terça-feira, 7 de agosto de 2007

Investigadores descobrem ponto no cérebro que desencadeia a febre

Investigadores norte-americanos descobriram um pequeno ponto no cérebro que desencadeia a febre em ratos. Compreender como este mecanismo funciona poderá levar ao desenvolvimento de medicamentos específicos para controlar a febre e outras doenças em humanos.

Quando as pessoas ficam doentes, os glóbulos brancos enviam sinais químicos, as citoquinas, para organizar a defesa do organismo. Estes mensageiros emitem uma mensagem aos vasos sanguíneos no cérebro para produzirem uma segunda hormona, a prostaglandina E2. Isto espoleta as respostas do cérebro durante uma infecção ou inflamação, explica o Dr. Clifford Saper, investigador da Harvard Medical School, em Boston, cujo estudo está publicado na revista “Nature Neuroscience”.

O Dr. Saper e os colegas queriam descobrir quais das células nervosas no cérebro geravam a febre. Para isso, utilizaram ratos de laboratório e eliminaram sistematicamente genes para os receptores específicos de EP3, uma parte do cérebro que é sensível à hormona prostaglandina E2. Muitas células no cérebro criam receptores EP3, o que o Dr. Saper pensa poder desencadear outros sintomas, tais como fadiga, perda de apetite, e fadiga associada a infecção. Os investigadores sabem que a prostaglandina E2 actua no hipotálamo, uma área do cérebro que controla as funções básicas tais como comer, beber, sexo e a temperatura corporal.

Em entrevista telefónica à Reuters, o Dr. Saper disse que descobriram que se se retirar o receptor EP3 deste ponto, que é aproximadamente do tamanho de uma cabeça de alfinete, deixa de se ter uma resposta febril. Os investigadores esperam que seja mesmo isto que se passa no cérebro humano.

Os actuais analgésicos, como a aspirina, actuam em todos os receptores de prostaglandina no corpo, mas também têm muitos outros efeitos, continua o Dr. Saper. Sabendo como encontrar e eliminar os receptores ligados à febre poderá ajudar ao desenvolvimento de fármacos altamente específicos que actuam num receptor específico. Poderá ainda levar ao desenvolvimento de fármacos que previnem a perda de apetite ou a fadiga associados a infecções. Por fim, poderá ser possível manipular esses circuitos com medicamentos, só sendo preciso saber quais dos circuitos estiveram envolvidos em cada uma destas coisas, acrescentou ainda o Dr. Saper.

Isabel Marques

Fontes: Saúde Sapo, Reuters

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