Quando e como fazer a medicação oral?
 A ideia generalizada de que os medicamentos administrados por via oral devem sempre ser tomados com o estômago cheio está profundamente errada. Embora haja fármacos cuja acção é potenciada nesse cenário, por ser nele que ocorre a absorção máxima, ou que afectam menos o aparelho digestivo se ingeridos sem a presença de alimentos, há outros casos em que essa atitude pode ser muito prejudicial para o doente. O mesmo se passa com os horários de administração do tratamento, que podem ter uma importância crucial ou pouco significativa.
A ideia generalizada de que os medicamentos administrados por via oral devem sempre ser tomados com o estômago cheio está profundamente errada. Embora haja fármacos cuja acção é potenciada nesse cenário, por ser nele que ocorre a absorção máxima, ou que afectam menos o aparelho digestivo se ingeridos sem a presença de alimentos, há outros casos em que essa atitude pode ser muito prejudicial para o doente. O mesmo se passa com os horários de administração do tratamento, que podem ter uma importância crucial ou pouco significativa.A leitura das indicações terapêuticas constantes no folheto incluso é, também por isso, fundamental. Nela deverão ser explicadas as circunstâncias em que cada medicamento deve ser tomado, e os cenários em que a sua acção máxima é espoletada. Em alguns o efeito é melhorado se forem tomados antes das refeições, porque são inactivados pelos alimentos, noutros se forem tomados em seguida, porque nessa altura o estômago está protegido contra possíveis efeitos irritantes. A anotação dos horários e das condições em que determinados medicamentos devem ser administrados, designadamente quando o mesmo doente está a ser submetido a vários compostos químicos, poderá ser útil para melhor coordenar a toma e potenciar os seus efeitos positivos. No caso da azitromicina, por exemplo, a administração do antibiótico depois de uma refeição fará com que o seu efeito seja retardado.
Há também o risco de determinadas substâncias interagirem entre si ou com alimentos com que sejam ingeridas, adulterando o que deveria ser o efeito de cada uma delas no organismo do paciente. É o caso do leite, que muitas vezes se pensa poder ser útil para proteger o estômago da acção de um medicamento com características mais agressivas para aquele órgão, mas que pode, pelo contrário, inibir a acção de fármacos como, por exemplo, a tetraciclina, que perde eficácia se administrada com leite. A toma conjunta de antibióticos derivados das penicilinas (amoxicilina e ampicilina) e contraceptivos também é incorrecta, podendo comprometer a protecção do anticoncepcional, abrindo caminho a uma gravidez indesejada, e nos casos mais graves pode mesmo provocar hemorragias vaginais mais ou menos intensas.
Um simples descongestionante nasal pode igualmente causar problemas graves se for associado a um antiespasmódico, porque alguns aumentam o ritmo cardíaco e podem causar paragens do coração. Os tratamentos contra a hipertensão também não podem ser associados com anti-inflamatórios, sob pena de terem a sua eficácia reduzida. É o caso do Captopril, por exemplo, mas também de muitos outros medicamentos. Também a toma simultânea de antibióticos e diuréticos ou anti-ácidos pode potenciar uma perda de até 30 por cento no processo de absorção do antibiótico, reduzindo a sua eficácia. O papel do farmacêutico passa também por prestar estes esclarecimentos aos doentes no acto de aquisição dos seus medicamentos.
Carla Teixeira
Fonte: «A Gazeta»
 
 
1 comentário:
Excelente! Um artigo digno de uma farmacêutica.
Apenas dei mais algum protagonismo ao farmacêutico pois o folheto informativo gera mais confusões que certezas na maioria dos doentes.
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