quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Médicos pediatras reiteram críticas dos jovens diabéticos
Pela comparticipação da bomba de insulina


No seguimento de um primeiro apelo lançado, na última semana, pela Associação de Jovens Diabéticos de Portugal, no sentido da necessidade de comparticipação estatal dos tratamentos com recurso à bomba infusora de insulina, numa posição prontamente secundada por alguns médicos, agora são os pediatras que alertam para a urgência da medida.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica (SPEDP) manifestou a sua “preocupação” face a essa falta de comparticipação, insistindo na ideia de que a diabetes de tipo 1 é a doença mais prevalente entre as crianças do mundo desenvolvido. Frisando que, como tinha dito anteriormente ao nosso portal, “a terapêutica insulínica com bombas infusoras nas crianças e nos adolescentes com a doença é um método com inúmeras vantagens, Ana Fagulha enalteceu o menor risco de hipoglicemia, a maior flexibilidade no estilo de vida e o facto de aquele dispositivo permitir uma menor variabilidade dos valores da glicemia ao longo do dia, asseverando que, “se bem usada, a bomba permite um bom controlo glicémico”.
De acordo com a especialista “a melhoria no controlo da diabetes traduz-se numa menor incidência de complicações agudas e crónicas associadas à doença, como a cegueira, a insuficiência renal, a amputação de membros ou o surgimento de outras doenças, como as cardiovasculares”. Reiterando um dado que o farmacia.com.pt tem vindo a difundir com particular insistência nos últimos dias, que antecederam a celebração à escala global do Dia Mundial da Diabetes nesta quarta-feira, a médica que preside à SPEDP atestou que o tratamento com a bomba infusora de insulina está “indicado em todos os diabéticos de tipo 1, desde que sejam cuidadosamente seleccionados”, uma vez que “a determinação das glicemias capilares pelo menos quatro vezes por dia, a capacidade para lidar com os vários componentes técnicos da bomba, a motivação e o indispensável apoio dos pais, no caso das crianças, são premissas importantes” para o uso correcto deste equipamento.
Em comunicado a SPEDP reforça ainda a importância de o doente ser “seguido por uma equipa multidisciplinar, composta por um médico, um enfermeiro e um dietista ou nutricionista, com conhecimentos e prática na utilização da tecnologia”, sendo fundamental que paciente tenha acesso à equipa durante as 24 horas do dia. Ana Fagulha recorda que já existem, no nosso país, “alguns centros hospitalares com experiência neste método de tratamento em crianças e adolescentes”, e lembra que a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e Diabetologia Pediátrica, pretendendo o “aumento dos conhecimentos teóricos e práticos daquelas unidades de saúde, realizou o seu primeiro curso teórico-prático sobre bombas Infusoras de insulina na criança e no adolescente. A acção de formação teve lugar no passado dia 8 no Porto, tendo comparecido 14 centros hospitalares, cada um representado por três elementos do seu quadro de efectivos.
Salientando que “é objectivo da SPEDP implementar planos para uma actualização constante dos conhecimentos dos profissionais de saúde sobre aquele dispositivo, com o intuito de proporcionar às crianças e aos adolescente com diabetes de tipo 1 a assistência de elevada qualidade a que têm direito, para que possam ter uma boa qualidade de vida, a curto e a longo prazo”, Ana Fagulha lamenta que, no âmbito da sua prática clínica, os profissionais ainda esbarrem com os “graves problemas” que resultam do elevado custo das bombas e da exigência de um orçamento mensal para a aquisição dos seus componentes, frisando que, “infelizmente, nem todas as crianças e adolescentes que têm indicação para este método de tratamento podem beneficiar dele, porque sem sempre têm capacidades económicas”. É mais uma voz que se une ao coro de protestos pela falta de comparticipação deste tipo de tratamento…

Carla Teixeira
Fonte: Comunicado da Hill and Knowlton

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