segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Número de diabéticos aumentou 40% em sete anos

O número de diabéticos em Portugal cresceu 40 por cento desde há sete anos. Os dados resultam do 4.º Inquérito Nacional de Saúde e apontam para uma incidência da doença em Portugal de 6,5 por cento, entre 2005 e 2006, sendo que em 1998/9 a diabetes afectava apenas 4,7 por cento. Um aumento “substancial” que, ainda assim, é “subestimado”, considera o presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, Luís Gardete.

Esta é uma perspectiva que pode não espelhar a realidade do país já que o inquérito, realizado pelo INE e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, engloba apenas o total de diagnosticados. Assim, ficam por contabilizar os casos não diagnosticados que Luís Gardete acredita que possam ser 30 a 40 por cento o que, a confirmar-se, elevaria o número para perto de um milhão.

Apesar do aumento acentuado do número de doentes provocar alguma perplexidade, as causas deste acréscimo são bem conhecidas. "As pessoas não se mexem, são sedentárias e o tipo de alimentação tradicional, rico em fibras, foi substituído", diz o especialista em declarações ao jornal Diário de Notícias. O excesso de peso entre a população adulta, mas também em 30 por cento das crianças da sociedade portuguesa, é um dos principais factores que contribui para o surgimento da diabetes.

O envelhecimento da população tem igualmente influência neste aumento. "A partir dos 65 anos, entre 18% e 20% é diabética”, afirma Luís Gardete, acrescentando que tal facto “é natural”, isto porque “vive-se melhor, até mais tarde". Os médicos estão mais alerta relativamente à doença, apostando nos diagnósticos precoces e mais precisos. A incidência da doença não difere entre homens e mulheres, no entanto, a camada mais jovem da população preocupa o médico. "Há duas décadas não havia casos de diabetes antes dos 35 anos e agora já existem. Isto mostra que o panorama é grave", sublinha.

Apesar de haver uma maior sensibilização por parte dos médicos, em Portugal há falhas no que diz respeito ao diagnóstico precoce e à prevenção, afirma Luís Gardete Correia, também coordenador do Programa Nacional do Controlo da Diabetes. "Esta doença evolui silenciosamente, altera os vasos e é uma das principais causas de problemas cardiovasculares. Além disso, é a primeira causa de cegueira, insuficiência renal com recurso a hemodiálise e de amputações não traumáticas", alerta.

De acordo com o responsável a prevenção é crucial: "a prática de exercício e uma alimentação correcta podiam evitar 40% dos casos", salienta. Repartidos pelos internamentos, cirurgias ou medicamentos, os custos da doença representam 8 a 12 por cento do orçamento na área da saúde. Apesar das estatísticas da doença serem desanimadoras, nem tudo é negativo. Segundo afirma Luís Gardete, têm havido iniciativas capazes de contribuir para a detecção de muitos casos de retinopatia e para evitar cegueiras. Um dos exemplos foi uma campanha que fez circular carrinhas de rastreio no centro do país.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias.

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