segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Associações de apoio a doentes com HIV temem preço excessivo do Isentress

Activistas pedem à Merck que considere os problemas económicos dos doentes

Vários grupos que se empenham no combate à Sida estão preocupados com os custos do Isentress (raltegravir), o novo medicamento da Merck contra o HIV que deverá ser aprovado pela Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos durante este mês, e organizaram um protesto na internet. Os manifestantes exigem que a farmacêutica alemã “estabeleça um preço que lhe proporcione um lucro razoável sem piorar os problemas económicos enfrentados pelos doentes e por aqueles que pagam os medicamentos”.

“O preço deste tratamento terá um grande impacto em vários programas de saúde públicos, como a Medicaid, a Medicare, e o «AIDS Drug Assistance Program», uma vez que todos se encontram no limite dos seus esforços”, refere a declaração que a “União do Preço Justo” (Fair Pricing Coalition), colocou on-line. O movimento de associações, que manteve reuniões com a Merck, invoca também uma expressão famosa da autoria de Geroge Merck (um dos fundadores da farmacêutica): “Os medicamentos são pelas pessoas. Não são pelos lucros. Os lucros seguem, e se nos tivéssemos lembrado disso, eles nunca teriam deixado de surgir”.

Durante as reuniões com os activistas, a Merck terá aparentemente indicado que o preço do Isentress deveria ser equivalente ao de outros medicamentos semelhantes já disponíveis no mercado. Esta situação exaltou os ânimos, isto porque, a união de associações alega que “não basta que a Merck não estabeleça um preço superior ao dos populares inibidores da protease”, porque estes “são já demasiado caros”. Muitos dos pacientes com HIV precisam de mais do que um medicamento para combater o vírus, pelo que o preço final a cobrar pelo tratamento será muito elevado.

“Compreendemos a natureza do negócio e o interesse dos accionistas. A questão é como é que a Merck vai equilibrar as necessidades das pessoas com HIV, as limitações dos que pagam os medicamentos, e o interesse dos accionistas?”, referem os membros da “União do Preço Justo”. “Suspeitamos mesmo que possam haver pressões económicas especiais devido aos tumultos que a empresa tem enfrentado nos últimos anos. Mas esses factores não alteram de maneira nenhuma as pressões experienciadas pelos doentes e pelos que pagam os medicamentos, quer sejam entidades governamentais ou privadas”, argumentam. Nesse sentido, os activistas pedem que a Merck estabeleça o preço do fármaco de forma responsável e não se baseie nas médias de mercado.

Um preço inferior em menos de metade relativamente aos medicamentos da mesma classe será uma prova evidente de que “pelo menos uma empresa farmacêutica coloca as pessoas À frente dos lucros”, afirmam os responsáveis pela declaração.

Tal com foi noticiado pelo Farmacia.com.pt, a FDA garantiu prioridade de revisão ao Isentrss em Junho por considerar que o produto apresentava avanços potencialmente significativos sobre as terapêuticas já existentes.

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot, Farmacia.com.pt.

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