sábado, 23 de junho de 2007

Irene Silveira define rumo para o seu mandato na Ordem
Liberalização da propriedade das farmácias é o dossier mais urgente


A nova bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, eleita na passada quinta-feira no âmbito de um processo renhido em que acabou por conquistar 54 por cento dos votos, definiu como prioridade máxima para o seu mandato a intervenção rápida da OF no processo de liberalização da propriedade das farmácias, que o Governo vai legislar nos próximos seis meses.

Na entrevista que, durante o período de candidatura, concedeu ao farmácia.com.pt, Irene Silveira tinha já referido que aquela seria uma das grandes prioridades do seu mandato, a par da reformulação do esquema de revalidação da carteira profissional dos farmacêuticos, considerando que, apesar de a liberalização da propriedade das farmácias ser já um dado adquirido, que dificilmente o Governo aceitará rever, deve a Ordem dos Farmacêuticos intervir rapidamente junto da tutela, assumindo uma posição de abertura ao diálogo e de capacidade de negociação.
Primeira mulher a conseguir escalar até ao topo da classe, numa profissão em que o sexo feminino predomina, Irene Silveira rende Aranda da Silva, com quem trocou alguns amargos de boca durante a campanha eleitoral, por ter criticado o silêncio e o alegado atavismo do seu antecessor na defesa dos interesses dos farmacêuticos, designadamente na questão da liberalização da propriedade dos estabelecimentos de dispensa de medicamentos, que dentro de cerca de meio ano deverão poder ser detidos por qualquer cidadão, independentemente da sua formação, e não apenas, como até aqui, por farmacêuticos.
Feita a contagem dos votos expressos na quinta-feira, e confirmando a conquista da liderança da OF, Irene Silveira mostrou-se optimista nos resultados do que disse ser a sua “grande urgência” neste momento, asseverando que pretende manter um “bom diálogo com as autoridades, com o Ministério da Saúde”, e prometendo “uma atitude diferente da que assumiu Aranda da Silva, que ontem lhe passou a gestão do organismo que representa a classe farmacêutica em Portugal. À semelhança do que defendeu durante a campanha, e conforme declarou ao farmácia.com.pt, Irene Silveira preconiza a importância da formação profissional contínua, mas também a valorização da experiência diária integrada no acto farmacêutico.
A nova bastonária é ainda crítica da venda de medicamentos não sujeitos a receita médica “sem garantia e controlo efectivo pelo farmacêutico”, considerando que a decisão do Governo de disponibilizar aqueles produtos em grandes superfícies e parafarmácias foi “mal acompanhada pela OF, que não conseguiu contrapartidas político-profissionais”. A submissão das estruturas à desregulamentação do sector da Saúde, e em particular do sector farmacêutico, é “um pesado fardo”, de acordo com a catedrática da Universidade de Coimbra, que prometeu “denunciar tudo o que ponha em causa a saúde pública” e “defender as reais capacidades do farmacêutico”.
O diálogo com os estudantes de Farmácia e os farmacêuticos mais jovens, bem como a mudança dos serviços administrativos para uma sede com mais condições são outros objectivos de Irene Silveira, que anteontem conquistou a liderança da Ordem com 1621 votos, num total de 3056 eleitores, batendo a única concorrente, Filomena Cabeça, membro da direcção nacional cessante.

Carla Teixeira
Fontes: Agência Lusa, Irene Silveira

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