A investigação que deu origem a estes resultados baseou-se na realização de ensaios clínicos de grande dimensão após um período de acompanhamento de três anos. Um grupo de perto de 50 jovens portugueses, recrutados em Coimbra e no Porto pelo Instituto Português de Oncologia, participou no estudo.
Algumas investigações anteriores tinham já revelado a produção de anticorpos contra outras estirpes para além das que eram o alvo directo da vacina. A demonstração clínica, que envolveu cerca de 10 mil pessoas, veio agora comprovar essas suspeitas. A investigação, levada a cabo por Darron Brown, da Escola de Medicina da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos da América, e apresentada durante o “Annual Interscience Conference on Antimicrobial Agents and Chemotherapy”, revelou que a vacina preveniu cerca de 38 por cento das lesões uterinas pré-cancerosas. Os novos dez tipos de vírus em causa (31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) são actualmente responsáveis por cerca de 16 por cento dos casos de cancro do colo do útero em toda a Europa.
Porém, a duração da protecção da vacina levanta ainda algumas dúvidas. No caso dos tipos de vírus directamente visados pela vacina (responsáveis por 75 por cento dos casos de cancro), a protecção foi fixada nos cinco anos. No caso das outras estirpes a protecção fica-se pelos três anos. Relativamente ao caso mais recente da protecção cruzada da vacina, "a duração da vacina coloca-se com mais acuidade porque os níveis de anticorpos produzidos são significativamente mais baixos", explica Daniel Pereira da Silva, ginecologista do IPO de Coimbra e um dos médicos que participaram no estudo.
Nas estirpes 6, 11, 16 e 18, a vacina “é de uma eficácia extremamente elevada”, explica o especialista. Os últimos estudos, que dão conta dos efeitos da protecção cruzada, mostram ainda que, dentro do conjunto dos restantes dez tipos de vírus, ela é também particularmente eficaz contra as estirpes 31 e 45, chegando a prevenir até 45 por cento das lesões uterinas pré-cancerosas.
Apesar de estarem satisfeitos com os resultados, os responsáveis pela vacina reconhecem que o verdadeiro valor da vacinação reside na prevenção relativamente às quatro estirpes visadas, uma vez que a protecção cruzada é menor que a directa.
Actualmente estima-se que, a nível mundial, cerca de 630 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HPV. A transmissão do vírus é feita basicamente através do contacto sexual e a maioria das infecções por HPV desaparece sem tratamento.
Marta Bilro
Fonte: Diário de Notícias, SEGS, Farmacia.com.pt.
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