 mil milhões de euros em 2010.

“A Dr Reddy desenvolveu recentemente o primeiro anticorpo monoclonal biosimilar do mundo”, salientou. Este é outro dos sectores que Reddy acredita ser essencial para as empresas produtoras de APIs.

“As empresas precisam de começar já a pensar numa forma de encontrar o equilíbrio entre fazer investimentos elevados na inovação e ajudar a traçar o crescimento futuro, ao mesmo tempo que geram um crescimento das receitas a curto prazo, de forma a repartir os elevados riscos do mercado de desenvolvimento de fármacos”, afirmou Reddy.

As empresas indianas têm vindo a aumentar lentamente as suas colaborações com empresas multinacionais. As parcerias e acordos de cooperação em desenvolvimento e descobertas, bem como a prestação de serviços nesta área têm-nas colocado cada vez mais dentro deste sector de negócios.

Porém, existem ainda algumas barreiras que precisam de ser ultrapassadas. Há falta de especialistas no ramo da descoberta de fármacos, sendo que não há actualmente nenhuma empresa indiana com capacidade para suportar o processo completo que vai desde o desenvolvimento de um fármaco até à sua comercialização. Para além disso, há falta de institutos de investigação e financiamentos governamentais, escasseiam os talentos com especialização em áreas específicas, e são raros os líderes científicos, especialmente os que estão envolvidos em actividades de ponta, referiu Reddy. A este enunciado de obstáculos acresce ainda o facto do sistema de reforço de patentes estar ainda no início.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com, interphex.com.

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