quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Venda de medicamentos anti-retrovirais e oncológicos fora das farmácias hospitalares

Apifarma diz que preço vai aumentar

A Associação Portuguesa de Indústria Farmacêutica (Apifarma) diz que a venda de medicamentos anti-retrovirais ou oncológicos fora das farmácias hospitalares pressupõe um aumento no preço base da margem de lucro da distribuição, que se situa nos 27 por cento, e do IVA destes fármacos.

O presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, lembrou hoje que a indústria vende directamente aos hospitais ou centros de saúde sem margem de lucro quanto à distribuição, o que não acontece quando os medicamentos chegam às farmácias correntes.

"Ou as farmácias entregam os medicamentos sem essa margem ou terão que ser mais caros, porque aos 100 por cento do preço são acrescentados 27 por cento da margem de distribuição e mais o IVA", recordou.

A comercialização de medicamentos nas farmácias para a infecção HIV/Sida, artrite reumatóide ou cancro, que até agora eram apenas vendidos em farmácias hospitalares, está prevista para "dentro de alguns meses", confirmou o ministro da Saúde, Correia de Campos, e o presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), Vasco Maria, durante um colóquio no Parlamento.

Manuel Gonçalves, vice-presidente da Apifarma, lembrou que, no âmbito do trabalho de avaliação da dispensa de alguns medicamentos fora dos hospitalares, todas as associações de profissionais, com excepção da Associação Nacional de Farmácias, "não encontraram vantagens na venda de fármacos anti-retrovirais e oncológicos, pois não foram identificadas dificuldades de acesso a estes medicamentos".

"Esta não é apenas uma decisão política, mas também económica", lembrou Almeida Lopes, uma vez que o mercado dos medicamentos para a infecção HIV e patologias oncológicas representa 350 milhões de euros.

Por outro lado, os dirigentes da APIFARMA referem também que existem ainda questões fundamentais por resolver, dando como exemplo a possibilidade de haver menos avaliação/acompanhamento da toma dos medicamentos.

"Já há doentes infectados com Sida que se deslocam de Coimbra para Lisboa ou entre outras localidades para evitar o estigma social, por isso não vemos vantagens da distribuição deste tipo de medicamentos em farmácias. Para a indústria, esta venda não coloca qualquer problema, desde que não nos peçam para fazermos a distribuição", comentaram os responsáveis.

"Os medicamentos não podem ser vistos como custos, mas como investimentos e alternativas a outras intervenções, como os internamentos", referiu Manuel Gonçalves.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

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