terça-feira, 25 de setembro de 2007

Suplementos vitamínicos podem danificar células sadias

Estudo dinamarquês
sugere que uso
continuado potencia
risco de morte precoce

Os suplementos antioxidantes, compostos pelas vitaminas A, E e beta-carotene podem encurtar o tempo de vida. A conclusão é de um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Copenhaga e publicado no «Journal of the American Medical Association».

De acordo com a investigação – que analisou também estudos anteriores - o uso continuado de suplementos vitamínicos poderá potenciar o risco de uma morte precoce. Segundo explicaram os cientistas de Copenhaga “certas vitaminas consomem as moléculas radicais livres – uma defesa natural produzida pelo corpo - podendo danificar as células sadias.”

Estes investigadores acreditam que, afinal, estas alterações podem potenciar o risco de cancro ou doenças cardiovasculares: “Comprovámos que – se tomados com frequência - os três suplementos (vitamina A e E e beta-carotene) tinham entre 7% e 16% de probabilidades de encurtar a vida,” salientaram no artigo.

Houve, entretanto, especialistas renitentes sobre a ideia de que um antioxidante pudesse espoletar doenças cardiovasculares. Neste sentido, avaliaram o conteúdo dos suplementos, tendo constatado que, apenas as vitaminas C e de selénio não constituem qualquer problema para o consumidor, ressalvando ainda que, “as enzimas protegem 99% dos danos causados pela oxidação.”

Reticentes estão, também, os nutricionistas que, ao alegar um certo “nevoeiro” envolta dos verdadeiros benefícios destes suplementos, apontaram, por isso, como solução preferencial uma dieta equilibrada: “O corpo produz os seus próprios antioxidantes, um processo favorecido pelo exercício físico e por uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas.”

Estimando-se que, cerca de 20% da população europeia (adultos) e mais de 6% de portugueses, têm por hábito consumir estes complementos, o certo é que, a divulgação deste estudo poderá provocar grande turbulência num mercado onde estes produtos figuram há décadas.

Contactada pelo farmacia.com.pt, fonte de um laboratório farmacêutico nacional desdramatizou o estudo, manifestando-se apologista dos antioxidantes: “São um grupo de vitaminas, minerais, enzimas e outras substâncias que combatem os efeitos prejudiciais dos radicais livres de oxigénio, produzidos devido ao consumo de tabaco, álcool ou drogas, maus hábitos alimentares, stress, sedentarismo, exposição a produtos tóxicos ambientais e outros factores”, esclareceu, contrapondo que, “estas moléculas altamente instáveis são responsáveis pelo fenómeno conhecido como stress oxidativo, danificando as células e os genes, e favorecendo sim, deste modo, o envelhecimento precoce e o aparecimento de determinadas doenças.”


Raquel Pacheco
Fonte: Medscape/«Journal of the American Medical Association»/contacto telefónico

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