sábado, 28 de julho de 2007

Cientistas brasileiros analisaram 14 amostras biológicas
Identificada variante inédita do vírus da parotidite


Um grupo de investigadores do Instituto Adolfo Lutz, o maior laboratório público do Brasil, identificou uma nova variante do vírus causador da parotidite (papeira). A investigação, divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, permitiu a detecção do novo vírus em 14 amostras biológicas recolhidas entre Dezembro de 2006 e Maio deste ano em quatro municípios brasileiros.

Segundo Clélia Aranda, coordenadora do departamento do Controlo de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde, depois das fases de isolamento da cultura de células e da identificação por anticorpos monoclonais específicos, foi realizado um estudo molecular. As informações obtidas no âmbito da análise genética levaram os cientistas à conclusão de que as amostras isoladas constituíam um grupo de vírus que até ao momento não tinha sido identificado em qualquer outra parte do mundo. “São Paulo tem uma rede estruturada para identificar qualquer novo vírus circulante no Estado. Verificamos que havia algo diferente nestes casos, e o Lutz identificou o novo vírus”, afirmou a mesma responsável.
Os investigadores dos departamentos de Vírus Respiratórios e Biologia Molecular do Instituto Lutz, que nesta descoberta tiveram a colaboração do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, são unânimes na afirmação de que o novo vírus não representa motivo de alerta entre a população, porque os sintomas que causa são os mesmos das versões anteriores do agente causador da parotidite. Entre as pessoas acompanhadas nesta pesquisa houve algumas que adoeceram, o que a equipa de investigadores atribuiu ao facto de não estarem vacinadas, ou de terem recebido apenas uma das duas doses que a imunização prevê.
Em São Paulo não há registo de mortes por papeira desde 2004. Os investigadores acreditam que não há motivos para recear pela eficácia da vacina já existente, que tem sido utilizada com sucesso em todo o mundo. A parotidite é uma infecção viral aguda numa ou em ambas as glândulas parótidas. Caracteriza-se por um inchaço – que em 70 por cento das crianças atinge as duas glândulas –, febre (normalmente desaparece ao fim de três dias), dores com o tacto ou pressão, que pioram com a mastigação, mas que normalmente desaparecem ao fim de sete dias.

Tratamento
Causada pelo vírus paramixovírus, a papeira é típica da infância, mas pode afectar adultos que não tenham tido a doença enquanto crianças, ou que não tenham sido vacinados. Nestes casos pode originar meningites e doenças nos testículos e nos ovários, prejudicando a fertilidade futura, muitas vezes de forma irreversível. Nos países de clima temperado, como Portugal, a incidência da papeira é mais comum no Inverno e na Primavera. É altamente contagiosa, sendo transmissível através de espirros, tosse ou contacto directo com os doentes, mas a exposição só é relevante para quem não está protegido, por nunca ter tido a doença ou por não ter a vacina, cuja validade é vitalícia, independentemente da idade em que for feita a inoculação (que normalmente acontece na infância).
O tratamento para o alívio das dores e da febre é feito através da administração de medicamentos baseados em princípios activos como acetaminofeno ou ibuprofeno, sendo que a aplicação de compressas frias na região afectada podem igualmente ser positivas para dar mais conforto ao doente. A dieta também tem importância. É desaconselhada a ingestão de alimentos ácidos e de frutas cítricas, que aumentam a produção de saliva e, por conseguinte, favorecem um maior entumescimento das glândulas parótidas. Devem ainda ser evitados alimentos que requeiram processos exigentes de mastigação, e nos casos críticos, em que esta for muito dolorosa, será de pensar numa eventual dieta líquida.

Carla Teixeira
Fonte: BoaSaúde.uol, Wikipedia, Medicoassistente.com, Portal da Saúde Pública

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