quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Benefícios da nicotina defendidos há mais de 500 anos
Tabaco dá origem a produtos farmacêuticos


A ideia de que o tabaco encerra alguns efeitos positivos para a saúde humana não é nova, sendo preconizada há mais de cinco séculos em vários contextos. Benício Albano Werner, presidente da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA), veio há dias a público argumentar que o uso medicinal da nicotina deverá, a breve trecho, tornar-se uma realidade.

No seguimento das notícias que deram conta dos alegados benefícios da utilização da marijuana no tratamento de diferentes patologias, que alguns países já puseram em marcha, o presidente da ITGA afirmou que também o uso medicinal do tabaco começa a tornar-se uma realidade cada vez premente, já que “todos os dias o fumo dá origem a vários produtos biofarmacêuticos, entre os quais constam a insulina, as hormonas, os anticorpos e diversas vacinas”. Contudo, acrescentou, “a quantidade utilizada, cerca de um milhão de quilos, ainda é muito pequena, quando comparada ao total de tabaco produzido em todo o mundo”, que em 2006 atingiu os quase sete milhões de toneladas.
Em meados do ano passado um cientista chinês tinha já asseverado que a nicotina não só não prejudica a saúde dos fumadores como pode inclusivamente ser usada no tratamento de doenças como Alzheimer ou Parkinson. Na base da convicção de Zhao Baolu, membro da Academia Chinesa das Ciências, figurariam os resultados obtidos em vários estudos, que o investigador vem desenvolvendo desde há duas décadas, que foram nessa altura divulgados em inúmeras publicações científicas, entre as quais o «Jornal Britânico de Farmacologia». Em experiências com ratos, o cientista chinês concluiu que os roedores a quem foram administradas doses de nicotina equivalentes a dois maços de cigarros fumados por um humano por dia se mostravam menos propensos a contrair problemas neurológicos.
Explicando que a nicotina actua como anti-oxidante, fornecendo aos neurónios uma espécie de blindagem e protegendo-os de outras substâncias que causam aquelas doenças, Zhao Baolu aferiu que “a nicotina não é tóxica”, frisando que a substância apenas tem um efeito viciante, como disse, em meados de 2006, numa entrevista à agência noticiosa espanhola Efe, negando qualquer ligação das suas investigações a supostos interesses das empresas tabaqueiras. “Não sou a favor de que se fume, porque há outros componentes do cigarro que prejudicam a saúde”, disse o chinês, apontando como exemplo o alcatrão, e pediu que os resultados do seu trabalho não sejam mal interpretados. “A ideia não é a de fumar para prevenir o aparecimento de doenças neurológicas. Trata-se de utilizar a nicotina, no seu estado puro, em doses calculadas e só em pacientes que precisem dela”, salientou.

Carla Teixeira
Fonte: InvestNews, Agência Lusa

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